Bruna Buzzo
Existe algo de doce na pequena Coraline. Algo que me encantou e me fez sorrir ao final do filme. Sai da sala de cinema com um sorriso que há tempos não sentia. Foi um deslumbramento infantil que veio à tona. Coraline despertou em mim a magia da infância, a alegria do mundo mágico, do sucesso do bem sobre o mal, a fantasia de ser criança.
Coraline e o Mundo Secreto, adapatação do livro homônimo de Neil Gaiman e levado às telas pelo fantástico diretor Henry Selick (O Estranho Mundo de Jack), é uma mistura de todos aqueles livros e filmes infantis de dar asas à imaginação com fantasias em tom de fábula, de Alice no País das Maravilhas e O Mágico de Oz a James e o Pêssego Gigante. E, no entanto, algo neste filme tocou esta repórter que sempre preferiu Sherlock Holmes à Alice. Filmes fantasiosos precisam convencer o espectador com sua magia. Não basta ser bonito e ter uma boa história, é preciso parecer verossímil, legitimar-se e, acima de tudo, encantar.
A história de Coraline é simples. Uma boneca à imagem e semelhança da protagonista a conduz a um mundo mágico onde tudo é muito parecido com sua vida real, só que mais bonito. A realidade da menina não é das mais felizes: seus pais trabalham muito, cozinham mal, não lhe dão muita atenção e para piorar ela ainda acaba de se mudar para um interior desolador, deixando seus amigos na cidade grande. Iludida com a probabilidade de um mundo perfeito, Coraline acabará enfrentando sérios problemas em uma aventura um tanto quanto surreal.
O filme não trás grandes novidades no enredo, mas mistura muito bem elementos de outros filmes: o gato, a aranha, o espelho, o circo, o rato, o mundo mágico dos olhos de botões (que em outros filmes não tem olhos de botões, mas sempre há um mundo mágico para onde se quer fugir). A trilha sonora talvez seja o grande trunfo desta animação: as músicas são doces e suaves, nos envolvem desde a abertura do longa. Nos momentos tensos, o tom sobe um pouco e nos enreda ainda mais na história da pequena de cabelos azuis. Se algum dia você se deixou convencer pela ‘doce’ Alice, eu me convenci com Coraline. E assim será com todos aqueles que gostarem do filme: conquistados pelo encanto.