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David Bowie no cinema

Camaleão. Eclético. Versátil. Gênio. Essas são algumas palavras muito usadas para descrever David Bowie, cuja carreira nas artes se estende a muito além da música. O intérprete de Ziggy Stardust conta com uma extensa participação também nas telonas, tendo ganhado muitos prêmios em festivais, inclusive. Sendo assim, vamos descobrir um pouco mais dos filmes nos …

David Bowie no cinema Leia mais »

Camaleão. Eclético. Versátil. Gênio. Essas são algumas palavras muito usadas para descrever David Bowie, cuja carreira nas artes se estende a muito além da música. O intérprete de Ziggy Stardust conta com uma extensa participação também nas telonas, tendo ganhado muitos prêmios em festivais, inclusive.

Sendo assim, vamos descobrir um pouco mais dos filmes nos quais Bowie atuou?

O Homem que Caiu na Terra (The Man Who Fell to Earth, 1976)

David Bowie
David Bowie na pele de um alienígena infiltrado na Terra (Imagem: British Lion Films)

Esse filme representou o primeiro grande papel de Bowie nas telonas. O enredo consiste na história do alienígena Thomas Jerome Newton, que vem à Terra em busca de água e mantimentos para seu planeta natal, que sofre com uma tremenda seca. Logo, o personagem principal aterrissa no Novo México e conhece Mary-Lou (Candy Clark), uma simples serviçal de um hotel, com a qual se envolve “romanticamente” (se é que vocês me entendem).

A partir daí, as coisas começam a se desenrolar e Newton desenvolve grande interesse pelos costumes dos terráqueos, principalmente por álcool, sexo e televisão. Ao longo da narrativa, ele conhece o Dr. Nathan Bryce (Rip Torn), que descobre que, por trás do disfarce de pacato homem inglês em visita ao Novo México, existe um ser interplanetário. Isso resulta em diversos conflitos que abalam a estrutura de sua vida na Terra, envolvendo intervenções do governo e o abandono de Mary-Lou.

O filme é um clássico e conta com uma atuação excelente de Bowie. Definitivamente vale a pena assistir! Ah, e uma curiosidade: o longa foi inspirado num livro de mesmo nome, escrito por Walter Tevis e publicado em 1963 e em 2017, ganhou uma versão remasterizada em 4K.

Furyo, Em Nome da Honra (Merry Christmas, Mr. Lawrence, 1983)

David Bowie
Bowie como Celliers, prisioneiro num campo de concentração (Imagem: Shochiku)

O roteiro desse filme é todo baseado nas experiências de Laurens van der Post, um autor sul africano feito prisioneiro na Segunda Guerra Mundial. David Bowie faz o papel de Jack ‘Strafer’ Celliers, antigo oficial inglês e prisioneiro de um campo de concentração, que o tempo todo desacata as ordens do comandante Yonoi (Ryuichi Sakomoto). Celliers acaba criando sérios conflitos graças à sua petulância e a única pessoa ao seu lado durante essa empreitada é o também prisioneiro John Lawrence (Tom Conti), que fala japonês e tenta apaziguar as “tretas” entre os dois personagens.

O diretor do filme é o japonês Nagisa Oshima, que contratou Bowie para atuar depois que o viu performar numa peça da Broadway chamada O Homem Elefante. Não é de se surpreender que o talento e versatilidade de Bowie tenham chamado tanto a atenção, né?

Confira o trailer original, em inglês, de Furyo, Em Nome da Honra abaixo:

Fome de Viver (The Hunger, 1983)

David Bowie
John e Miriam Blaylock, casal da trama vampiresca do filme (Imagem: MGM/UA Entertainment Co)

No mesmo ano de lançamento de Furyo, o icônico David Bowie estrelou também Fome de Viver, cuja história se baseia no envolvimento de John Blaylock, um violoncelista interpretado por Bowie, com uma vampira milenar (porém conservadona) chamada Miriam Blaylock.

Ambos vivem juntos, sobrevivendo e saciando sua sede de sangue com algumas infelizes vítimas de Nova York. Contudo, chega um momento em que John percebe que a dita jovialidade de imortal vem decaindo com o tempo. O problema é que Miriam costuma encaixotar e abandonar seus amantes que se tornam decrépitos ao longo tempo – literalmente (ela coloca todos em caixões fechados numa sala de seu apartamento todo gótico). Sendo assim, John tenta dar um jeito de não ter o mesmo fim dos outros vampiros que conviveram com Miriam.

Além disso, Bowie participa na trilha sonora com a música Funtime

Se, depois de assistir Fome de Viver, quiser mais filmes com a pegada vampiresca, gótica e contemporânea, foi lançado mais recentemente uma película estrelando Tom Hiddleston e Tilda Swintom. Amantes Eternos (Only Lovers Left Alive, 2013) também conta a história de um casal de vampiros suburbanos que enfrentam problemas no relacionamento. Ambas as produções merecem ser conferidas!

Trailer de Amantes Eternos

Labirinto – A Magia do Tempo (Labyrinth, 1986)

David Bowie
Jareth, o Rei dos Goblins, junto ao bebê raptado (Imagem: TriStar Pictures)

Esse filme foi dirigido por Jim Henson, criador dos Muppets, e produzido por ninguém mais ninguém menos que George Lucas (ele mesmo, responsável por Star Wars e Indiana Jones, por exemplo). Bowie assume a interpretação do personagem Jareth, Rei dos Goblins. O enredo se constrói a partir de Sarah Williams (Jennifer Connelly), uma garota que gosta muito de peças teatrais. Um dia, após ficar irritada com seu pequeno irmão, Toby (Toby Froud), Sarah recita uma parte da peça chamada “Labirinto” e pede ao Rei dos Goblins que leve seu irmão embora. E é o que acontece.

Arrependida, suplica a Jareth que desfaça seu pedido e traga seu irmãozinho de volta. Porém, o Rei dos Goblins lhe impõe uma condição para que isso aconteça: ela deveria atravessar o Labirinto que separa o mundo dela do castelo dos goblins e resgatar Toby. Caso contrário, ele se transformaria num goblin para sempre.

Sendo assim, Sarah se aventura no Labirinto e encontra vários empecilhos ao longo do caminho. A garota suborna um goblin-anão chamado Hoggle para guiá-la na jornada, mas o ser mítico só a atrapalha.

É um filme muito divertido e que se tornou referência nos anos 80. Além de interpretar Jareth, David Bowie ficou responsável pela trilha sonora: a maioria das canções do longa-metragem foram compostas e cantadas por ele.

Confira o trailer de Labirinto – A Magia do Tempo abaixo:

Basquiat (1996)

David Bowie
Basquiat (Jeffrey) e Warhol (Bowie), numa cena do filme (Imagem: Miramax Films)

Um filme biográfico que conta a história do famoso artista do Brooklyn, Jean-Michel Basquiat, também aparece na longa lista de grandes filmes dos quais Bowie participou. Esse, inclusive, conta com um elenco de peso: o artista plástico Basquiat é interpretado por Jeffrey Wright, que já atuou em grandes franquias como Jogos Vorazes (The Hunger Games) e 007. Bowie faz o papel do renomado Andy Warhol, mentor de Basquiat. Benny, um amigo de Basquiat, é vivido por Benicio Del Toro. Gary Oldman, Willem Dafoe e até a Courtney Love fazem participações.

A narrativa é construída de forma a contar a vida de Basquiat – do sucesso repentino à rápida decadência às drogas, responsáveis pela morte do artista aos 27 anos. Uma curiosidade a respeito da participação de Bowie é que ele conseguiu itens originais (como vestimentas e perucas) de Warhol para interpretá-lo, diretamente do museu do ícone da arte pop.

https://www.youtube.com/watch?v=vSuY-TWAXwo

O Grande Truque (The Prestige, 2006)

https://www.youtube.com/watch?v=B_qYaaya6Cc

É indicações ao Oscar que vocês querem? Pois então, está feito: esse filme concorreu nas categorias de Melhor Fotografia e Melhor Direção de Arte. Não surpreende, pois o diretor é o renomado Christopher Nolan (A Origem (Inception, 2010) ,trilogia Batman – O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2005-2012), entre outras super produções). Já Bowie, mesmo com uma pequena participação em O Grande Truque, teve um papel fundamental na narrativa: ele interpreta o inventor Nicolas Tesla, que ajuda o personagem de Hugh Jackman. A interpretação de Bowie, como sempre, é muito rica em detalhes e carisma.

A narrativa se fundamenta numa verdadeira disputa de poderes entre dois mágicos britânicos do século XIX, Robert Angier (Hugh Jackman) e Alfred Borden (Christian Bale). Ambos os personagens ficam obcecados com a competição e os resultados são, no mínimo, trágicos.

Contando com o estilo não-linear de narrativa de Nolan, o filme é um excelente entretenimento que vale a pena ser prestigiado!

Existem inúmeras outras produções audiovisuais das quais a nossa estrela David Bowie participou, seja atuando, produzindo ou fazendo parte da trilha sonora. Claro que um músico tão influente faria parte da trilha sonora de vários filmes, né? Vamos então ver alguns exemplos dessas produções!

Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds, 2009)

Uma cena icônica desse filme de Tarantino é singularizada pela música Cat People, do álbum Let’s Dance, de 1983. Essa canção é a trilha dos preparativos da vingança planejada pela personagem judia Shosanna (Mélanie Laurent) contra os nazistas. A fotografia das cenas torna a filmagem absolutamente adequada à música, e quase parece que estamos assistindo a um videoclipe.

As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower, 2012)

Responsável por perpetuar a música Heroes, de 1977, a uma nova geração, a cena de Sam (Emma Watson) junto de seus amigos tornou-se referência para a galera mais jovem. A amizade dos personagens é embalada por uma canção épica e é considerada quase que um hino aos “desajustados”.

Fala sério, dá vontade de entrar em um carro com teto solar e cantar “WE CAN BE HEROES JUST FOR ONE DAY” a plenos pulmões ao assistir essa cena do filme.

https://www.youtube.com/watch?v=KH2lyiprtWg

A Vida Secreta de Walter Mitty (The Secret Life of Walter Mitty, 2013)

O longa dirigido e estrelado por Ben Stiller também tem uma cena importantíssima com a trilha de Bowie ao fundo: Space Oddity, de 1969, é a canção da vez. No filme, a atriz Kristen Wiig interpreta a música numa cena memorável, e decisiva, quando Walter Mitty decide embarcar no helicóptero.

https://www.youtube.com/watch?v=kaCei1jUBXI

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2013)

Tem cinema nacional na nossa lista também! Esse filme tocante conta com a música Modern Love na trilha sonora. Nada mais justo, afinal é super condizente com a narrativa de descobertas sobre amor e sexualidade. A canção aparece na cena de uma festa cheia de adolescentes, e dá ares dos anos 80 num filme muito voltado ao público jovem.

Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy, 2014)

O melhor dos anos 80 está presente na trilha sonora divertida desse sucesso da Marvel. Sendo assim, Bowie participa também com Moonage Daydream, responsável pelo contraste de uma cena “tensa” com uma música que – surpreendentemente –  tem tudo a ver com a situação dos personagens.

Bowie foi e sempre será uma grande influência nas artes. Então vamos exaltar o talento desse verdadeiro camaleão, cujo legado perdura de inúmeras formas no nosso entretenimento! Quais filmes da nossa pequena lista você já assistiu ou ficou com vontade de ver?

por Laura Alegre
lauraalegre@usp.br

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