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‘De Volta aos 15’, segunda temporada: uma surpreendente continuação

Nova fase da série supera a primeira ao trazer aprofundamento dos personagens, assuntos importantes para o público e muita nostalgia dos anos 2000
Por Sarah Kelly (sarahkelly@usp.br)

Após uma primeira temporada bem-sucedida, De Volta aos 15 (2022 – ) retornou à Netflix na última quarta-feira (5). Desde seu lançamento, a produção nacional aparece no Top 10 séries assistidas no Brasil e no mundo todo. Seja pelo elenco de peso ou pela amada narrativa de viagem no tempo que faz os espectadores se sentirem em 2006, a adaptação do livro Depois dos Quinze (Editora Gutenberg, 2012) de Bruna Vieira tem conquistado fãs por todo o mundo.

“Eu acho que é a nossa vez de descobrirmos quem nós somos e é pra isso que serve a adolescência”

— Camila de 15 anos (Nila)

A segunda temporada começa no exato momento em que a última foi finalizada, dando continuidade para a trama de Anita (Maísa e Camila Queiroz).  A personagem de 30 anos que consegue reviver seus 15 anos por meio de sua antiga rede social, o Floguinho, tem de lidar com imprevistos. O principal deles é Joel (Antonio Carrara e Gabriel Stauffer): na tentativa de apagar a protagonista de sua vida, ele invade a conta de Anita no Floguinho e acaba voltando no tempo com sua “paixonite” da adolescência. Em seu constante esforço de consertar o futuro, Anita tem que conviver com esse novo parceiro de viagem no tempo. 

Novo espaço para Joel ajuda no amadurecimento da protagonista que tende a ter decisões egoístas [Imagem: Divulgação/ Netflix]

Mais nostálgica do que nunca

Na nova temporada, a maioria das cenas se passa em 2006 e não em 2021, ano em que se encontra a Anita mais velha. Por isso, os roteiristas apostaram ainda mais no sentimento de nostalgia. Referências a Rebelde (2004-2006), a coreografia de Ragatanga do Rouge, a blogs, ao Orkut e as câmeras digitais são alguns dos elementos que fazem o público se teletransportar para os anos 2000. Essas peças são fundamentais para que as pessoas da geração millennial se identifiquem, além de possibilitarem que a geração Z saiba como era a vida antes dos smartphones e presença massiva das redes sociais.

Série apresenta gravação de um clipe com estética típica da época [Imagem: Divulgação/ Netflix]

Outros recursos também cumpriram o objetivo de reviver as lembranças da década. Um desses instrumentos é a trilha sonora que, como na primeira temporada, traz músicas de Charlie Brown Jr. e demais bandas e artistas que faziam sucesso naquele momento. 

Anita de quinze anos não sai de casa sem sua câmera digital, objeto que voltou a ser tendência em 2023 [Imagem: Divulgação/ Netflix]

A fotografia da série também é admirável. As ambientações das cidades de São Paulo e de Imperatriz, onde o elenco adolescente vive, são impecáveis. Vale destacar a caracterização de Maísa e Camila Queiroz, atrizes que não são semelhantes, mas na produção, não há dúvida de que são a mesma pessoa em idades diferentes. 

Debates relevantes

Em uma primeira impressão, De Volta aos 15 parece uma despretensiosa e alegre  série infanto-juvenil, mas ela também aborda temas de peso para a sociedade, como identidade de gênero e orientação sexual. A personagem Camila, anteriormente César (Nila e Alice Marcone), teve parte nisso ao aparecer em um arco dramático muito bem construído na segunda temporada. São emocionantes todos os diálogos em que a personagem se descobre enquanto mulher trans, e a narrativa é de uma representatividade importante, já que são poucas as produções audiovisuais que mostram uma adolescente em transição.  

https://twitter.com/nieeduu/status/1676742247813881856

“A forma que esta personagem chegou para mim foi como um caminho aberto até os meus próprios conflitos. Construir e me tornar César, de alguma forma, fez com que eu avançasse muito mais rapidamente nos meus processos e encarasse a minha própria realidade enquanto pessoa trans. Era engraçado demais porque havia momentos em que eu, na minha vida privada, vivia uma situação que, quando eu parava para analisar, era igualzinha à que César estava vivendo, e vice-versa. A personagem amadureceu, e esse crescimento teve muita influência sobre mim. Depois que eu fiz essa temporada, aprendi coisas suficientes sobre mim para perceber que eu precisava mudar algumas coisas na minha vida, e isso é maravilhoso, porque autoconhecimento é um dos assuntos centrais de De Volta aos 15” 

— relata a atriz Nila, que viveu a Camila de 15 anos, em entrevista para a Uol

Educação sexual e assédio também são temas explorados em um dos episódios, com um enfoque maior para a Carol jovem (Klara Castanho). É interessante ver adolescentes empoderadas e com alta compreensão de mundo em uma história que se passa em 2006, já que essas abordagens passaram a acontecer mais nos últimos anos. 

Crescimento dos personagens

Em entrevista para a Capricho, quando questionada sobre a diferença entre a Anita da primeira e da segunda temporada, Maísa respondeu que acha que “ela [a personagem da atriz] está mais focada”. De fato, as viagens de ida e volta no tempo que eram cansativas de assistir, por sua repetição e falta de sentido, se tornaram muito mais dinâmicas na nova temporada. Dessa vez, a protagonista fez suas trajetórias com objetivos em mente. Esse avanço pode ser explicado pela experiência que ela adquiriu anteriormente e também por Joel. Além de ter o próprio desenvolvimento, o novo parceiro de Anita ainda  faz com que ela pense em outras perspectivas.

Nesse sentido, é possível entender muito melhor a protagonista nessa temporada. As atrizes Maísa e Camila Queiroz mostraram novas faces de seus talentos artísticos com cenas tocantes de Anita sofrendo com a doença do pai. A retratação desse sensível momento foi feita de maneira delicada e, além de dar novas camadas a personagem, pôde impactar aqueles que já vivenciaram experiências parecidas.

 “Você não vai encontrar a resposta para essa dor que você está sentindo fugindo.”
Anita de 15 anos (Maísa)

Quem também teve sua trajetória melhor explicada foi Luiza (Amanda Azevedo). As dúvidas que foram levantadas acerca das motivações da garota que se muda para São Paulo no último capítulo da primeira temporada foram respondidas na segunda. É curioso como o deslumbre da personagem pela capital de São Paulo pode se assemelhar ao de Bruna Vieira, criadora do livro que inspirou a série, que também saiu do interior de Minas Gerais e viu no cenário urbano possibilidades que não teria em sua cidade natal.

Diferente do livro, a série explora química de Anita e Fabrício [Imagem: Divulgação/ Netflix]

Fabrício (João Guilherme e Bruno Montaleone) é quem rouba a cena com seu charme e amadurecimento. Para quem assiste o primeiro episódio é surreal ver como o bad boy se transforma. Nessa temporada ele cresce ao dar apoio para a irmã Camila em sua transição de gênero, além de expor ainda mais seu lado sentimental com um novo interesse amoroso em Anita. Outros personagens secundários também foram bem construídos, como Fagulha (Lucas Deluti) e o vilão Eduardo (Gabriel Wiedemann e Fabricio Licursi).

Em sua segunda temporada, De Volta aos 15 elevou o patamar da série e surpreendeu com os novos rumos e aprofundamento dos personagens. Com apenas 6 episódios e classificação etária 12+, vale a pena maratonar. Há uma conclusão no último episódio, mas muitas questões ficaram em aberto… Por isso, a Netflix acaba de anunciar a renovação da série que promete trazer novidades, já que agora Anita voltará aos seus 18 anos e não mais aos 15. Confira o teaser da terceira temporada clicando aqui.

Assista a série neste link, ou confira o trailer da segunda temporada:

*Imagem de capa: Divulgação/ Netflix

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