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Como nasce um livro?

Imagem: Bruno Menezes/Comunicação Visual – Jornalismo Júnior PRÓLOGO Você algum dia já quis escrever um livro ou ficou curioso e se perguntou como surge um? O que os escritores fazem primeiro? De onde vêm as ideias? Como pensam no título? Muitos são os questionamentos de quem é um amante desse mundo mágico da literatura. Com …

Como nasce um livro? Leia mais »

Imagem: Bruno Menezes/Comunicação Visual – Jornalismo Júnior

PRÓLOGO

Você algum dia já quis escrever um livro ou ficou curioso e se perguntou como surge um? O que os escritores fazem primeiro? De onde vêm as ideias? Como pensam no título? Muitos são os questionamentos de quem é um amante desse mundo mágico da literatura. Com essas perguntas em mente, o Sala33 foi atrás para descobrir como nascem as histórias. Para isso, entrevistamos dois escritores já famosos e com um número considerável de vendas, Thalita Rebouças e Frederico Elboni. E além deles, também falamos com a Beatriz Gandolfi, uma jovem de 18 anos, estudante de Engenharia Ambiental na UFABC, que escreveu dois livros – e está produzindo o terceiro – por vontade própria e lidou com todas essas dúvidas que talvez você também tenha.

CAPÍTULO UM: POR ONDE EU COMEÇO?

Infelizmente – ou felizmente – não existe uma fórmula. Cada escritor é uma pessoa única e vai ter o seu estilo na hora de escrever. Cada um dos entrevistados tem uma forma de começar um livro e de se organizar na hora de produzir. Então, se você pensa em escrever um livro, independentemente de qual for o gênero dele, vai precisar achar o seu próprio jeito.

Beatriz começa seus livros pelo que vier primeiro na sua cabeça. Quando fez seu primeiro, “Só mais um espetáculo”, ela diz que começou a escrevê-lo pelo final da história.“Eu comecei escrevendo por um dos últimos capítulos porque eu já sabia o que eu queria que acontecesse no final. Então eu escrevi o prólogo, o epílogo e eu comecei a escrever de trás pra frente.”, diz. Ela comenta que não escreveu em uma ordem cronológica de acontecimentos, mas conforme as ideias iam surgindo. “Eu vi que eu tinha terminado o livro quando a parte do começo, a parte do meio e a parte do final se ‘linkavam’ e eu não tinha mais o que escrever.”, fala.

Já para Thalita, o livro surge em sua cabeça praticamente completo e seu único trabalho depois é sentar e escrevê-lo. “A ideia surge, com começo, meio e fim. Primeiro surge a sinopse e depois, é só sentar para escrever, é muito fácil”, diz a escritora.

CAPÍTULO DOIS: O COMEÇO É O MAIS IMPORTANTE

Uma coisa é fato: as primeiras frases do livro é que irão definir se ele é ou não bom. Um escritor pode começar de várias formas, seja com um suspense, com o clímax da história, com descrição de personagens, com uma ação rotineira. Seja lá qual for a forma que uma pessoa resolve iniciar sua narrativa, é esse ponto da história que vai fazer o leitor se apaixonar e devorar a obra ou deixá-la de lado. Beatriz conta que essa foi justamente a parte mais complicada na hora de escrever seus livros, porque sabia a importância de um bom começo.”Como você vai iniciar o livro é, para mim, o mais difícil. É ali que você vai chamar a atenção de quem está lendo”.

CAPÍTULO TRÊS: E OS PERSONAGENS?

Não existe uma regra. Cada escritor tem o seu jeito para pensar e desenvolver os personagens. Para Frederico, a forma mais fácil e eficiente de desenvolver os protagonistas das suas histórias é fazendo, antes de iniciar a obra, um panorama geral de como eles serão. “É igual produzir um filme: vai ter a Joana, a Joana vai ser calma e ela vai namorar o Pedro. Pedro vai ser um cara mais irritado, que vai terminar o relacionamento. Você tem que ter uma linha temporal e depois você vai preenchendo com a história, que é o mais fácil”, opina o escritor do livro “Um sorriso ou dois”.

Já para Beatriz, essa técnica não funciona. Para ela é muito difícil conseguir pensar primeiro em como serão os personagens, para depois seguir com a narrativa. Ela prefere ir desenvolvendo os seus protagonistas no decorrer na história, de acordo com os fatos que vão acontecendo.

Uma curiosidade bacana que Beatriz também aponta em relação aos personagens é que, depois de um tempo de história, é como se eles tivessem ganhado vida própria. Ela diz que, quando leu isso pela primeira vez, não acreditou. No entanto, conforme foi escrevendo, percebeu que isso realmente acontece. “O personagem cria vida, você não controla ele depois de um tempo. Tinham coisas que a personagem principal fazia e eu falava para minha irmã: ‘Meu Deus, por que ela fez isso?’”. Essa é, de fato, uma experiência que só quem escreve um livro pode sentir – então não culpe os escritores por terem matado os seus personagens favoritos nas narrativas.

Outro ponto importante que envolve os personagens é a definição dos seus nomes, mas esse não costuma ser um problema para quem escreve. Um escritor comumente pensa em nomes que o agradam e coloca em seus personagens, é preciso apenas tomar cuidado para ver se eles se encaixam com as características dos protagonistas: Onde eles nasceram? Como eles são? E por aí, vai.

CAPÍTULO QUATRO: COMO EU PENSO NO TÍTULO?

Essa é uma questão que envolve inspiração – o que pode demorar ou não para surgir. Mas pode ser também uma questão de sorte. A escritora de 18 anos diz que quem escolheu o nome do seu primeiro livro foi, na verdade, o Word. Ao terminar a narrativa, parou para pensar em qual seria o título e percebeu que o programa tinha dado o nome de “Só mais um espetáculo” para o documento, já que essa era a primeira frase que tinha escrito nele. Ela viu então que ele se encaixava perfeitamente com o enredo e resolveu deixar.

Já no seu segundo livro, pensou no seu título após estar navegando pelo Tumblr e ver uma publicação que explicava o significado da palavra em alemão “Wanderlust”. Sua história trata de duas irmãs que, depois de um tempo afastadas, resolvem viajar juntas e vão se descobrindo nessa viagem – o que casa com o significado da palavra em alemão: querer viajar pelo mundo mais do que qualquer outra coisa. Assim, devido a ótimas coincidências, Beatriz conseguiu definir o nome das suas narrativas.

No entanto, é preciso ter em mente que essa parte da criação de um livro depende muito da criatividade e da inspiração de um escritor, ou seja, a ideia pode vir a qualquer momento. Se você está escrevendo e não consegue pensar em um bom nome para sua obra, fique tranquilo. Quem sabe você não está andando pela rua e pensa em algo genial?

CAPÍTULO CINCO: ESCREVI, MAS COMO PUBLICAR?

Talvez esse seja o questionamento mais comum de quem pensa em escrever ou nutra uma curiosidade pelo  tema: como alguém consegue publicar um livro sem ser uma pessoa famosa? Os escritores que já publicaram livros anteriormente sentem mais facilidade em publicar seus novos, principalmente se fizeram sucesso. Já os escritores novatos precisam ter um pouco de paciência. Nem sempre vai ser fácil vender sua ideia para editoras – e nem sempre vai ser barato. Beatriz conta que, após escrever seu primeiro livro, foi atrás de editoras para publicá-lo, mas se surpreendeu com os altos valores de investimento inicial que teria que pagar caso quisesse realmente lançá-lo.”Uma das editoras pediu R$68 mil  para o meu primeiro livro, e R$84 mil para o segundo. Eu não tinha esse dinheiro”. Ela diz que, então, resolveu lançar seu primeiro livro por uma editora portuguesa que estava chegando ao Brasil. Assim, conseguiu publicá-lo por menos de R$10 mil, usando as economias da família.

Seja realista! Segundo Fred Elboni “não dá para ser lírico e falar: ‘vamos pegar essa menina do interior e investir’. Esse é um mundo capitalista”. Então, uma dica preciosa seria procurar por editoras que sejam pequenas ou recentemente abertas. O escritor pode fazer, ainda, todas as etapas da publicação separadamente e de forma particular, comprando a revisão de um lugar, a diagramação de outro e assim por diante. Mas Beatriz já, infelizmente, alerta: “Você tem um grande investimento e não tem retorno”. Tenha em mente que, se você quer escrever, você deve fazer isso por paixão, simplesmente porque gosta. A escritora ainda diz: ”No meu caso, era para poder entrar na Livraria Cultura na Paulista e falar: “Moço, tem o livro da Beatriz Gandolfi?”. E ele me trazer o livro. É a realização de sonho pessoal, porque é muito difícil ficar rico escrevendo aqui no Brasil”.

CAPÍTULO SEIS: TRAVEI, E AGORA?

Sem desespero. Parece horrível, mas acontece com os melhores escritores. Travar, “dar branco”, é algo normal no processo de produção de livros e é preciso saber lidar com isso. A forma mais eficiente é colocando na cabeça que as coisas tem seu tempo, não adianta forçar e escrever qualquer coisa em páginas vazias, porque isso pode fazer com que o livro não fique do jeito que o escritor quer. Uma hora a ideia vêm – sim, do nada – e os autores continuam a escrever.

Essa é uma das vantagens de escritores novatos que não precisam lidar com datas de entrega de livros. Se você está fazendo uma narrativa e não sabe mais o que escrever, não se desespere. “Quando trava, sem neura. Ficar se pressionando, não adianta. Não fica bom o resultado”, Beatriz diz. E ainda completa: “Uma vez eu ouvi isso da Paula Pimenta, que estava a 6 meses sem escrever e que foi para a praia, ouviu a conversa de uma pessoa do lado, e pensou em uma coleção inteira”.

CAPÍTULO SETE: O DESAFIO DE LIDAR COM PRAZOS

Deadlines, como também são conhecidas as datas de entrega, são uma preocupação maior para escritores famosos que trabalham com prazos pré-estabelecidos por editoras. No entanto, isso não é visto  necessariamente como um problema por  todos os profissionais. Muitos não se preocupam com os prazos e, inclusive, lidam muito bem com eles, como é o caso de Thalita Rebouças. Para ela, os deadlines são essenciais. ”Quando a editora não dá um deadline, eu me dou esse deadline. Trouxe isso do jornalismo”, conta.

Prazos, no entanto, não costumam ser dados para escritores novatos. Se um escritor visa produzir vários livros estabelecer uma data de finalização para eles pode ser uma boa maneira de ter um controle e uma organização da produção.

CONSIDERAÇÕES – E DICAS – FINAIS:

No final das entrevistas, Frederico, Beatriz e Thalita deram dicas para quem pretende escrever – ou está escrevendo – um livro. E uma coisa que os dois primeiros falaram é que não se deve ter vergonha do que se está escrevendo. Mostre, peça para lerem, aceite críticas. Não fique tímido por escrever, tenha orgulho do que você colocou no papel e não tenha receio em falar que fez. Já Thalita e Fred também apontam para outro elemento essencial na hora da criação: o treino. “Escreva todo dia. Nem que seja uma linha. Escritor não pode depender só de inspiração, tem que escrever“, comenta Thalita. E Fred completa dizendo que “escrever não é tão bonito. Escrever é mais dedicação e consistência. É escrever dia após dia”.

“Tenha muita coragem, dê a cara a tapa, não se apresse e escreva porque você gosta, não fique pensando nos outros, porque é a pior burrada que a gente faz. Escreva o que você quiser, sem ficar pensando no que os outros vão achar porque não vale a pena. Sempre vai ter um que vai falar mal.”, finaliza Beatriz.

Escrever livros não é tão lindo e fácil quanto parece, mas se for parte dos seus sonhos, com certeza vale a pena. Apenas escreva.

Por Fernanda Teles
fernanda.teles@usp.br

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