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Clichês e policiais

[34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo] Erik Castro, o diretor de Federal, começou a rascunhar sua história em 1987. Com o roteiro concluído em 2001, as filmagens começaram no ano de 2006 e apenas agora, quatro anos depois na 34ª Mostra Internacional de Cinema, o filme foi realmente lançado. Apenas agora, depois de …

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[34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo]

Erik Castro, o diretor de Federal, começou a rascunhar sua história em 1987. Com o roteiro concluído em 2001, as filmagens começaram no ano de 2006 e apenas agora, quatro anos depois na 34ª Mostra Internacional de Cinema, o filme foi realmente lançado. Apenas agora, depois de Tropa de Elite 1 e 2.

Desculpem, mas é inevitável a comparação com Tropa de Elite. Federal aborda a mesma temática do crime, tráfico de drogas e corrupção, mas agora localizada no foco de poder do Brasil, a capital Brasília. O que Padilha faz, e se repete em Federal, é a ampliação da problemática para também envolvê-la na política. O poder está emerso em um sistema aparelhado que é sugado por cidadãos corruptos.

 Os policiais federais também utilizam os métodos do BOPE, o saco, as mortes, a porrada, o destrato com os jovens do tráfico (“Sangue de drogado demora pra sair, vai demorar um mês pra morrer de hemorragia essa bosta aí”).

Selton Mello no papel de “Dani” entra no longa provocando uma primeira impressão de “tira bom”, um policial bonzinho, ingênuo, pouco violento, esperançoso e incorruptível. “A ditadura acabou” é o que diz diante do espancamento de um morador de favela. Mas, Dani fica muito atrás de Capitão (agora Coronel) Nascimento. É ingênuo, envolvido no sistema, pouco complexo e levemente hipócrita. Não tem pulso, se assusta e recua. Acaba mudando, chamou uma vítima da violência policial “de marginal que só vai dar trabalho”, negando-lhe atendimento médico. Dani afirma que quer lutar contra o sistema, mas ele mesmo é usuário de drogas e acaba se tornando mais um policial violento. Se Nascimento envelhece e se torna mais sensato, Dani endurece, se afeiçoa à violência e deixa de ser um jovem idealista.

Mas, o próprio discurso de Castro tem problemas. Federal pretende ser um retrato do país, mas não consegue com suas frases feitas e situações-clichês. ONGs, Igrejas Evangélicas, e o Planalto também são inseridos na imensa rede de conexões do tráfico. Religião, política e segurança pública são cenários da suposta rede de causas e consequências da criminalidade urbana.

Sam, o gringo da DEA, interpretado pelo americano Michael Madsen de “Cães de Aluguel”, é o porta-voz dos estereótipos colocados sobre o Brasil: “a nova Colômbia”, “mulheres brasileiras são as mais belas”, “o melhor café”. E nesses clichês, Federal reduz as questões que tenta levantar.

Policial negro, prostitutas, mulheres grávidas, tortura, tiros na cabeça, perseguição em favelas, cenas de carros em manobras perigosas, jovens drogados, cantor fazendo papel de traficante perigoso, tudo isso Federal não deve a Tropa de Elite. Mas, o filme de Padilha não é a maior bilheteria brasileira sem motivos. Fica difícil para Federal sustentar seu argumento, com uma análise tão rasa.

Por Mayara Teixeira

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