Jornalismo Júnior

logo da Jornalismo Júnior
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Catar 2022 | França confirma favoritismo, vence Marrocos e está na final da Copa do Mundo 

Seleção marroquina teve o domínio da bola, mas prevaleceu a letalidade dos franceses, que enfrentam a Argentina na final neste domingo

Quando as casas de apostas calcularam suas premiações e os palpiteiros de bolão fizeram suas projeções antes da Copa do Mundo de 2022, certamente o Marrocos não estava entre os favoritos. Certamente, quem apostou no Marrocos como semifinalista ganhou uma grana. E é certo também que quem palpitou a favor do país africano, disparou na tabela do bolão. Exceção feita a Samuel Eto’o, ninguém sequer cogitou a possibilidade de os marroquinos chegarem tão longe.

Marrocos nunca chegou. Africanos nunca chegaram. Países de maioria islâmica, só um: a Turquia de 2002. Mas aconteceu. Os Leões do Atlas passaram em primeiro lugar em um grupo com duas favoritas (Bélgica e Croácia), eliminou a nova geração da Espanha nas oitavas de final e Portugal de Cristiano Ronaldo (ainda que ele tenha ficado no banco) nas quartas. Tudo isso sofrendo apenas um gol, contra, na vitória diante do Canadá, por 2 a 1, na primeira fase. Tudo isso com um estilo de jogo muito claro e jogadores conscientes de suas tarefas dentro de campo.

Tudo isso unindo talentos individuais a um excelente trabalho feito em três meses pelo treinador Walid Regragui. No dia 14 de dezembro, o Marrocos entrou em campo em Al Khor para desafiar a estatística, as probabilidades, a história! Isso porque a adversária da semifinal era nada mais, nada menos, do que a França, histórica colonizadora do país do norte da África. Logo, a vaga na final da Copa estava, sim, em jogo. Mas não só ela. 

A França, por sua vez, assustou o mundo quando anunciou sete cortes de jogadores importantes da seleção, incluindo cinco titulares e o atual melhor do mundo, Karim Benzema. Contrariando a queda projetada, porém, passou em primeiro lugar em grupo que teve a Austrália como surpresa, a Dinamarca como decepção e a Tunísia vencendo a equipe reserva de Les Bleus, na última rodada. Depois, os franceses derrotaram a Polônia com autoridade e passaram pela Inglaterra nas quartas, em um dos melhores jogos do Mundial do Catar. A França era favorita, mas talvez não se pudesse imaginar tamanha confiança e consistência de uma equipe com tantos desfalques e com um fim de ciclo de resultados ruins no pré-Copa

Primeiro tempo: Marrocos envolvente, França letal. 

Se não bastassem os desfalques que a seleção francesa já tinha, Didier Deschamps perdeu mais dois atletas para o duelo com o Marrocos: o zagueiro Upamecano e o meio-campista Rabiot, com sintomas gripais, que foram substituídos por Konaté e Fofana. Walid Regragui, por sua vez, teve o retorno de Mazraoui, que ficou de fora do jogo contra Portugal por lesão. O zagueiro Aguerd não se recuperou a tempo da partida, enquanto o capitão Saïss, que sentiu dores contra a Espanha e saiu contundido do jogo das quartas, também voltou a tempo de jogar a semifinal. A única mudança tática da seleção marroquina em relação aos outros jogos se deu pela saída de Amallah, meio-campista, para a entrada de Dari, zagueiro, em uma clara intenção de aumentar o poderio defensivo da equipe e conter o ataque francês, além de dar mais liberdade aos seus jogadores de criação. 

Apesar deste reforço, a melhor defesa da Copa foi vazada com menos de 5’ de jogo: Varane deu lindo passe entre três defensores adversários até que a bola chegasse a Griezmann, que girou sobre o marcador, entrou na área e rolou para Mbappé. O camisa 10 tentou finalizar por duas oportunidades, a bola bateu em Giroud e sobrou para Theo Hernández golpear para o fundo do gol. O passe de Varane e a genialidade de Griezmann foram tão inesperados que a defesa marroquina ficou perdida na jogada. Tanto Hakimi como Ounahi, que costumam marcar pelo lado direito, foram para o meio da área tentar bloquear as tentativas de Mbappé – e eram cinco nessa função. Quando a bola sobrou para Theo, não havia ninguém para incomodá-lo. 1 a 0 França e o primeiro gol sofrido por Marrocos vindo dos pés de um jogador oponente. 

Theo Hernandez, da França marca o primeiro contra a seleção marroquina
O gol do camisa 22 foi o mais rápido em uma semifinal de Mundial desde 1958, quando Vavá abriu o placar para o Brasil contra a França, aos 2’. [Foto: Reprodução/Twitter @equipedefrance]

O que se viu daquele momento em diante, porém, foi algo diferente do que se imaginava: Marrocos tinha a posse da bola a maior parte do tempo (56% no primeiro tempo e 67% no segundo), enquanto a França, assim como tinha feito contra suas duas melhores adversárias tecnicamente até então – Dinamarca e Inglaterra – não fazia questão de ter a bola exceto quando fosse para atacar, de fato. Ainda que Didier Deschamps possa ter feito isso estrategicamente, baseado na partida entre Argentina x Croácia – em que os croatas tiveram mais posse de bola – o argumento cai por terra a partir do momento em que a equipe de Regragui, diferentemente da Croácia, sabe muito bem o que fazer com a bola no campo ofensivo. A partir dali, a defesa francesa seria testada. 

Aos 10’, Ounahi arriscou de fora da área para grande defesa de Lloris. A seguir, com 16’, Boufal recebeu ótimo passe de Ounahi, girou para cima da marcação, arrancou e rolou para Ziyech, que finalizou para fora. Logo após o tiro de meta, Konaté achou um lançamento brilhante para Giroud, que ganhou de Saïss, correu e bateu forte na trave. Saïss, por sua vez, saiu, aos 21’, para a entrada de Amallah – aquele mesmo que tinha saído do time. O capitão marroquino jogava claramente no sacrifício e acabou não aguentando. A volta de Amallah à equipe trazia ainda mais obrigações defensivas a Amrabat, que no momento defensivo recuava quase como o terceiro zagueiro que era Saïss. 

Hakimi é, talvez, o principal jogador do Marrocos, e faz brilhante Copa do Mundo, sendo o jogador com mais desarmes na competição (23) e se provando também valioso na parte defensiva. Quando seu time tomou um gol aos 5’ de uma semifinal de Copa, porém, ele acabou abdicando em grande parte da defesa, e tanto a jogada de Giroud como o lance de perigo seguinte aconteceram pelo lado direito da defesa marroquina – que tem como lateral o camisa dois. Aos 36’, Tchouaméni avançou com a bola pelo meio, deixou dois marcadores para trás e fez ótimo passe nas costas da defesa para Mbappé, que dominou e por pouco não marcou. El Yamiq afastou, mas a bola sobrou para Tchouaméni, que tocou para Giroud, sozinho, perder um gol incrível. 

As chances francesas cessaram por aí, e aos 44’, após escanteio cobrado por Ziyech, a bola sobrou para El Yamiq virar uma linda bicicleta, que pegou na trave direita de Lloris. No lance seguinte, Boufal bateu para fora. 

Segundo tempo: foi quase!

Para a segunda etapa, Regragui tirou Mazraoui, que não tinha condições de atuar os 90’, para colocar o bom Attiyat Allah. A partida recomeçou no ritmo do final do primeiro tempo: com Marrocos no ataque, conseguindo belas jogadas, principalmente pelo lado direito, com Hakimi e Ziyech. E era o jeito, já que os dois são os melhores jogadores do time e a defesa francesa tinha, pelo lado esquerdo, Theo Hernández, que é muito mais ofensivo do que Koundé, do outro lado. Além disso, Mbappé, que também joga pela esquerda, não contribui tanto na defesa.

A França não teve vida fácil! O ataque dos Leões do Atlas se mostrou tão organizado quanto a defesa, e deu trabalho para Les Bleus. Com 53’, após jogada de ultrapassagem pela direita, Boufal (que é ponta esquerda mas apareceu bastante pelo outro lado) cruzou para a área e a bola sobrou para Attiyat Allah, que bateu mal. No lance seguinte, Attiyat Allah, novamente, foi acionado, agora por Ounahi. Ele foi até a linha de fundo, cruzou e a defesa francesa impediu que o gol saísse. Na sobra, Amrabat disparou para fora. Era pressão marroquina!

Nos minutos seguintes, o Marrocos seguiu tendo a bola e tocando em torno da área, mas sem ameaçar o gol de Lloris. Isso piorou aos 66’, quando Regragui tirou Boufal e En-Nesyri para as entradas de Hamdallah e Aboukhlal. A busca era por renovar seu ataque fisicamente, mas em qualidade o time perdeu. Enquanto isso, Deschamps tirou Giroud, centralizou Mbappé e colocou Marcus Thuram pela esquerda do ataque. Thuram chamou faltas importantes para a manutenção da posse por Les Bleus. Em uma dessas faltas, Griezmann – o melhor em campo – cruzou e a bola sobrou para Koundé. O camisa 5 encontrou Mbappé, que fez jogada individual e bateu, mais uma vez, travado. 

Com 71’, Thuram cabeceou para fora após cobrança de falta de Griezmann. Logo depois, Fofana escapou e abriu para Thuram, que devolveu para o camisa 13 chutar para fora. Com 78’, Amallah, que entrara no primeiro tempo, deu lugar a Ezzalzouli, do lado marroquino. O jovem barcelonista de apenas 20 anos tinha entrado bem nos jogos da primeira fase e não foi diferente na partida de ontem. Ele trouxe o refino técnico e a velocidade que tinham sido perdidos nas saídas de Boufal e En Nesyri. Do lado europeu, Dembélé foi substituído por Kolo Muani. E foi ele o responsável por dar números finais à partida: após jogada individual de Mbappé, a bola sobrou para o camisa 12 guardar, em seu primeiro toque na bola: 2 a 0! Foi o terceiro gol mais rápido de um substituto em Copas do Mundo: 44’’! O recorde pertence a Morales, do Uruguai, que marcou após 16’’ em campo contra Senegal, na Copa de 2002. Outro detalhe interessante é que Kolo Muani sequer iria para a Copa do Mundo. Sua convocação ocorreu após a lesão de Nkunku, já no período de preparação.

O cenário do primeiro gol se repetiu: Mbappé, cercado, não conseguiu finalizar a gol. Sorte dele, e azar do Marrocos, que Theo Hernández e Kolo Muani estavam lá para conferir. 

O Marrocos não desistiu e seguiu no ataque. Aos 92’, Ounahi finalizou para fora. Dois minutos depois, Ezzalzouli fez linda jogada individual pela esquerda, deixou Griezmann e Koundé para trás e rolou na área. A bola sobrou para Ounahi, que pegou de primeira e acertou a marcação. Hamdallah ainda desviou e a defesa afastou. Final de jogo, 2 a 0 e, como bem descreveu Jorge Iggor, da TNT Sports: “França na final, Marrocos na história!”.

Para a França, fica a esperança pelo tricampeonato. Será a quarta final francesa nas últimas sete Copas. Além disso, pela quarta vez uma seleção chega à final duas vezes seguidas. Dentre as campeãs, a Itália (1934 e 1938) e o Brasil (1958 e 1962), foram bicampeões, e a Argentina (1986 e 1990) não conseguiu o feito. Já o Brasil de 1998 e 2002, fez o caminho oposto, perdendo a primeira final e vencendo a segunda. Ao final da partida, Blaise Matuidi, campeão em 2018, foi ao vestiário comemorar com os jogadores, bem como o presidente Emmanuel Macron. 

Já o Marrocos tem muito do que se orgulhar. Contra todos os prognósticos e preconceitos possíveis, soube defender quando tinha que defender e atacar quando tinha que atacar. Quebrou recordes, revelou ótimos jogadores e um brilhante treinador a um mundo que talvez não quisesse vê-los – a seleção da Copa e a próxima janela de transferências devem refletir tudo isso. Mostrou que não é preciso ter medo de jogar futebol e que é possível aliar técnica, tática e mental mesmo sem os melhores atletas. Encantou com sua torcida e ainda agregou apoio do mundo inteiro. A caminhada não acabou, e ainda tem mais um confronto por vir, contra outra seleção que se provou muito capaz mesmo sem o melhor time: a Croácia. 

Próximos passos:

A grande final da Copa do Mundo do Catar 2022 será disputada no Estádio Lusail, em Lusail, no domingo (18), ao meio-dia, entre Argentina (que derrotou a Croácia por 3 a 0) e França. A Argentina vai em busca do tricampeonato, após ter vencido em 1978 (na Argentina) e em 1986 (no México), assim como a França, campeã em 1998 (na França) e em 2018 (na Rússia). O Marrocos ainda não finalizou sua participação, e enfrenta a Croácia na decisão do terceiro lugar, no sábado, ao meio-dia, no Estádio Internacional Khalifa, em Doha. Se alguém acha disputas de terceiro lugar sem graça, basta perguntar a marroquinos e croatas e descobrir o quanto isso vale para eles. 

Ficha técnica:

França (4-3-3): Lloris; Koundé, Varane, Konaté, Theo Hernández; Tchouaméni, Fofana; Dembélé (Kolo Muani, 79’), Griezmann, Mbappé; Giroud (Thuram, 65’). [Arte: Ricardo Thomé]

 

Marrocos (5-4-1): Bono; Hakimi, Dari, Saïss (Amallah, 21’ (Ezzalzouli, 78’)), El Yamiq, Mazraoui (Attiyat Allah, 46’); Ziyech, Ounahi, Amrabat, Boufal (Aboukhlal, 67’); En-Nesyri (Hamdallah, 66’). [Arte: Ricardo Thomé]

Gols: Theo Hernández (5’) e Randal Kolo Muani (79’) – FRA

Cartões amarelos: Sofiane Boufal (27’) – MAR

Banner da Copa do Mundo Catar 2022, que terá a final entre França e Argentina

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima