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Meu Pé de Laranja Lima traz um retrato terno da amizade

Meu Pé de Laranja Lima (Idem, 2013), filmado em duas fases, entre 2010 e 2011, chega só neste dia 19 de abril nos cinemas. Uma nova adaptação do livro homônimo José Mauro de Vasconcellos, o longa traz um cenário poético embalado por uma trilha sonora clássica, responsável por potencializar os momentos de maior emoção. Li …

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Meu Pé de Laranja Lima (Idem, 2013), filmado em duas fases, entre 2010 e 2011, chega só neste dia 19 de abril nos cinemas. Uma nova adaptação do livro homônimo José Mauro de Vasconcellos, o longa traz um cenário poético embalado por uma trilha sonora clássica, responsável por potencializar os momentos de maior emoção.

Li o livro aos 12 anos e chorei com a dor de Zezé. Aos 20, chorei mais uma vez, uma percepção da dor diferente, mais revoltada com as mazelas impostas à vida de tantos jovens garotos, mas ambas me despertaram para uma beleza que valeu o conhecimento da história.

Zezé (João Guilherme de Ávila, no filme) é um garoto pobre, de família grande – dois irmãos e duas irmãs -, que sonha em conhecer a cidade grande. Sabendo ser difícil realizar este desejo, o menino resolve criar por ele mesmo todos os lugares que deseja conhecer e o faz, imaginando.

No quintal de casa, o menino cria os cenários mais maravilhosos com a ajuda de sua árvore, um pé de laranja lima, o Minguinho, rejeitado pelos irmãos por ser a menor e mais feinha entre todas as outras. A amizade com a árvore compensa a tristeza de Zezé por ter deixado a antiga casa. O pai perdera o emprego e a família passa por grandes dificuldades financeiras. Como se não bastasse isso, ainda têm que conviver com um “menino que tem o diabo no corpo”, como insistem em dizer. Zezé passa a acreditar no que lhe falam, e assume essa personalidade de menino endiabrado. Prega peças, xinga as irmãs, briga com outras crianças na rua. Em um episódio, Zezé decide “morcegar” no carro do português Manuel Valadares (Zé de Abreu), o carro mais bonito e cobiçado da cidade. É pego e apanha do Portuga, a quem jura de morte. Este é o ponto onde tudo muda.

Portuga, na verdade, não é a criatura terrível criada pelo imaginário de Zezé. Quando ele se oferece pra levar o menino à escola, por o ver mancando depois de cortar o pé, Zezé percebe que na verdade ele é uma das melhores pessoas do mundo – e o inclui na sua listinha de pessoas boas que conhece, escrita à mão, em uma página de caderno velho. Nela estão também o irmão Luiz, para quem Zezé repassa o seu passarinho que canta dentro do peito, o bichinho responsável por permitir que o menino sonhe e crie tanto.

Eles desenvolvem uma amizade bonita, poética e emocionante. Portuga dá ao menino o amor que seus pais não conseguem lhe dar, tanto pela dureza da existiência, tornada ainda mais áspera pelos poucos recursos que têm, quanto pela falta de tato gerada por sua ignorância.

A atuação de Zé de Abreu claramente enaltece a participação do jovem João Guilherme no filme, as melhores cenas certamente partem desta dupla. E o ponto que será notado por todos os espectadores, mas ainda assim merece ser destacado aqui é a trilha sonora realizada por Armand Amar. Simples, clássica e emocionante. Contempla todos os momentos da trama: tristes, sofridos, mágicos, revoltantes e, claro, os mais bonitos.

Um velho Zezé (Caco Ciocler), agora já José Mauro de Vasconcellos, encerra a sofrida trajetória do pé de laranja lima e suas aventuras apresentando seu livro ao velho amigo Portuga. É uma bonita homenagem para alguém que sempre lhe pediu para não desistir de inventar e contar novas histórias.

O filme vale pelas cenas de descobrimento do menino, quando ele anda de carro pela primeira vez e sente a brisa bater no rosto. Por quando Portuga o permite morcegar, criando inveja em todos os outros meninos da escola. Pelos momentos de compaixão entre os irmãos e, principalmente, pelas as palavras sinceras do menino, que do jeito mais inocente possível consegue demonstrar a todos o quanto eles lhes são importantes e o quanto ele lhes quer bem, ainda que tudo que receba em troca seja duras palmadas. É um filme cheio de ternura, porque como diria José Mauro de Vasconcellos, “a vida sem ternura não é lá grande coisa”.

por Paloma Martinho Rodrigues
martinho.paloma@gmail.com

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