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“Jardins da Arara de Lear”: uma viagem ao sertão baiano

Por: Letícia Vieira Santos (leticiavs@usp.br) Em Jardins da Arara de Lear ( Editora Nitro, 2017), o escritor Gustavo Nolasco e o fotógrafo João Marcos Rosa contam mais do que a história de uma espécie ameaçada. O livro, lançado na última quinta-feira (21) em um evento intimista na DOC galeria, celebra a beleza do sertão da …

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Por: Letícia Vieira Santos (leticiavs@usp.br)
João Marcos Rosa e Gustavo Nolasco no lançamento do livro “Jardins da Arara de Lear” (Imagem: Letícia Vieira Santos)

Em Jardins da Arara de Lear ( Editora Nitro, 2017), o escritor Gustavo Nolasco e o fotógrafo João Marcos Rosa contam mais do que a história de uma espécie ameaçada. O livro, lançado na última quinta-feira (21) em um evento intimista na DOC galeria, celebra a beleza do sertão da Bahia e alerta para a preservação da Caatinga. O bioma possui uma enorme diversidade ambiental que se encontra seriamente comprometida, já que tem 46% de seu território desmatado, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente. João Marcos afirma que um dos objetivos do livro foi chamar a atenção para essa comunidade biológica: “A escolha da arara-azul-de-lear foi em função do bioma em que ela está inserida, a Caatinga, tão ameaçada quanto o Cerrado e a Mata Atlântica, mas totalmente esquecida na quesito conservação. Quisermos usá-la como uma bandeira para trazer luz ao seu ecossistema tão ameaçado”.

A arara-azul-de-lear é um exemplo de resistência à pressão antrópica na região, fortemente relacionada com a expansão da agricultura e da pecuária extensivas. A ave, antes encontrada somente em cativeiro e tendo como registro apenas um desenho datado de 1830, teve seu habitat descoberto cientificamente pelo naturalista Helmut Sick no final da década de 1970.

O licuri é a base da alimentação da arara-azul-de-lear. (Imagem: João Marcos Rosa/Divulgação)

À época, a espécie se encontrava criticamente ameaçada de extinção, com apenas 21 aves. Hoje, com a ajuda da população local e de instituições públicas e privadas de preservação, já existem cerca de 1200, porém a linhagem ainda é considerada em perigo. A preservação das áreas de alimentação é o mais crucial para a manutenção dessa população de aves atualmente. As principais delas são as palmeiras de Licuri, muito presentes em fazendas de gado e que, portanto, sofrem com o desmatamento para a criação de pastagens. Para tentar garantir a disponibilidade da planta, foi criado o Projeto Jardins da Arara de Lear, que busca parceiros por meio de alguns programas de preservação encontrados em seu site. http://www.araradelear.com.br/index.html#participe

A atuação de ONGs é de grande importância para a manutenção das araras, já que o governo parece dar cada vez menos atenção à causa, como expõe João Marcos: “O governo é bem ausente no  processo de conservação. Já houve mais participação, mas hoje eles realizam basicamente o Censo [contagem anual de araras] e todas as áreas de preservação são privadas”.

A Caatinga é um bioma tipicamente brasileiro, seu rico patrimônio biológico não pode ser encontrado em nenhum outro lugar do mundo. (Imagem: João Marcos Rosa/Divulgação)

Ele ainda destaca a importância da visitação dos locais onde habitam as araras-azuis-de-lear. Elas compõem as regiões nordeste e centro-norte da Bahia, e incluem os municípios de Canudos, Jeremoabo, Paulo Afonso e Euclides da Cunha. Apesar de abrigar paisagens estonteantes, fauna e flora riquíssimas e serem marcos da história brasileira, o lugar tem seu potencial turístico muito pouco explorado. João diz que a ideia do livro também é fazer com que pessoas visitem a região e contribuam para que ela tenha uma renda conectada às araras.

As ruínas de Canudos, inundadas pelo açude Cocorobó, guardam a história de um dos mais famosos conflitos brasileiros. (Imagem: João Marcos Rosa/Divulgação)

João Marcos, então, convida o leitor a conhecer esse pedaço do sertão baiano, já que segundo ele: “ além da questão do bicho em si e das paisagens que são lindas, a região é de uma história muito rica, lá aconteceu a Guerra de Canudos, é o lugar onde caiu o Bendegó, maior meteoro já encontrado no Brasil, e ao mesmo tempo quase ninguém visita”.

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