Valeu a pena acordar cedo nesse sábado. Em partida válida pela segunda rodada da fase de grupos do futebol feminino nas Olimpíadas de Tóquio, Brasil e Holanda protagonizaram um jogo movimentado: 3 a 3 no placar final. As brasileiras, guiadas por Debinha, Marta e Ludmilla (com um gol para cada), não venceram, mas convenceram.
O jogo começou intenso: logo aos três minutos, a atacante holandesa Vivianne Miedema, super artilheira da temporada na Europa e uma das melhores jogadoras do mundo, recebeu a bola já dentro da área, girou pra cima de Erika e fuzilou no canto direito para abrir o placar no Miyagi Stadium. Um susto, mas não houve desespero.
O Brasil cresceu e se impôs no jogo, sob comando da camisa 10, Marta. Aos sete minutos, possibilidade de pênalti para as brasileiras, anulado pelo VAR com certa demora. Mas a pressão continuou e surtiu efeito: aos 17 minutos, Debinha deu belo passe a Duda na linha de fundo, recebeu o cruzamento na medida e igualou o placar.
O 1 a 1 persistiu até o fim do primeiro tempo. Jogo truncado, com poucas chances de gol. No segundo, então, veio o desempate: aos 14 minutos, Van de Donk cruzou e Miedema, de novo, subiu mais que a defesa para testar para dentro. A goleira Bárbara falhou no lance e não conseguiu espalmar uma bola consideravelmente defensável.

Novamente, o Brasil reagiu rápido, e ainda melhor! Em um intervalo de nove minutos desde o gol holandês, a seleção virou o placar para 3 a 2. Ludmilla sofreu o pênalti do primeiro gol após bela jogada individual, cobrado com excelência por Marta, e estava atenta para aproveitar o erro de passe da zagueira Nouwen, driblar a goleira Van Veenendaal e marcar o da virada. Ela entrou no intervalo para mudar o jogo!
Contudo, a Holanda é repleta de craques. Aos 34 minutos, em belíssima cobrança de falta de Jansen, tudo ficou igual novamente: 3 a 3. Bárbara chegou a tocar na bola, mas não conseguiu evitar. Nenhuma outra grande chance ocorreu e o placar terminou assim.
Ambas seleções decretaram suas classificações com o resultado, mas a atuação é ainda mais valiosa para as brasileiras. A equipe demonstrou solidez, não correu grandes riscos contra uma Holanda que acabara de bater o recorde de gols em único jogo olímpico (10 contra a Zâmbia) e teve suas melhores jogadoras participando ativamente do jogo.
Esse controle das ações contra um time vice-campeão mundial em 2019 mostra que o Brasil tem bola para bater de frente contra as favoritas e finalmente trazer o ouro olímpico no futebol feminino.
Ficou o gostinho próximo da vitória, mas, acima de tudo, foi um grande teste de como temos que ver a nossa seleção em campo. E, no final, elas passaram bem.

As brasileiras voltam a campo na próxima terça-feira, 27, contra a Zâmbia. Precisará golear bem para tentar a liderança do grupo F, contando que a Holanda também vença a China. A primeira colocação, porém, pode trazer maiores pedreiras nas quartas de final, como EUA e Suécia. A segunda, por sua vez, coloca Japão, Canadá ou Grã-Bretanha no caminho do Brasil.
Imagem de capa: Reprodução/Twitter @SelecaoFeminina