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Ganhando no grito

[O Zelador Animal] A grande atração de “O Zelador Animal” (Zookeeper), no Brasil, não é o filme, vejam só, mas sua dublagem e o principal destaque não é o ator Kevin James, como era de se esperar, mas sim Marcelo Adnet! Em seu primeiro trabalho para cinema, o humorista dublou cinco personagens do filme e …

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[O Zelador Animal]

A grande atração de “O Zelador Animal” (Zookeeper), no Brasil, não é o filme, vejam só, mas sua dublagem e o principal destaque não é o ator Kevin James, como era de se esperar, mas sim Marcelo Adnet!

Em seu primeiro trabalho para cinema, o humorista dublou cinco personagens do filme e vem chamando mais atenção em terras brasileiras do que a própria produção. Inspirados na versão original, em que os grandes nomes também apareciam nas vozes dos animais, com Sylvester Stallone dublando o leão, Cher, a leoa e Adam Sandler, o macaco, a distribuidora também apostou na dublagem para garantir o sucesso do filme e conquistar o público. Apesar de Adnet ser um estreante, a equipe possuía nomes como o de García Júnior, um dos dubladores mais experientes do país. “Não tinha muita noção, mas tinha muita confiança na equipe de direção e no García”, explica o comediante, e agora também dublador, em entrevista coletiva.

A história traz o ator Kevin James como Griffin Keyes, zelador-chefe de um zoológico em Boston, sendo rejeitado ao pedir sua namorada Stephanie (Leslie Bibb) em casamento. Cinco anos depois, com o evento aparentemente superado e ainda trabalhando no zoológico, Griffin reencontra Stephanie na festa de seu irmão Dave (Nat Faxon) e sua paixão reacende com as deixas de que ela ainda estaria interessada nele. Com a ajuda dos animais, que, surpreendentemente, são capazes de falar, e de Kate (Rosario Dawson), veterinária do zoológico, Griffin utiliza táticas do mundo animal para tentar reconquistar sua amada.

Na trama, Adnet deu voz ao gorila Bernie, ao macaco, ao urso Bruce, ao elefante e ao leão. “Eram personagens muito diferentes e eu não podia me repetir, nisso tive muita ajuda da equipe” afirma o humorista, que explica: “O original teve muito estudo e trabalho para aliar a personalidade dos personagens à voz. Nós respeitamos esse ponto de partida, que já era muito bom”. Entre todos os seus personagens, Adnet define: “o Bernie [gorila] foi a voz mais difícil, porque ele começa deprimido e no fim ele está saindo na noite, é o personagem que tem a maior curva dentro da história”.

O respeito ao trabalho original manteve a voz grossa e “sacana” do macaco e a insegurança por trás da imponência da voz do leão, mas permitiu a inserção de algumas modificações. “Nos ursos, eu pude imprimir mais marca, criação da voz, mais improviso e mudanças no roteiro. Inclusive mudamos o nome de um dos ursos, de Jerome para Sandro, por causa de uma das piadas que inserimos no filme”, completa Adnet.

Investir na divulgação do trabalho de dublagem tanto quanto na da produção em si parece uma boa estratégia para a distribuidora no Brasil. Não que o filme deixe de ser engraçado, mas está longe de satisfazer espectadores um pouco mais exigentes. Muitos detalhes da história parecem retirados de outras obras (não é estranho lembrar-se de Uma Noite no Museu ou Dr. Dolittle) e a estrutura da comedia romântica lembra muito alguns filmes do próprio Adam Sandler, o que não pode ser coincidência se considerarmos que ele faz parte do elenco e que o diretor – Frank Coraci – é o mesmo de “Click” e “Afinado no Amor”.

Além do roteiro pouco original e absolutamente previsível, os personagens humanos têm pouca ou nenhuma profundidade, menos até que os animais. Sem mencionar o gorila, lembrado por Adnet, o próprio leão, com pouquíssimas falas durante o filme, apresenta uma história bem mais interessante e desenvolvida que a de Stephanie ou de Kate.

As melhores seqüências do filme são as que exploram a capacidade cômica de Kevin James, que consegue adequar muito bem sua expressão corporal às incorporações animais de seu personagem. Longe de ter um brilho intelectual, as piadas entre os animais pelo menos garantem risadas despreocupadas e a diversão das crianças.

“Um filme que vai agradar tanto pais quanto as crianças. Todos vão gostar, de coisas diferentes, de elementos diferentes”. Com essa definição, Marcelo Adnet encerrou a entrevista coletiva, ressaltando ainda mais a, já clara, proposta dos produtores de “Zelador Animal”.

Divertir tanto as crianças quanto quem as leva ao cinema era o objetivo, mas foi justamente por querer agradar a todos que não se fez o filme nem para um, nem para outro. O maior erro parece estar exatamente aí. Aproximar a estrutura manjada das comédias românticas à temática infantil do zoológico com animais falantes foi uma ideia que não rendeu o esperado e apenas serviu para justificar a opção de distribuir apenas cópias dubladas no Brasil e tentar ganhar o público pela voz de Adnet.

Mateus Netzel
mateusnetzel@gmail.com

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