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Brasil: o patchwork cultural

Como a cultura do Brasil vem sendo formada pela colonização, globalização e miscigenação ao longo do tempo

“A cultura brasileira nasce da força e da identificação de seus criadores com a terra tropical: seus mitos, suas verdades e seus enfrentamentos. Por isso, nossa cultura se manifesta das formas mais diversas na defesa e descobrimento dos problemas e soluções para o país” – Aldo Moraes, compositor brasileiro 

O Brasil foi colonizado e ocupado por diversos países que o influenciaram, cada um com sua própria cultura. Algumas dessas influências foram diretas, a partir da colonização — com portugueses e franceses — e outras indiretas — com povos africanos que foram escravizados no território brasileiro. Dessa miscigenação entre povos indígenas e populações diversas, gerou uma mistura de comportamentos que se configuraram como naturalmente brasileiros e uma diversidade cultural expressiva, impulsionada pelo extenso território nacional e pelas particularidades de cada região.

Para o cientista social e professor de filosofia, Breno Carlos da Silva, uma questão muito importante para os brasileiros é justamente essa diversidade que existe enquanto sociedade. Mas, isso não significa que não haja relações de poder e ideológicas que vão se impor nesse processo de miscigenação cultural. Neste texto, serão apresentadas as conexões visíveis da cultura nacional com a estrangeira e como a globalização influenciou a visão que o brasileiro tem de si diante dos outros países. Além disso, com a grande diversidade do Brasil, qual a importância de um país ter a sua própria cultura?  

Colonizadores culturais 

A influência direta de outros países na cultura brasileira ocorreu por meio da colonização. Por isso, os países que estão visivelmente ligados com os costumes brasileiros são aqueles que ocuparam o território do Brasil por algum período. 

Primeiramente, a influência portuguesa é a mais visível, uma vez que até a língua nacional brasileira adveio de Portugal. O país europeu colonizou o Brasil de 1530 até 1822 e continuou governando-o após sua independência  —  pode-se dizer que o território brasileiro deixou de ser influenciado diretamente por Portugal somente em 1889, quando o Brasil tornou-se uma República. Festas típicas como as cavalhadas, a festa do bumba-meu-boi e o fandango são exemplos de festividades que foram introduzidas pelos lusitanos, as quais foram transpassadas por adaptações aos ideários dos neobrasileiros, que emergiram no momento da colonização e da ocupação portuguesa sobre o Brasil. Mas isso não retira a contribuição lusa ao fomento delas.

Além disso, o folclore brasileiro apresenta, também, a presença de crendices portuguesas. Histórias míticas como a da Cuca, do Bicho-Papão e do Lobisomem foram transmitidas pelos colonizadores. A contribuição portuguesa também tangencia a permeabilidade brasileira às tendências artísticas e culturais europeias. O renascimento, maneirismo, barroco, rococó e neoclassicismo são alguns dos movimentos artísticos importados durante a colonização portuguesa. Como a arte absorve muito do contexto social em que é produzida, as produções culturais brasileiras, mesmo influenciadas por outras nações, já delineavam sua própria identidade e configuravam documentos históricos de grande importância na atualidade, como pode se observar nas obras do escritor José de Alencar. No âmbito da culinária os portugueses tiveram presença marcante nas comidas  brasileiras. Um prato típico português que adaptou-se aos temperos e às incrementações brasileiras foi a bacalhoada.  

O prato acompanha o cotidiano do Brasil, principalmente na Sexta-Feira Santa, festa celebrada pelo catolicismo, religião herdada de Portugal. [Imagem: Divulgação/ Shutterstock]

A cultura espanhola dominou a maior parte dos países da América Latina, dentre eles, o Brasil, devido à proximidade territorial brasileira com as nações efetivamente colonizadas pelos espanhóis. No entanto, o país sofreu uma ocupação mais direta quando a Espanha passou a comandar Portugal, na chamada União Ibérica (1580 – 1640). A influência espanhola sobre a cultura brasileira é mais visível na culinária e na dança, em especial na região sul do país. Um prato típico e popular no Brasil, trazido pelos espanhóis, é a paella, feita à base de arroz, com paella, sal, azeite e restos presentes nas casas, além de itens coletados e caçados da estação. O tomate foi um incremento posterior. Entre as danças, a maior herdeira dos espanhóis e muito observada na região sul brasileira é o flamenco. 

O flamenco possui hoje mais de 4 gerações de artistas de origem brasileira. [Imagem: Reprodução/Carmel Nathan Sheli]

Além dos países ibéricos, a França também teve forte influência na cultura brasileira. Em 1555, os franceses tentaram ocupar uma pequena parcela do que hoje seria o Rio de Janeiro, mas foram expulsos do território em 1567. Depois disso, eles ainda tentaram ocupar uma região no Maranhão — mas essa tentativa durou apenas 3 anos, de 1612 a 1615. Durante a estadia de João VI no Brasil, ele contratou franceses para renovarem o Rio de Janeiro, capital do país naquele período. Embora a ocupação francesa no país tenha sido por um curto período, a autoridade da França como ícone cultural no mundo respingou também no Brasil, e, ainda hoje, é possível observar sua influência na cultura e na arquitetura brasileira. Imóveis com traços art noveau e art deco até hoje enfeitam a capital carioca.

O teatro municipal da cidade do Rio de Janeiro foi inspirado na Ópera de Paris. [Montagem: Arquivo Pessoal]

A Belle Époque foi o período histórico mais específico da influência da França, no âmbito cultural da sociedade brasileira. O próprio nome é em francês e pode ser traduzido para “época bela”. Nas grandes capitais do Brasil, como Manaus, grandes prédios eram construídos à estrutura francesa. Na arte, nas peças teatrais e na  ópera, a França tomava conta da boemia brasileira, a qual se deleitava em grandes festas à la parisienne, com roupas elegantes, desenhadas com base nos croquis franceses.  Nas padarias brasileiras também é possível perceber, até os dias de hoje, as influências herdadas dos franceses pelos diferentes tipos de pães e bolos, que foram quesitos gastronômicos que agradaram o povo brasileiro.

O gosto do brasileiro assimilou bem o croissant, em especial o de chocolate. [Imagem: Reprodução/ Skopp]

Por fim, vale ressaltar a influência holandesa. Entre 1630 e 1654, a região de Pernambuco foi liderada por holandeses. Assim, muitas características das construções do estado apresentam traços da Holanda, apesar de se terem passado muitos anos desde que essa ocupação ocorreu. Além disso, os holandeses influenciaram a literatura de cordel, as blasfêmias do folclore do açúcar, além de estar presente nas técnicas da confeitaria brasileira.

O chamado Recife Holândes (primeira foto) pode apresentar uma similaridade com a capital holandesa de a Amsterdam (segunda foto). [Montagem: Arquivo Pessoal]

 

Ocupações culturais

A influência indireta, por outro lado, se deu pelas populações que foram trazidas para o Brasil por conta da colonização, como as etnias africanas, e aquelas que migraram atrás de uma vida melhor. Ou seja, os que ocuparam o território brasileiro sem a intenção de dominá-lo. 

As etnias indígenas estão presentes no país antes mesmo da chegada dos europeus, essa população apresenta uma influência antiga sobre os comportamentos naturalmente brasileiros. Assim, embora seja a cultura mais deteriorada com o passar dos séculos, os conhecimentos dos indígenas ainda repercutem entre a sociedade atual. A formação linguística brasileira e o folclore do país, além da participação portuguesa, foi influenciada de maneira direta pelos povos indígenas. Contos como o do Iara e do Curupira, e termos como mandioca, capivara, mingau e catapora, são alguns exemplos. Na capital paulista, percebe-se de maneira recorrente a presença de palavras indígenas absorvidas no cotidiano através de nomes de bairros, como Butantã e Ipiranga. 

As capivaras estão presentes na América Central e do Sul. [Imagem: Reprodução/Rawpixel]

Além disso, o Brasil foi muito influenciado pelas etnias africanas. Os primeiros africanos escravizados chegaram ao Brasil em 1550, e a abolição do trabalho escravo só ocorreu em 1888. O contato com a cultura africana perdurou por muitos anos, mesmo após a abolição. Essa pode ter sido a terceira cultura mais influente no país, ficando atrás apenas de Portugal e das etnias indígenas. Um dos claros sinais da sua influência é a presença de religiões, descendentes das africanas, como o candomblé. Essa religião acredita na existência de um ser supremo e na vida após a morte, sendo baseada em cultos africanos que idolatram divindades ancestrais que personificam forças da natureza. Os orixás, deuses adorados pelas religiões africanas, são, geralmente, cultuados pela dança — a palavra “candomblé” significa “dança” ou “dança com atabaques”. Além disso, na língua portuguesa, a africanidade é notada principalmente no que tange ao léxico, por meio de expressões já consolidadas como quitute, quitanda e cafuné. A dança brasileira é demarcada, também, pela presença africana no Brasil. O samba de roda, a capoeira e o maracatu são alguns exemplos de estilos dançantes de  herança africana.

A capoeira surgiu como uma forma de resistência dos escravizados trazidos da África. [Imagem: Reprodução/ Marie-Lan Nguyen]

Os alemães chegaram ao país entre 1824 e 1969 em busca de novas terras para trabalharem. A influência alemã é visível ainda hoje pelas suas construções e costumes no sul do país, região que teve grande parte modificada por eles. Já na cultura, pode-se perceber intervenção alemã na moda, na gastronomia e na arquitetura.

Blumenau é a cidade alemão do Vale Europeu Catarinense. [Imagem: Reprodução/Istockphoto]

Além da Alemanha, a Itália também foi um dos países que ocupou a região sul e sudeste durante 1870 e 1960 para trabalhar nos campos e nas fábricas do país. Esses novos imigrantes foram um dos responsáveis pela cultura de vinícolas no país, além de difundirem práticas religiosas e devoção a certos santos católicos no Brasil, como Santa Catarina de Sena. Na linguagem, utiliza-se a todos os momentos um termo tipicamente italiano: “tchau”. A palavra é derivada do italiano, “ciao” e já era utilizada pelos italianos abrasileirados para despedirem-se em situações informais. A culinária talvez seja o setor em que percebe-se mais nitidamente a influência italiana. As massas, como a pizza e o calzone, são  derivados dos italianos. 

São Paulo é a segunda cidade que mais consome pizza no mundo. [Imagem: Reprodução/Public Domain Pictures]

Já pensando na influência do continente asiático, o Japão, desde 1908,  formou a maior colônia de japoneses fora do país nipônico no estado de São Paulo. A culinária, técnicas agrícolas e esportes japoneses foram incrementados na cultura brasileira, como a rizicultura brasileira, o cultivo de arroz. Nos esportes, o judô é uma modalidade de artes marciais disseminada por todo o país, por influência do Japão.

O judô é o esporte individual que mais deu medalhas olímpicas para o Brasil. [Imagem: Reprodução/EBC – Empresa Brasil de Comunicação/Agência Brasil]

O Brasil sofreu uma influência árabe por conta de Portugal, uma vez que o país europeu foi ocupado por esse povo em diferentes períodos da sua história. Os árabes dominaram a Península Ibérica durante um período anterior à colonização. Eles fizeram uma troca comercial muito intensa com os portugueses, o que adentrou desde costumes até a linguagem. Dessa maneira, sendo Portugal um dos países que mais influenciou culturalmente o Brasil, os árabes têm uma contribuição maior do que se imagina. Essa influência foi significativa em especial  durante o século 19, quando sírios e libaneses passaram a imigrar para o país latino americano. Assim, o Brasil teve o domínio da cultura árabe em diferentes momentos e que são visíveis ainda hoje. 

Assim como no Oriente Médio, também é comum comermos quibe cru no Brasil. [Imagem: Getty Images/iStockphoto]

Síndrome do vira-lata

A globalização aumentou o contato entre as culturas de todos os países do mundo pela intensificação da influência de umas sobre as outras. Segundo o sociólogo, Breno Carlos da Silva, esse processo de globalização é mais uma face da colonização, mas uma mais atualizada, digital e cultural. A mundialização contribui para o que se pode chamar de aparelhos ideológicos e hegemônicos de uma classe dominante que agora ganha uma face global. Se essas classes dominantes na modernidade tinham essa esfera de poder no plano cultural, no aspecto nacional, agora com esses aparelhos, como a mídia e outros artifícios, projetam e conquistam corações e mentes, em escala mundial. O professor apresenta como exemplo dessa mudança as rádios brasileiras, ou, até mesmo, as plataformas digitais, visto que as suas músicas mais ouvidas são as estrangeiras, que tem forte apelo da cultura e do idioma norte-americano.

De acordo com Breno, é possível perceber, no final do século 19 e início do século 20, uma substituição da influência de Portugal no Brasil, por uma norte-americana. Após a Primeira Guerra Mundial, quando os Estados Unidos começaram a ganhar de fato o seu posto de grande potência global, surge o American Way of Life —  “estilo de vida americano”. Com as articulações políticas inovadoras do pós-guerra,  o Brasil, situado nesse campo do bloco capitalista sob liderança norte-americana, foi influenciado pelos valores da cultura deles. Os Estados Unidos estão presentes em diversos aspectos da indústria cultural brasileira, como no cinema, na música e na moda. 

Para o Brasil, os efeitos dessa situação expressaram-se na, denominada por Nelson Rodrigues, “síndrome do vira-lata”. De acordo com o teatrólogo, o povo brasileiro tende a desvalorizar as produções culturais advindas de sua nação, em detrimento a de outros países. Assim, tudo culturalmente produzido pelo Brasil é creditado como inferior pelos seus próprios produtores e consumidores, sendo colocado em segundo plano. O Estado não é criticado ao retirar incentivos culturais e a população não cobra uma resposta contrária. O povo brasileiro torna-se mais aberto à cultura externa, que, muitas vezes, podem assemelhar-se com as produções culturais brasileiras, simplesmente por não possuírem o “selo brasileiro”, que automaticamente é associado à falta de qualidade. Tudo isso desmotiva a produção e a formação de artistas e produtores culturais, que perdem sua essência, ao passo que vislumbram a aproximação com a cultura exportada, socialmente supervalorizada. 

De acordo com Breno, o complexo do vira-lata não influencia somente na cultura brasileira, mas também em desdobramentos políticos e econômicos. No campo político, a postura do Brasil, principalmente nesses últimos anos, nas relações diplomáticas, vem se categorizando como inferior. Sempre colocando-se à mercê de interesses maiores, não de uma forma igualitária, ou minimamente equânime com as forças geopolíticas que compõem a contemporaneidade. O educador ainda conta como o campo econômico foi moldado pela síndrome, uma vez que assim que produtos importados chegaram no país, os brasileiros acreditavam que a sua qualidade já era melhor que as dos produtos nacionais. Assim, para o professor: “Esse viralatismo não tem consequências e efeitos apenas na cultura, mas também no olhar do campo econômico e no olhar do campo também político, ou seja, há uma abrangência maior”.  

Made in Brazil 

O fato do Brasil sofrer a influência de diversos países e acreditar que as produções nacionais não são válidas, faz com que elaborações, que são tipicamente brasileiras, fiquem escondidas nesse território tão grande. Por isso, aqui estão dispostos exemplos de realizações brasileiras de diversas áreas culturais que caracterizam a nação, para além dos grandes centros. 

Primeiramente, na moda brasileira, o chapéu do cangaceiro apresenta formato triangular para representar os 4 pontos cardeais, visto que o líder cangaceiro deveria ter a habilidade de levar seus homens pelo sertão sem se perder. Contém alguns adornos dourados, como as estrelas e moedas que são colocados nele, e geralmente é feito com couro de cabra ou carneiro.

Principal símbolo do famoso cangaceiro Lampião. [Imagem: Reprodução/Licenças Creative Commons] 

Pensando nas artes plásticas, o símbolo do modernismo brasileiro, o Abaporu, produzido pela artista Tarsila do Amaral em 1928, representa um homem antropofágico, ou seja, que se alimenta da carne humana em atos ritualísticos. Na pintura, há uma crítica à falta de trabalho mental, representado pela cabeça pequena, em comparação ao trabalho físico, representado pelos pés e as mãos gigantes.

O quadro foi um presente para o marido de Tarsila na época, Oswald de Andrade. [Imagem: Reprodução/Flickr]

No quesito gastronomia, o Pato no Tucupi é um prato típico do estado do Pará que tem como ingredientes o Tucupi, caldo amarelo extraído da mandioca brava, e a folha de jambu, que causa uma pequena dormência na boca quando consumida. Ele costuma ser consumido no dia do Círio de Nazaré, festa religiosa que acontece em Belém no mês de outubro;

Fotografia de uma folha de jambu. [Imagem: Reprodução/Ulf Mehlig]

Já na música, o Piseiro ou Pisadinha é uma vertente do forró, criado no interior da Bahia, na cidade de Monte Santo, no início dos anos 2000. Sua principal característica é o teclado eletrônico em conjunto com a voz do cantor, criando uma música dançante que está fazendo muito sucesso nas festas. 

A banda Barões da Pisadinha é a principal responsável pela fama do piseiro. [Imagem: Reprodução/Getty Images]

Há uma paisagem onde dunas de areia contornam lagoas com águas cristalinas. Este cenário que lembra uma miragem do deserto é, diferente dessa imaginação, muito verdadeiro e encontra-se no Brasil, mais precisamente, no estado do Maranhão. Os lençóis maranhenses são formados por 155 mil hectares, sendo ⅔ dunas e lagoas, originando um ecossistema único no mundo, visto somente no país verde-amarelo.

Paraíso encontrado no nordeste do país. [Imagem: Reprodução/Wikimedia]

No campo dos livros, considerado o melhor escritor do Brasil, Machado de Assis criou três livros no período realista da literatura brasileira, que marcam a sociedade burguesa do país no final do século 19. São estes: Dom Casmurro (Editoria Garnier, 1899), Memórias Póstumas de Brás Cubas (Revista Brasileira, 1881) e Quincas Borba (A Estação, 1891). Além dessas produções, Machado também escreveu diversos contos, crônicas e também participou do romantismo no país. 

Machado de Assis é o fundador da cadeira nº. 23 da Academia Brasileira de Letras. [Imagem: Reprodução/HP]

Já nos palcos do Brasil, existe também a representação artística do Maculelê, a qual conta a história de um guerreiro que foi atacado por uma tribo e conseguiu se defender utilizando apenas dois pedaços de madeira, tornando-se o herói do seu povo. Por isso, a dança ou jogo do Maculelê é feito com bastões de madeira ao som de instrumentos musicais, como o atabaque. Essa manifestação tem origens africanas e sofreu uma forte influência dos indígenas do Brasil.

dança tipicamente brasileira já chegou em Nova York. [Imagem: Reprodução/Joel Zimmer]

Na sétima arte brasileira, Cidade de Deus, filme nacional de 2002, é o segundo filme de língua estrangeira, ou seja, em um idioma que não é o inglês, mais visto do mundo, segundo a plataforma Preply que realizou um levantamento com dados do IMDb. A produção conta a história de uma criança preta que cresce na favela mais perigosa do Rio de Janeiro e busca mudar sua realidade, assim, encontra na fotografia, uma esperança.

O filme Cidade de Deus teve 4 indicações ao Oscar em 2004. [Imagem: Divulgação/ Youtube]

Por fim, na questão comportamental dos brasileiros, existe o hábito de tomar muitos banhos herdado dos indígenas. Quando os portugueses chegaram ao Brasil encantaram-se com a limpeza que permeava a cultura dos nativos. Isso foi registrado, inclusive, na célebre carta de Pero Vaz de Caminha. Os índios costumavam banhar-se várias vezes ao dia nos rios e lagoas. Os portugueses, em primeiro momento, não aderiram completamente a essa prática, lavando, inicialmente, somente os pés, depois passaram a banhos regulares para, só então, aderirem ao banho diário. A Corte Portuguesa, ao chegar em território brasileiro relutaram um pouco a esse costume, mas depois de internalizarem a ideia, passaram a organizar tal costume. A cidade do Rio de Janeiro, que acolheu essa parcela da sociedade lusa, por exemplo, foi a primeira cidade brasileira a obter encanamento de água. 

Pátria amada, Brasil 

Criada por Raimundo Teixeira Mendes e Miguel Lemos. [Imagem: Reprodução/Paul Brennan] 

O principal símbolo de um país é a sua bandeira, ela o caracteriza para as outras nações e é o diferencial mais visível de um Estado para o outro. A criação da bandeira do Brasil, embora tenha sido formulada por brasileiros, foi influenciada por estrangeiros,  seguindo as ideias de Auguste Comte, criador francês da corrente positivista. Até mesmo a personificação primordial do Brasil não foi feita visando a realidade dos seus representados, ou seja, brasileiros. Essa situação traz à tona o questionamento: qual a importância de um país ter sua própria cultura? 

Para o professor Breno, “é elementar, porque se pensamos no conceito de país como um estado nacional delimitado por um território claro, definido, isso vai ocorrer concretamente a partir de uma forma de compartilhar valores, tradições e hábitos”, conta o sociólogo. 

Mas, ele afirma que é preciso ter cautela para que não haja uma aproximação com o nacionalismo exacerbado, responsável por diversos conflitos ao longo da história mundial. Ter sua própria cultura é pensar os aspectos populares, compartilhados, que compõem esse processo identitário de um povo, consequentemente de um país. Uma cultura que não precisa ser completamente nacional, que possa ter novamente esses contatos com influências externas, como colonizadores e imigrantes. Por fim, uma cultura que não acabe com o que ela tem de tão original, mas que também não se feche para as influências virtuosas. 

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