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Holanda: Reconstrução e o sonho antigo da Laranja

A tradicional seleção holandesa retorna à Copa do Mundo e chega em boa fase ao Catar

A Holanda é o país mais tradicional do futebol que nunca conseguiu vencer uma Copa do Mundo. Essa é uma afirmação que muitos fãs de futebol ao redor do mundo certamente concordariam. O país é lar de grandes craques históricos, uma camisa que impõe respeito em qualquer adversário e abriga importantes clubes no cenário mundial, como Ajax, Feyenoord e PSV.

Vice-Campeã em três oportunidades (1974, 1978 e 2010), a Holanda foi muito importante para o desenvolvimento do futebol, com destaque para o Carrossel Holândes de 74, que, liderado pelo craque Johan Cruyff, revolucionou a maneira de se jogar o esporte bretão. Marcada por gerações, a seleção da terra das tulipas não conseguiu transformar esses talentos em conquistas mundiais.

Além de Cruyff, nomes como Koeman, Seedorf, Gullit, Robben e Van Basten também passaram em branco nos Mundiais. O maior feito da seleção foi a Euro 1988, único título da Laranja até os dias de hoje. 

Nos anos mais recentes, a Holanda passou por um momento difícil em uma troca de gerações e sequer se classificou à Euro 2016 e à Copa do Mundo 2018. Mas a fase passou e o país já se permite sonhar alto com a disputa do Mundial no Catar, em 2022.

Elenco com qualidade e desequilíbrio

Após contarem com nomes icônicos da geração de Sneijder, Robben e Van Persie, os holandeses sentiram a falta de grandes jogadores em seu plantel. A situação mudou levemente de cenário, mas ainda faltam peças importantes em setores fundamentais e que podem vir a ser o calcanhar de aquiles para uma seleção que almeja conquistar o mundo.

O gol da Holanda é um ponto de atenção para a seleção. Não há um nome holandês na posição que seja de grande destaque internacional atualmente. Bijlow, Cillessen e Flekken são algumas das opções para a meta holandesa. A situação é delicada ao ponto de que Van Gaal, que retornou ao comando técnico após a Copa de 2014, convocou seis goleiros para testá-los em cobranças de pênaltis — pelos quais foi eliminada no último mundial que disputou —, fator este que pode ser decisivo para a convocação final.

A defesa é o setor mais bem servido da Holanda. Virgil Van Dijk é o melhor zagueiro do mundo atualmente e é o capitão da seleção. Em 2019, alcançou o posto de segundo melhor jogador do mundo pela Fifa. Além do jogador do Liverpool, Matthijs de Ligt foi uma das revelações do Ajax encantador de Ten Hag no mesmo ano e, apesar de não ter evoluído tanto quanto se esperava, ainda impõe muito respeito na zaga. Ainda há ótimas peças como o veterano Stefan De Vrij e o jovem Nathan Aké.

Van Dijk, capitão da Holanda na Copa do Mundo
Van Dijk, considerado um dos melhores zagueiros do mundo [Imagem: Reprodução/Twitter:@OnsOranje]

Para as alas ou laterais, a seleção conta com Dumfries pela direita e o veterano Blind pela esquerda. Ambos desempenham bem suas funções e devem ser os titulares. No banco, há opções como os jovens Rensch e Malacia. Van Gaal pode até mesmo usar jogadores de outras áreas que fazem a função, como Justin Timber.

No meio-campo, Frenkie de Jong é a maior esperança holandesa. O jogador foi mais um que surgiu no Ajax de 2019, evoluiu bastante no Barcelona e é peça chave na seleção pela marcação e saída de bola. Georginio Wijnaldum foi outro jogador importante para a Holanda no ciclo, contudo sofreu uma lesão e está fora do mundial. A Laranja dependerá de jogadores como Klassen, Berghuis, Koopmeiners e De Roon, que estão longe de serem jogadores decisivos.

Memphis Depay é a principal estrela do ataque. O jogador é daqueles que parece jogar muito mais pela seleção do que por clubes, pois mesmo não atingindo o que era esperado e estar sem espaço no Barcelona, continua fazendo muitos gols com a camisa laranja. Ao lado dele estão Gakpo e Bergwijn, coadjuvantes jovens que estão em boa fase no campeonato holândes. 

A falta de um centroavante de destaque demonstra uma fraqueza do elenco se comparado às outras equipes que chegarão fortes para o mundial. Para a função, estão os limitados Janssen e Weghorst.

Ciclo de altos e baixos

Após não conseguir se classificar para o mundial da Rússia, a Holanda começou a pensar em alternativas para mudar o cenário em 2022. Assim, em Janeiro de 2018, Ronald Koeman — ídolo como jogador ao conquistar a Euro 1988 — foi anunciado como o escolhido para liderar a reconstrução da tradicional seleção.

O primeiro passo era retomar a competitividade. O feito foi alcançado logo na primeira competição posterior à Copa de 2018, a Liga das Nações, novidade da Uefa para as suas seleções. A Holanda conseguiu terminar em primeiro lugar em um grupo que contava com a França, há pouco tempo campeã mundial, e a rival Alemanha, garantindo a vaga na fase final da competição. 

Na semifinal, a seleção holandesa derrotou a Inglaterra, que vivia ótimo momento, na prorrogação, por 3 a 1 e voltou a disputar uma final após quase nove anos desde o Mundial na África do Sul. Na grande decisão, a Laranja não conseguiu segurar a seleção portuguesa, que contou com o apoio de sua torcida, e ficou com o vice-campeonato, mas o desempenho animou os torcedores e mostrou que a seleção europeia voltou ao mapa do futebol. 

A Holanda também buscava voltar às grandes competições, e conseguiu garantir participação na Euro 2020, após ficar em segundo lugar no grupo, com seis vitórias em oito jogos. Mas a ótima fase acabou com a saída de seu treinador. Ronald Koeman aceitou comandar o Barcelona e deixou o cargo. Frank de Boer foi o escolhido para comandar a seleção e continuar o bom trabalho que vinha sendo realizado.

Contudo, o novo treinador não conseguiu repetir o sucesso no comando da Laranja. A segunda edição da Liga das Nações foi o primeiro desafio de de Boer, mas com um futebol bem abaixo do que apresentava, terminou na segunda colocação do grupo, atrás da Itália, e não conseguiu se classificar ao Final Four. Nas três primeiras rodadas das Eliminatórias, a equipe perdeu para a principal concorrente, Turquia, mas ganhou os dois jogos seguintes.

Na Euro 2020 — disputada em 2021 em decorrência da pandemia — havia uma boa expectativa por parte dos torcedores, que desde 2014 não conseguiam se classificar para grandes competições. A fase de grupos foi positiva para a seleção holandesa ao vencer os três jogos, garantindo assim o primeiro lugar do grupo. Mas logo nas oitavas de final, foi batida pela modesta República Tcheca. 

Van Gaal, técnico da Holanda
Louis Van Gaal comandará a seleção pela segunda vez em uma Copa do Mundo [Imagem: Reprodução/Twitter @Onsoranje]

Com o mau desempenho e a expectativa de alcançar ao menos as quartas de final, Frank de Boer e a federação holandesa optaram pelo desligamento do treinador em comum acordo. Pouco tempo depois, Louis Van Gaal, velho conhecido dos holandeses após boas campanhas nas Copas de 2010 e 2014, foi anunciado para o cargo.

Com Van Gaal, a Holanda encontrou novos caminhos e voltou a apresentar um bom futebol. Apesar de alguns empates pontuais, a seleção garantiu vaga direta ao mundial do Catar. Na Liga das Nações de 2022/23, mostrou força na fase de grupos ao terminar invicta no primeiro lugar , com bons adversários como Bélgica e Polônia.

Expectativas para o Catar

Não seria absurdo nenhum afirmar que a Holanda é a equipe europeia que chega em melhor fase ao mundial. A Laranja resgatou o seu lugar como uma potência do futebol depois de uma fase melancólica, e espera coroar esse ressurgimento com a glória máxima do esporte.

A seleção holandesa caiu no grupo A, do anfitrião Catar. Além do país do oriente-médio, Senegal e Equador completam a lista de primeiros obstáculos da Laranja. A princípio, é esperado que a Holanda consiga se classificar com tranquilidade em primeiro lugar e avance ao mata-mata.

O mundial de 2022 possivelmente é o mais equilibrado da história recente, com muitas seleções postulantes ao título. Mas Van Gaal sabe fazer a Holanda avançar na fase eliminatória e com certeza a seleção chegará como uma das favoritas à conquista.

Tradição, jogadores motivados, técnico experiente e superação após um período ruim são os trunfos para a Laranja levar pela primeira vez a sonhada taça da Copa do Mundo. Se Cruyff, Van Basten e Robben não conseguiram, quem sabe Van Dijk e companhia se tornem a geração que levará a taça mais cobiçada do esporte à terra das tulipas.

Imagem destacada: Reprodução/Twitter @OnsOranje]

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