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Dafne – Um olhar especial sobre a vida

No início deste mês de agosto, um garoto de 13 anos com síndrome de Down foi agredido por colegas de classe na escola em que estudava na Zona Norte de São Paulo. Casos como esse nos mostram como o preconceito ainda se encontra enraizado nas mais variadas escalas sociais. É justamente nesse infeliz contexto que …

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No início deste mês de agosto, um garoto de 13 anos com síndrome de Down foi agredido por colegas de classe na escola em que estudava na Zona Norte de São Paulo. Casos como esse nos mostram como o preconceito ainda se encontra enraizado nas mais variadas escalas sociais. É justamente nesse infeliz contexto que chega aos cinemas o drama italiano Dafne ( 2019), um relato tocante de uma outra forma de enxergar a vida.

Escrito e dirigido pelo novato Federico Bondi, o filme gira em torno de uma jovem com síndrome de Down que deve lidar com os problemas da vida, os quais envolvem a família, amor e até o trabalho.

A exemplo do filme brasileiro Colegas (2012), Dafne também tem uma protagonista com síndrome de Down. Porém, o grande trunfo do roteiro é abordar a condição da personagem de maneira sutil, isto é, sua particularidade é colocada como o centro das atenções no momento certo. Como resultado, o enredo é contado de maneira extremamente natural. O caráter de conscientização, assim, não é trazido artificialmente para o público.

Além do roteiro, outro fator que faz do longa uma obra com a qual o espectador possa se conectar liga-se à performance de Carolina Raspanti como a personagem-título. Doce, inocente, mas principalmente alguém que ainda sofre com problemas relacionados à morte de um ente querido ou até mesmo a questões familiares, a personagem e a performance da atriz que a interpreta acabam se tornando os principais destaques da obra. Com isso, a sensação é a de que Dafne e Carolina se entendem, e elas acabam sendo o ponto-chave para que o espectador se emocione com a narrativa que está sendo contada.

A protagonista é uma garota como qualquer outra, passa pelos mesmos conflitos e é interessante notar como ela lida com cada um deles. Mais do que isso, é cativante notar o contraste entre a espontaneidade de Dafne em meio aos momentos melancólicos da vida. Estes últimos são explorados tímida, mas eficientemente por uma cinematografia que aposta em jogos de luz.

[Imagem: Reprodução]

Junto à protagonista, é impossível não se impressionar com a atuação de Antonio Piovanelli como o pai da garota. O sentimento de angústia, frustração e ao mesmo tempo resiliência são transparecidos pelo ator de maneira serena. Tanto Luigi, o pai, quanto Dafne são essencialmente humanos, e a direção sabe explorar suas imperfeições e particularidades. A combinação entre esses dois fatores não podia ser melhor, há aqui uma relação pura e honesta entre pai e filha.

Ainda assim, os méritos transcendem as performances e chegam à segura direção de Bondi. Quando o cineasta não apela para diálogos expositivos demais, percebe-se que há uma confiança no elenco que está sendo dirigido por ele. E é no momento em que o longa entra no terreno da relação entre seus personagens, que a carga dramática se mostra presente.

Em relação ao seu ritmo, pode-se dizer que Dafne tem o estilo mais contemplativo de filme. Ou seja, não são raras as vezes em que uma sequência de silêncio ou uma cena que aparentemente não significa muita coisa é mostrada ao público. Um olhar, um movimento ou uma expressão, porém, podem dizer até mais que um diálogo. 

Contudo, nas vezes que o filme abusa desse caráter mais artístico, aquele que busca um filme mais empolgado e enérgico pode se decepcionar. Nesse sentido, há uma leve sensação de que a obra se alonga mais do que precisa ou que não usa o tempo da melhor maneira possível.

Por outro lado, para aqueles que enxergam o filme mais como uma obra de arte, decifrar as várias nuances humanas, seja pelas atuações seja pelos diálogos, torna-se um exercício interessante.

[Imagem: Reprodução]

Posto isso, a obra acaba encontrando certos problemas no momento de lidar com personagens secundários. Pouco explorados, o roteiro acaba não dando a devida atenção a eles. Tal situação deixa alguns componentes da trama um tanto quanto marginalizados ou desenvolvidos superficialmente. Junto a isso, o espectador ainda pode sentir falta de um protagonismo maior à Dafne quando esta acaba contracenando com os demais personagens coadjuvantes.

Dafne é uma emocionante jornada através dos problemas da vida. Abordá-los do ponto de vista de uma jovem com síndrome de Down acaba dando autenticidade e uma carga de realismo à obra. Com boas atuações e uma história profunda, o longa ainda peca no momento de conectar o espectador ao espetáculo, mas merece a atenção dos antenados ao circuito alternativo.

Dafne chega aos cinemas no dia 19 de setembro. Confira o trailer abaixo:

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