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45ª Mostra Internacional de SP | ‘Camila Sairá Esta Noite’

Longa acompanha o amadurecimento de uma jovem junto da Maré Verde argentina

Ao ter que se mudar do interior da Argentina para a capital, Buenos Aires, Camila (Nina Dziembrowski) precisa se adequar aos valores conservadores de sua nova escola. Uma das exigências é de que seu lenço verde, do tom símbolo dos movimentos feministas, seja censurado para que haja “neutralidade política” entre os alunos. Relacionamentos, experiências e conflitos familiares de uma jovem argentina contemporânea atravessados pela política e, em especial, pelas questões de gênero são o tema de Camila Sairá Esta Noite (Camila Saldrá Esta Noche, 2021).

O longa de Inés Barrionuevo escolhe trabalhar a partir das vivências de diferentes mulheres, entre amigas e gerações da família de Camila, que, apesar dos problemas graves enfrentados, como quando Camila é chamada de “feminazi”, não são trágicas. A protagonista não precisa se perder em drogas e sexo, rebelando-se contra a família, para viver suas causas — no sentido de que ela não apela aos extremos na intensidade desses verbos —, tampouco é traumático seu relacionamento com sua colega de classe Clara (Maite Valero), que tenta manter uma imagem condizente com os valores religiosos dos pais ao mesmo tempo que, guardando um segredo importante, vive um lado de libertinagem. E aqui vale dizer que, como em outros filmes do gênero, os “adolescentes” parecem mais jovens adultos pela aparência e comportamento.

Camila descobre novos interesses com Clara. [Imagem: Divulgação/Latido Films]
Camila descobre novos interesses com Clara. [Imagem: Divulgação/Latido Films]
Um aspecto interessante de Camila Sairá Esta Noite são as emoções, mais cinzentas, indefinidas. O semblante melancólico de Camila; sua sexualidade que não precisa ser rotulada com precisão, mas somente vivida. A abertura à interpretação e à imaginação também está na própria história da avó de Camila, cuja morte permeia o filme, apresentada a nós aos pedaços e por meio de sugestões.

A trilha sonora acompanha e molda sensações, especialmente quando Camila, ao lado de tantas outras mulheres, luta contra o assédio e o patriarcado, e a favor da prevenção e da educação sexual. Nos protestos na rua, é onde é mais feliz. Clara, que relutou inicialmente em participar, ainda não aderiu totalmente às causas, o que traz mais verossimilhança ao desenvolvimento dessa personagem — Clara cresceu num ambiente mais controlador, e, ao conhecer Camila, tem uma oportunidade de rever suas concepções sobre o mundo.

“Até quando vale a pena sentir medo?”, instiga Camila. No final do filme, Clara está ao lado da protagonista, contra o abuso sexual e todas as outras violências de gênero negligenciadas por autoridades masculinas.

Mãe (Adriana Ferrer), Camila e sua irmã mais nova choram pela morte da avó. [Imagem: Reprodução/YouTube/StyleFeelFree]
Mãe (Adriana Ferrer), Camila e sua irmã mais nova choram pela morte da avó. [Imagem: Reprodução/YouTube/StyleFeelFree]
Camila Sairá Esta Noite retrata situações complexas sem exagerar no peso dos problemas, o que pode simbolizar esperança nos frutos da luta das novas gerações por igualdade de gênero. O pequeno ato de revolta, mas grande em seu simbolismo, do final do longa é um exemplo disso. Camila, uma jovem perseverante, mas não heroica, conseguiu continuar resistindo em prol de suas causas com a força das pessoas a sua volta, até ecoar o coro “meu corpo, minhas regras”. 

Esse filme faz parte da 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique na tag no final do texto. Confira o trailer:

*Imagem da capa: Divulgação/San Sebastian Festival

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