Em cartaz nos cinemas, Elementos (Elemental, 2023) é mais um filme da Pixar que deve arrancar boas risadas das crianças enquanto emociona os adultos com reflexões sociais e sentimentais. Imigração, preconceito, autoconhecimento e problemas familiares são alguns dos temas abordados no longa, que se passa em um universo onde os elementos fogo, ar, água e terra vivem em harmonia. 

A animação acompanha o desenrolar de uma comédia romântica – uma novidade para as produções do estúdio – entre Faísca (Leah Lewis) e Gota (Mamoudou Athie), que encantam  ao longo de toda a duração do filme. 

A história e suas reflexões

O longa começa com a chegada dos pais imigrantes de Faísca na Cidade Elemento – onde a trama é ambientada – e narra, em seus primeiros minutos, a adaptação dos personagens à nova realidade.  A discriminação com imigrantes ganha espaço logo no início da trama, quando o longa mostra que a vida da família não vai ser fácil por conta do preconceito existente com o elemento fogo, que é visto como uma ameaça por outros personagens.

Ainda na questão familiar, Faísca precisa lidar com o sonho de seu pai, que deseja que a filha assuma o controle de sua loja. Desde pequena, a personagem sente a pressão de ter que gerir o empreendimento da família e o caminho até alcançar as expectativas de seu pai a levará em uma longa jornada de autoconhecimento e amadurecimento. 

Uma fragilidade da produção está no desenvolvimento e na conclusão de alguns conflitos. O filme aborda mais assuntos do que o necessário, o que pode levar o público ao cansaço em cenas que não são finalizadas da melhor maneira, além de também contribuir para o aceleramento desnecessário de algumas sequências.

Os opostos se atraem

Ainda que Elementos traga conflitos familiares e outras questões importantes ao longo de sua trama, é fato que o ponto alto da animação está no desenrolar do romance entre Faísca e Gota, que se conhecem no fim do primeiro ato em um dos momentos de estresse da personagem de fogo.

Conforme os minutos do filme passam, o desafio dos personagens em viver um romance proibido fica claro, mas Gota e Faísca se empenham para fazer a relação funcionar enquanto lidam com diversos obstáculos. A história do casal, por mais que soe genérica em alguns momentos, consegue emocionar, provocar reflexões, tirar risadas e até servir de acalento. 

Um ponto negativo é que, com o total destaque para os elementos fogo e água, o filme infelizmente abandona o ar e a terra, o que pode contribuir para que o espectador tenha a sensação de que a produção está incompleta. 

O universo

Outro destaque de Elementos é a genialidade com que seu universo foi construído. A composição do cenário, mesclada com a perfeita construção dos personagens e uma pitada de bom humor e trocadilhos incríveis no roteiro, desfoca os pontos negativos da produção e tornam a experiência de assistir ao filme prazerosa. 

A animação de cada um dos quatro elementos foi muito bem estruturada e isso é perceptível em todo o filme. Os traços dos personagens são impecáveis e impressionam, principalmente os do elemento fogo. A cidade, os objetos e o roteiro adaptados para cada cena trazem humor, deixam evidente a criatividade por trás da animação e despertam a vontade de repetir a dose assim que o filme acaba. Apesar das falhas, a animação se consolida como uma ótima opção para quem quer descontrair, chorar e fugir um pouco do mundo real, e deve conquistar todas as idades.

O filme já está em cartaz nos cinemas. Confira o trailer:

*Imagem de capa: Divulgação/Pixar