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Bia Ferreira vence luta final e é bi-campeã mundial de boxe

Pugilista baiana derrotou a colombiana Angie Valdez por unanimidade na final disputada em Nova Délhi, na Índia, e se tornou a maior vencedora brasileira da história dos mundiais de boxe; Bárbara Santos garante o bronze

Na manhã de domingo (26), Beatriz Ferreira, 30, disputou sua terceira final de mundial civil no boxe, diante da colombiana Angie Valdez, 32. A luta, válida pelo Mundial de Boxe de Nova Délhi, Índia, valia o bi-campeonato para Bia. Campeã mundial em 2019, em Ulan-Ude, Rússia, e vice-campeã em 2022, em Istambul, Turquia, a brasileira de Salvador também foi ouro no Pan-Americano de Lima, em 2019, ouro no Mundial Militar de Moscou, em 2021, e prata nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021.

A jornada até a final: mostrando por que é a número um

A trajetória de Bia ao longo do torneio foi de ampla vantagem em relação às rivais da categoria peso leve (até 60 kg). Na estreia, a soteropolitana criada em Juiz de Fora (MG) por seu pai, o ex-boxeador Sergipe, derrotou a australiana Danielle Scanlon (19), com ampla vantagem nos três rounds (assaltos). Nas quartas de final, a número um do mundo teve como rival a japonesa Ayaka Taguchi e venceu novamente por unanimidade. Já o duelo das semifinais, com a sul-coreana Oh Yeon-Ji, foi mais difícil. A luta começou equilibrada, mas Bia cresceu conforme os rounds foram passando e se classificou para a final tendo vencido os assaltos por 5 a 0, 4 a 1 e 5 a 0, respectivamente. O resultado já era histórico: jamais um atleta brasileiro tinha chegado a três finais de Mundial no boxe.

A adversária da brasileira na final foi Angie Valdez, colombiana de Barranquilla e número 20 do ranking da categoria meio-médio leve (entre 60 e 63,5 kg), que chegou à decisão após derrotar a chinesa Yang-Wen Lu na semifinal. Antes disso, ela já havia vencido a taiwanesa Shih-Yi Wu, vice-colocada do ranking mundial até 60 kg, na estreia. 

A final: a melhor pugilista do mundo é brasileira por unanimidade!

Na grande final, Beatriz Ferreira deixou clara sua superioridade desde o início: o primeiro dos três rounds de três minutos foi de muita agressividade da brasileira, que acertou três golpes potentes sobre a colombiana, incluindo um cruzado de esquerda por cima da mão da oponente. Na pausa de um minuto, ela foi para o corner conversar com seu treinador, Léo Macedo, muito mais tranquila do que a rival. A bancada de cinco juízes, todos de países diferentes (Cazaquistão, Tchéquia, Argélia, Coreia do Sul e Itália), deu a vitória a Bia por 10 a 9 de forma unânime. 

O segundo round foi mais equilibrado. Angie conversou com Luís Villarreal, seu treinador, e se valeu de golpes preparatórios e de sua envergadura para tentar ser mais ofensiva, enquanto Bia manteve as mãos baixas. No entanto, a colombiana não conseguiu deferir muitos ataques e acabou levando a luta a vários momentos de clinch. Ao final do assalto, Bia venceu novamente, desta vez com o voto de quatro juízes a favor e um contra.

Com a ampla vantagem conquistada nos rounds anteriores, o terceiro assalto foi perfeito para a baiana. A pugilista colombiana tinha a necessidade de ser mais ofensiva, algo que não tinha ocorrido até então. Esse cenário favoreceu ao jogo de contra-golpe de Bia, que se defendia com segurança. A brasileira acertou um cruzado e um direto em Valdez, além de um golpe na cintura — que não foi contabilizado, mas deixou a adversária no chão. Cansada, Angie não teve forças para se recuperar na luta, tampouco para reagir às provocações de Bia, que venceu também o terceiro round, novamente por unanimidade. Os placares da semifinal (5 a 0, 4 a 1 e 5 a 0) se repetiram e Beatriz Ferreira se tornou a primeira brasileira a vencer o mundial de boxe por duas vezes. 

No topo do mundo

Beatriz Ferreira começou a disputar a modalidade profissional recentemente, em paralelo à olímpica. No ranking olímpico de sua categoria, ela segue isolada na liderança e tem, agora, mais de mil pontos de vantagem em relação à segunda colocada, Shih-Yi Wu. Bia tem 4500 pontos, enquanto Wu soma 3300. Ela ultrapassou Robson Conceição (prata em 2013 e bronze em 2015) e Everton Lopes (ouro em 2011 e bronze em 2013) e é, agora, a brasileira com mais pódios em mundiais. 

Previsível. Beatriz Ferreira levou para casa não só o título mundial, como também o prêmio de melhor atleta do torneio. Ela tem, agora, 36 pódios em 37 campeonatos, sendo 31 ouros. [Foto: Reprodução/Instagram @cbboxe e @beatrizferreira60kg]

Bárbara Santos é bronze!

Não só Beatriz saiu da Bahia para levar uma medalha para casa no mundial da Índia. Bárbara Soares (32), em sua primeira disputa de mundial, chegou até as semifinais da competição na categoria até 70 kg e, com isso, garantiu a medalha de bronze. Bynha, como é conhecida, passou por Nikolina Gajić (SER) e Madina Nurshayeva (CAZ), antes de ser derrotada pela australiana Kaye Scott por meio de decisão dividida dos juízes.

O Brasil ainda teve mais representantes no torneio. Viviane Pereira (75 kg) parou na estreia, enquanto Caroline “Naka” Almeida (50 kg) e Tatiana Chagas (54 kg) caíram nas oitavas. Beatriz Soares (66 kg) e Jucielen Romeu (57 kg) foram derrotadas nas quartas em duelos com Janjaem Suwannapheng (TAI) e Irma Testa (ITA), respectivamente. Bia foi derrotada em decisão dividida, enquanto Juci caiu por unanimidade do juizado. 

Boicotes à competição

Como sempre, as competições esportivas não estão imunes às influências geopolíticas. O Mundial de Nova Délhi teve boicote de participantes de diferentes países ocidentais por permitir a participação de pugilistas da Rússia e de Belarus. Rashida Ellis (EUA), algoz de Beatriz Ferreira na final de 2022 e Kellie Harrington (IRL), campeã dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, são alguns dos grandes nomes que ficaram de fora. A reação se dá em meio à guerra travada entre Ucrânia e Rússia há mais de um ano, com a Ucrânia recebendo o apoio de grande parte dos países do Ocidente. Também não participou das lutas a kosovar Donjeta Sadiku, bronze em 2022, uma vez que a Índia não reconhece a independência do Kosovo em relação à Sérvia. 

Além disso, a organização do mundial de 2023 ficou por conta da IBA (Associação Internacional de Boxe Amador), que está suspensa pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) e não deve, portanto, organizar nem a classificação, nem a competição dos Jogos Olímpicos de Paris 2024. As entidades travam uma disputa nos bastidores. 

*Imagem de capa: Reprodução/Twitter @timebrasil

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