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Um templo ante a modernidade

Por Gabriel de Campos A data, 27 de abril de 1940. O país preparava-se para mostrar ao mundo ser capaz de sediar o campeonato mundial que aconteceria dez anos mais tarde em seus domínios. O local, Praça Charles Miller, levava o nome do homem que trouxe, talvez, o único gosto comum à maioria dos brasileiros, …

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Por Gabriel de Campos

Imagem: Ari Ferreira/Lancepress!

A data, 27 de abril de 1940. O país preparava-se para mostrar ao mundo ser capaz de sediar o campeonato mundial que aconteceria dez anos mais tarde em seus domínios.

O local, Praça Charles Miller, levava o nome do homem que trouxe, talvez, o único gosto comum à maioria dos brasileiros, apresentando-lhes a pelota responsável por construir as histórias que o eternizariam.

Receberia, posteriormente, em seu título, o nome do advogado e empresário Paulo Machado de Carvalho, chefe da delegação da seleção brasileira em suas duas primeiras conquistas mundiais. O “Marechal da Vitória”, como era conhecido.

A avenida que dele se estica, as paixões que nele circundam, os momentos inesquecíveis de seu espaço convergiriam, ao longo dos anos, à sua direção.

Inaugurado sob os olhares de Getúlio Vargas, rodeado pelos protestos paulistanos alimentados pela Revolução Constitucionalista de 1932, em resposta ao movimento de 1930 que impediu o ex-governanador paulista Júlio Prestes de assumir o poder conquistado mediante voto popular. O governante máximo do país abria as portas do palco predileto de seus maiores opositores.

Símbolo do progresso, vangloriava-se de ser o maior e mais moderno estádio de futebol do continente à época, não só pela arquitetura que ostenta até hoje, mas pela maneira inovadora e prática com que acomodava milhares de espectadores. Deixava a metros da plateia os mestres do espetáculo.

Um templo sem dono que, logo em sua abertura, recebeu o desfile que concebeu ao São Paulo a alcunha de “O clube mais querido” do estado, o time que representava a oposição paulista ao governo Varguista. Espaço responsável por eternizar as Academias palmeirenses dos anos 60 e 70, sob a batuta do divino maestro Ademir da Guia. Palco das maiores glórias da torcida corintiana, desde o tento de 77 que encerrou o jejum alvinegro de conquistas ou da sonhada conquista da América de 2012. Onde o verde da grama se transformava em tapete vermelho para receber o Santos do Rei Pelé.

Um templo sem dono, mas a casa de todos.

Ao redor das quatro linhas, mais de quarenta mil pessoas atraídas pelo conforto de voltar à casa que nunca se altera, diante de um espetáculo único; dentro delas, uma história diferente a cada partida disputada, sacramentada a um conglomerado infinito de glórias.

O tempo trôpego, mas incessante, trouxe à sombra da modernidade a obsolescência. Subjugado às aclamadas arenas multiuso, perante a euforia de se sediar a Copa do Mundo de 2014, tornou-se uma resistência ao presente, uma ode ao passado.

Fossem apenas as glórias marcadas a cada palmo de concreto que o sustenta, ainda reservaria em seu interior a essência da memória que o consagrou, abrindo, em 2008, o Museu do Futebol, numa demonstração clara do que representa para o esporte, do que representa para a cidade de São Paulo.

Se esse estádio pudesse falar, teria uma história para cada torcedor que pisou suas arquibancadas, para cada locutor que já utilizou suas cabines, para cada jogador que já desfilou por seu gramado. Alegoria de paixões sem cores ou bandeiras, mas puras, de cada paulistano e paulistana, os verdadeiros donos desse patrimônio.

O meu, o seu, o nosso Pacaembu.

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