Ricky Hiraoka
Os musicais, que dominaram o cenário do cinema nas décadas de 1940 e 1950 e depois caíram em desgraça, estão recebendo novo fôlego com a recente produção francesa e conquistando novos fãs. Os exemplos mais contundentes disso são o irresistivelmente pop Canções de Amor e o charmoso Beija na Boca, Não!, que estreia nessa sexta-feira.
Baseado em uma opereta, o longa se passa em 1925 e conta as desventuras amorosas de sete personagens que vivem intensamente traições, amores proibidos e, até, castidade. Através de muita música (muita mesmo), as situações vividas se entrelaçam e as personagens expõem seus dilemas e demonstram suas intenções. Todos os números musicais são extremamente bem-feitos e exalam charme.
Alain Resnais (diretor de Medos Privados em Lugares Públicos) comanda um elenco primoroso, com destaque para Audrey Tatou e Sabine Azema, e realiza um filme inesquecível. Faltam adjetivos para descrever a deliciosa sensação de assistir a Beijo na Boca, Não!. O filme é uma rara e singela mistura de arte e entretenimento, combinação que não costuma acontecer a toda hora. E só isso já era o suficiente para que a película merecesse ser vista. Mas Beija na Boca, Não! oferece mais: ótimas interpretações, uma direção de arte impressionante e um belo figurino. Além disso, no fim do filme, fica aquele gostinho de quero mais.