O Conde Drácula é, sem dúvidas, o vampiro mais famoso da história do cinema. Inspirado em um personagem real, ele ficou famoso após a publicação do livro Drácula, do irlandês Bram Stoker, em 1879. O autor do romance tomou como referência a história de Vlad, o Empalador, príncipe de uma região da Romênia durante o século 15.
Imortalizado pela sua crueldade e métodos de tortura contra seus inimigos, Vlad ficou com a fama de ser uma figura violenta e desumana – e seu epíteto vinha justamente de uma forma de tortura que consistia na introdução de estacas em oríficios dos corpos dos inimigos. Somando essa história a mais elementos tradicionais do folclore romeno, Stoker escreve o romance que desenha o perfil do vampiro, uma criatura solitária que se transfigura em morcego para atacar suas vítimas.
Após o sucesso do livro, Drácula se tornou personagem principal de diferentes veículos de comunicação e também uma referência quando se fala em cultura vampiresca. Ao longo da história, apareceu no cinema, na televisão, em jogos e em histórias em quadrinhos. No cinema, foi protagonista de mais de uma dezena de filmes que retratavam desde releituras do livro de Bram Stoker até um Drácula apaixonado numa comédia romântica.
Drácula no cinema
No início da década de 20 surge a primeira versão para o cinema. O filme nomeado de Nosferatu (Nosferatu, eines Symphonie des Grauens, 1922), de Friedrich Werner Murnau, foi baseado no romance de Bram Stoker, embora com nomes de personagens e lugares alterados, pois os herdeiros do escritor não concederam a Murnau autorização para realizar este filme.
O diretor foi processado por violação de direitos autorais, e a justiça ordenou que se destruíssem as cópias do filme. Contudo, algumas ficaram guardadas intactas até a morte da viúva de Bram Stoker, quando foram liberadas. O filme teve uma versão atualizada de Werner Herzog chamada Nosferatu – O Vampiro da Noite (Nosferatu: Phantom der Nacht, 1957). Nessa versão, as técnicas precárias de tomadas, figurinos e iluminação que caracterizam um ambiente inóspito, úmido e escuro tendem a representar o clima desconsolador que atingia Alemanha, economicamente falida em decorrência da Primeira Guerra Mundial.
Já em 1931, surge a primeira versão americana de um filme do Drácula, que é, inclusive, o primeiro filme a levar somente o nome do vampiro como título. Feita em preto e branco e dirigida por Tod Browning, essa versão foi baseada numa peça de teatro, inspirada, por sua vez, no livro de Stoker. Coube ao húngaro Bela Lugosi dar vida ao vampiro, com uma faceta elegante e aristocrática. Ainda hoje, essa imagem é frequentemente associada à figura do Conde, servindo de referência para as produções seguintes. Esse primeiro filme de Drácula tem hoje status de clássico do gênero do horror.
Quase três décadas depois, Drácula vira protagonista de mais um filme, desta vez produzido por um estúdio britânico e dirigido por Terence Fisher. A versão de 1958 dá início a uma série de filmes cuja temática principal é o vampirismo, produzida pela produtora Hammer. Essa sequência de oito filmes foi responsável por difundir tanto o gênero do horror quanto o personagem. Christopher Lee encarnou o vampiro em sete dessas produções, o que também serviu para consolidar sua imagem junto à de Drácula, talvez ainda mais que a de Bela Lugosi.
Nos primeiros anos da década de 90 surge a versão cinematográfica de Bram Stoker (Bram Stoker’s Dracula, 1992), de Francis Ford Coppola. Esta é a mais fiel adaptação do Drácula literário.
A versão de Coppola possui um cuidado minucioso quanto à escolha dos figurinos, cenários e efeitos especias. Contudo, deixa a desejar no suspense, já que a narrativa torna-se muito explicativa.
Apesar de estrelar majoritariamente filmes de horror, Drácula também já foi personagem de filmes com um viés mais voltado à comédia, como foi o caso de Amor à Primeira Mordida (Love at First Bite, 1979). Nesse filme, há um grande desprendimento da obra de Stoker e dos filmes anteriores, já que há o lado romântico do vampiro é explorado. Drácula se apaixona por uma top model e vai para Nova Iorque conquistá-la, enquanto o noivo dela tenta impedir que o vampiro morda a amada. Dessa vez, é George Hamilton quem representa o Conde, dando uma aparência mais de galã e menos sombria se comparada à figura dele nos filmes de terror. Na verdade, a atmosfera do filme toda destoa da imagem do vampiro tradicional – com um viés de comédia e algumas cenas, como a do vampiro numa discoteca, de caráter mais trash.
A disseminação do vampiro
O Conde Drácula pode ser visto como o responsável pela popularização da figura do vampiro no cinema e na televisão. Após o lançamento dos filmes do Drácula, outras produções exploraram diversas facetas dessas criaturas sombrias. A releitura mais recente é a saga Crepúsculo, que ao retratar vampiros inofensivos parte em direção oposta à proposta por Stoker.
Apesar desse novo lado, a figura da criatura sedenta por sangue encarnada no Conde Drácula é a mais famosa do gênero e ainda permanece viva no imaginário do público, dando espaço para mais produções. Em 2013, The Last Voyager of The Demeter, dirigida por Neil Marshall, trará Drácula novamente às telas do cinema, provando que mesmo depois de décadas ainda há mais maneiras de se pintar o vampiro.
Por Camila Berto Tescarollo
berto.camila@gmail.com
Por Bruna Alencar
bruna.alencar.santos@gmail.com