Jornalismo Júnior

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O que eu sonho ser quando crescer?

Por Amanda Oliveira (foliveirafamanda@gmail.com) Uma pergunta que nos leva a tantos conflitos e mudanças, porém quando criança o “SER” se torna parte da imaginação. As profissões que encantam os nossos olhos são aquelas cheias de emoção, adrenalina, em que muitas vezes sonhamos com olhar atento da plateia e os aplausos frenéticos de reconhecimento de um …

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Por Amanda Oliveira (foliveirafamanda@gmail.com)

Uma pergunta que nos leva a tantos conflitos e mudanças, porém quando criança o “SER” se torna parte da imaginação. As profissões que encantam os nossos olhos são aquelas cheias de emoção, adrenalina, em que muitas vezes sonhamos com olhar atento da plateia e os aplausos frenéticos de reconhecimento de um trabalho. Pilotar um avião ou um carro de corrida, pisar em palcos como atriz ou bailarina já fez parte dos seus sonhos? A J.PRESS foi descobrir como é o trabalho desses profissionais e algumas dificuldades enfrentadas por eles no Brasil.

Piloto de avião é uma das profissões que muitas crianças sonham se tornar, estar no comando de uma aeronave, falar com a torre, sentir a adrenalina de uma decolagem e a emoção de um pouso são elementos que cativam os olhos dos pequeninos e até mesmo dos adultos. Nós conversamos com o estudante de pilotagem Leonardo Canalli, que contou um pouco sobre a trajetória profissional de um piloto.

Como tudo começou

O interesse de Canalli por aeronaves se iniciou aos 2 anos, porém foi com 12 que ele começou a investir nessa carreira, tornando-se aeromodelista, mas o avião que construiu não voou e isso o motivou a estudar aerodinâmica por conta própria. O primeiro contato que teve com a aviação foi por meio do Flight Simulator da Microsoft. Ele também foi ao centro de treinamento da Gol e treinou no simulador usado pelos pilotos da companhia.

O início da carreira

Canalli começou seus estudos no Aeroclube de São Paulo, onde iniciou o curso teórico com 17 anos, que dura em torno de 4 meses.  Nele, o aluno tem contato com matérias como navegação, meteorologia, teoria de voo e conhecimentos técnicos. De acordo com  ele, as duas últimas são as mais difíceis, por não serem vistas na escola. Após o curso é feito uma prova pela Agência Nacional de Aviação Civil para dar início às aulas práticas.

Leonardo Canalli em seu segundo solo. Foto: Divulgação

Ele está fazendo o curso prático no Aeroclube de São José e esse é composto por quatro fases principais: Pré-solo, Solo, Aperfeiçoamento e Navegação. No pré-solo, o aluno aprende as primeiras impressões de voo e quando esta preparado faz o voo sem o instrutor. Cada aula é composta por missões a serem completadas, que duram em torno de 1h30. Para Canalli, a missão mais difícil foi o pouso, devido à noção de profundidade, ele comenta que: “você não sabe se está alto ou baixo”.

Depois do curso e dificuldades

Após o curso, o aluno se torna Piloto Privado, podendo pilotar todo monomotor terrestre, desde que navegue visualmente sem a utilização de instrumentos. Canalli diz que isso limita o voo do piloto que em um dia nublado não pode voar, porque tem dificuldades de visualização. Além disso, o Piloto Privado não pode exercer atividade remunerada. Após essa etapa para começar o curso de piloto comercial, ele precisa acumular horas de voo em instituições de ensino ou no avião de um amigo.

Uma das principais dificuldades de ser um piloto é o investimento financeiro, pois as horas de voo são muito caras, tanto que Canalli teve o apoio dos pais para conseguir fazê-las. Ele comenta também que o mercado é muito instável: “Você tem que estar pronto pro auge”. Às vezes, uma companhia aérea contrata pilotos com 1000 horas de voo, mas um piloto comercial se forma com 150, tendo assim que trabalhar como instrutor para complementar esse número. O piloto pode trabalhar em diversos outros setores como aviação executiva, agrícola e taxiaéreo.  Cannali quer trabalhar em companhias, porque de acordo com ele é o melhor setor financeiramente, mas pensa também em iniciar uma graduação em engenharia aeronáutica.

Mas trabalhar desbravando o ambiente aéreo não é o único sonho das crianças, e, às vezes, essa mesma adrenalina é sentida no espaço terrestre, nas tão famosas pistas do automobilismo. Para mostrar um pouco do universo dos Pilotos de Corrida, nós conversamos com Aldo Piedade Júnior, piloto de diferentes modalidades do automobilismo e instrutor da Escola de Pilotagem ALPIE.

O início da paixão pelas pistas

Piedade Júnior começou sua carreira com 11 anos, e seu interesse foi incentivado pelo ambiente familiar, pois seu pai já era piloto. O Kart foi seu primeiro passo para entrar no automobilismo.  Ele diz que a experiência nessa modalidade, quando criança, é muito importante para a formação do atleta, pois permite um aprendizado gradual em que já se pratica adequadamente a frear, acelerar, ultrapassar e entrar em uma curva. Ele comenta que do ponto de vista técnico: “Hoje você guiar um Kart ou um Fórmula 1 é a mesma coisa”. Além do aperfeiçoamento da técnica, o Kart é importante para o desenvolvimento da musculatura da criança.

Aldo Júnior ao lado dos Troféus ganhados pela família Piedade. Foto: Amanda Oliveira

No início de carreira, os atletas frequentam Escolas de pilotagem, após a sua formação se veiculam a um Clube e recebem uma carteira para correr em toda território Nacional. Muitos pilotos necessitam de uma intensa preparação física que é feita em academias especializadas para esses profissionais, que exercitam partes do corpo importantes como pescoço e antebraço.

O automobilismo no exterior

Piedade Júnior também teve contato com autódromos internacionais, participando da Fórmula 3000 por uma equipe inglesa. Essa categoria tinha os carros fornecidos pela fabricante Renard, que na época precisava de pilotos de testes e sugeriu que fosse um de cada país, assim ele foi o brasileiro escolhido.

Troféu de Aldo Júnior como vice-campeão do campeonato brasileiro de Fórmula Renault temporada 2006. Foto: Amanda Oliveira

A experiência fora do Brasil, para ele, é obrigatória, pois o automobilismo nos EUA e na Europa é mais profissional. Lá, o piloto passa a ter contato com um universo novo de pista, entretanto, para se ter acesso a elas é muito caro, por isso ele aconselha que o piloto se prepare o máximo possível aqui, para pode ter um bom desempenho nos autódromos internacionais.

Há muitos motivos que explicam o profissionalismo europeu e americano no automobilismo. Um deles é o trabalho simultâneo da preparação técnica com a comportamental na qual o piloto aprende a se vestir e a falar em uma entrevista, por exemplo. Ele diz também que: “Eles se dedicam mais que aqui, não pro culpa do brasileiro, porque infelizmente nós não temos estrutura pra manter”. Além disso, eles possuem um público maior de apreciadores de corridas comparado ao Brasil.

As equipes também têm um comprometimento maior com o adolescente, observando seu trabalho a partir do Kart e assim investindo em seu plano de carreira. No Brasil, é difícil isso acontecer, ele comenta que geralmente os olheiros estão mais interessados no dinheiro do piloto do que em seu trabalho.

De acordo com ele, as corridas também são mais competitivas, porque em uma categoria com 20 pilotos, por exemplo, 13 têm grande potencial técnico de ganhar, já no Brasil, em uma categoria com 30 pilotos, 7 ou 8 disputam realmente.

Os obstáculos encontrados no caminho do piloto

Uma das principais barreiras é o retorno do investimento financeiro, pois para entrar em uma competição é necessário fazer parte de uma equipe e muitas vezes o piloto acaba pagando para participar. Outra dificuldade é encontrar patrocínio, que são poucos para o automobilismo.  A vida útil do piloto também é restrita, por isso, é necessário começar a carreira quando criança. Aldo comenta que o piloto perde, com o tempo, a velocidade de raciocínio e, consequentemente, piora o seu tempo na corrida.

O desejo de atuar entrou em cena

Os palcos também fazem parte dos sonhos das crianças. A emoção de vestir um personagem e estabelecer uma ligação com o público são alguns dos elementos contidos no universo do ator.  Para falar desse mundo conversamos com a Atriz Erica Montanheiro, da Companhia Os Fofos Encenam, que contou um pouco da sua relação com o teatro.

Os primeiros passos de Erica no teatro foram dados quando ela ainda era criança. Foi em um Barracão de um sítio longe da conturbada São Paulo que ela, com seu irmão e alguns amigos, construiu os seus primeiros personagens. No decorrer do tempo, sua relação com a dramaturgia aumentou e aos 17 anos iniciou um curso de teatro. Buscando aprimorar sua técnica decidiu tentar uma bolsa oferecida pelo Governo Federal que se chamava Programa de Especialização em Arte (hoje extinta), essa lhe dava a oportunidade de estudar na Escola de Teatro Philippe Gaulier. Após o processo seletivo ela foi aprovada e passou a ter contato com diferentes métodos do teatro.

A escola desenvolve diferentes gêneros ligados ao teatro popular francês. Uma de suas propostas é envolver a plateia nas apresentações, para Erica a escola visa: “Formar o ator pra essa resposta imediata com o público”. No Brasil, o Circo Teatro é quem mais se aproxima dessa ideia, pois observa a plateia e dependendo da reação das pessoas pode mudar o roteiro do espetáculo.

O teatro no exterior

Erica comenta que o Brasil possui uma deficiência muito grande em relação ao preparo técnico do ator, e que na Europa é adquirida uma formação vocal, musical e corporal muito mais completa. Ela diz que percebeu muitas dessas lacunas nas oficinas que dava para a formação de jovens atores. Assim, é muito importante para o artista sempre buscar aperfeiçoar sua técnica fazendo novos cursos e estudando com diferentes mestres.

Outra diferença do Teatro na Europa é que as casas de espetáculos são sempre cheias, devido à cultura do europeu que vê o teatro como um programa de fim de semana. Os artistas também possuem apoio do governo. Erica conta que na França existe um sistema de auxilio ao ator, que ao completar um número de cachês durante o ano, pode retirar o seguro desemprego.

As diferentes personagens

Erica Montanheiro como Teresinha na Peça Ópera do Malandro. Foto: Bob Sousa

A construção de um personagem envolve um árduo trabalho de dedicação do ator. Erica já representou muitas faces no teatro, a enamorada Hermia, personagem da adaptação infantil do texto de Shakespeare “Sonho de uma noite de Verão” lhe deu o prêmio FEMSA de Teatro infantil como melhor atriz coadjuvante. Outro Trabalho importante foi a peça “A canção de Bernadete”, na qual ela fez a protagonista, uma figura histórica da França que tinha visões da Virgem Maria, a atriz comenta que: “Ela tinha uma delicadeza e uma verdade” e uma hora era considerada louca, porém com o interesse da população passou a ser usada com propósito político.

Outro desafio que atriz enfrenta recentemente é a interpretação da contraditória Teresinha do texto de Chico Buarque “Ópera do Malandro”, que é filha do dono de uma casa de prostituição na Lapa. Ele a educa para ser uma dama da sociedade, porém ela se casa com um contrabandista. O teatro musicado para Erica também é um desafio, devido à proposta de cantar o solo de músicas clássicas do nosso repertório popular. A peça ficará em cartaz de 8 a 31 de agosto no Centro Cultural Banco do Brasil-SP.

A Atriz comenta que a profissão é muito instável. Alguns alunos optam por sair da Escola de teatro e montar sua própria companhia. Os Testes para trabalhar como ator são mais frequentes nos musicais e em algumas áreas da publicidade.

O palco também é cenário para a dança. Os disciplinados passos do balé e a leveza do bailarino já encantaram os olhos de muitas crianças. Em São Paulo, a Escola de Dança veiculada ao Theatro Municipal desempenha um importante papel na formação desses profissionais. Criada em 1940, ela é única Escola Pública de dança da cidade. Nós conversamos com um dos seus professores, Flávio Lima, que nos falou sobre a trajetória profissional dos bailarinos.

Os Primeiros Passos

Lima começou a dançar muito cedo, porém por ter sofrido com o preconceito da família só entrou em uma Escola de Dança aos 13 anos.  Após um tempo estudando teve contato com diversos profissionais de fora do Brasil. Foi quando surgiu a oportunidade de trabalhar com uma professora de Cuba que o levou para ficar um ano em seu país, onde fez diversas apresentações.

Na volta ao Brasil, fez uma audição para trabalhar na Companhia Balé da Cidade que é veiculada ao Theatro Municipal. Ele também ficou 3 anos em Londres fazendo cursos livres e aproximando o contato com a dança contemporânea. Quando retornou ao país, começou a dar aulas de dança.

A visão do Balé no Exterior

Uma dos principais problemas enfrentados pelo Brasil é o acesso aos cursos, que geralmente são muito caros. Lima comenta que: “Lá fora é muito mais acessível, para as pessoas é uma cultura que privilegia isso, as aulas eram sempre cheias”. Outra questão é quanto ao preparo técnico dos bailarinos, para ele os métodos utilizados pelas Escolas são sistematizados e os alunos aprendem o significado dos passos e possuem assim um vocabulário mais enraizado.

A Metodologia da Escola de Dança de São Paulo

A Bailarina Nina, interpretada por Natalie Portman, no filme Cisne Negro. Imagem: Divulgação

A entrada na Escola se inicia aos 8 anos por meio de uma seleção em que são avaliadas a musicalidade e dramaticidade do candidato. No início, o aluno passa a ter contato com diversos tipos de dança (folclórica e brasileira) que prepara a coordenação do corpo da criança para o Balé Clássico. A partir do quinto o ano os estudantes iniciam um projeto de preparação coreográfica para as apresentações.

Quanto à preparação física, ele diz que o corpo vai se adequando gradualmente. Os alunos possuem aula de consciência corporal e pilates, porém os jovens são sempre orientados a ir ao médico.

Mercado de Trabalho

A formação do bailarino dura em torno de 10 anos, após aprimorar seus estudos ele pode trabalhar como professor ou em uma Companhia de Dança. Lima explica que algumas companhias possuem parâmetros estéticos e buscam nos profissionais características que só estão precisando no momento. Além disso, há poucos grupos como esses no Brasil, o que aumenta a competitividade.

Para construir uma carreira internacional, o bailarino geralmente faz contatos com profissionais que coreografam no Brasil e assim são indicados a companhias do exterior, mas o dançarino também pode participar desses grupos por meio das audições.

Projetos Sociais

A prefeitura também realiza outros projetos sociais para a educação artística dos jovens, como o Projeto Vocacional de São Paulo que desenvolve oficinas de dança e teatro em céus e em bibliotecas públicas da cidade, entretanto, de acordo com Lima, esse projeto não é muito divulgado e assim acaba tendo pouca demanda. O professor ainda fala que infelizmente o interesse por atividades culturais no Brasil é pequeno, porém é importante, e diz: “A formação do ser humano não está só na formação escolar, está na cultura que ele desenvolve e a gente não tem essa consciência no Brasil”.

Participação da Escola de Dança de São Paulo na Virada Cultural, no Vale do Anhangabau. Foto: Michel Filho/Agência O Globo

No mundo das crianças, para ser piloto, bailarina ou atriz basta fechar os olhos e sonhar, mas quando essas profissões saem do imaginário para se tornarem reais enfrentam muitas dificuldades, mesmo assim esses profissionais continuam sendo o que sempre sonharam.

1 comentário em “O que eu sonho ser quando crescer?”

  1. Não vejo os críticos da igreja fazerem campanha contra os governantes da Tailândia, que permitem que seu país seja o maior bordel do mundo, onde mulheres e crianças são exploradas vetnaghosomenre. Esse moralismo parece um pretexto para atacar a Igreja.

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