Jornalismo Júnior

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John Hughes – O mentor da geração 80

Por Mirella S. Kamimura mirellask317@gmail.com Você pode não conhecê-lo de nome, mas com certeza já viu ou já ouviu falar sobre algum de seus filmes. John Hughes Jr foi um diretor, produtor e roteirista de cinema estadounidense nascido em 18 de fevereiro de 1950 em Lansing, Michigan. Hughes começou sua carreira na década de 1970 como …

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John Hughes

Por Mirella S. Kamimura
mirellask317@gmail.com

Você pode não conhecê-lo de nome, mas com certeza já viu ou já ouviu falar sobre algum de seus filmes. John Hughes Jr foi um diretor, produtor e roteirista de cinema estadounidense nascido em 18 de fevereiro de 1950 em Lansing, Michigan. Hughes começou sua carreira na década de 1970 como escritor para a revista National Lampoon, sob o codinome de Edmond Dantès, em homenagem ao personagem de O Conde de Monte Cristo, mas se tornou famoso por dirigir e/ou produzir e/ou escrever uma série de clássicos adolescentes da   década de 80 e início dos anos 90, como Gatinhas e Gatões (Sixteen Candles – 1984), Clube dos Cinco (The Breakfast Club – 1985), Mulher Nota 1000 (Weird Science – 1985), Curtindo a vida Adoidado (Ferris Bueller’s Day Off – 1986), A Garota de Rosa Shocking (Pretty in Pink – 1986), Ela vai ter um bebê (She’s Having a Baby – 1988), Esqueceram de Mim (Home Alone – 1990) e A Malandrinha (Curly Sue – 1991).

Capas de alguns dos filmes de sucesso de Hughes. Em sentido horário: Clube dos Cinco, Curtindo A Vida Adoidado, A Garota de Rosa Shocking e Gatinhas e Gatões.

Seu principal gênero era a comédia e seu público-alvo, os adolescentes. Dotado do dom de entender e entreter esse público sempre difícil de se satisfazer, seus filmes possuiam um diferencial. Com o uso de metalinguagem, na qual os personagens muitas vezes se comunicavam diretamente com o público olhando para a câmera, ele conseguiu traduzir sentimentos e doutrinar toda uma geração que começava a questionar mais o seu universo. De 1985 a 1991, os jovens e  adolescentes da época sabiam que podiam contar com pelo menos uma ida ao cinema por ano, pois John Hughes produziria algo especificamente para eles.

É simples reconhecer o “toque mágico” de Hughes em alguma produção. Apesar de terem roteiros diferentes e nunca terem deixado o telespectador cair na “mesmice”, seus longas possuem uma grande lista de semelhanças que fazem parte da fórmula do sucesso e que podem ser consideradas quase marcas registradas do diretor, como cenas em bibliotecas ou refeitórios de escolas, a apresentação de cenas extras após os créditos finais, o término do filme com uma cena congelada, personagens que acabam presos em algum lugar ou viajando juntos, referências ao mundo das artes nas falas ou ações dos personagens, cenas nas quais uma personagem faz mimícas imitando outro falando por trás dele, como se o discurso já fosse conhecido e o porta-retrato do estilo de vida Yuppie – expressão utilizada para referir-se a geração posterior a dos hippies, na qual os jovens adultos normalmente possuem formação universitária, valorizam bens materiais, trabalham em suas profissões de formação e seguem as últimas tendências da moda.

John Hughes (sentado) com o elenco de Clube dos Cinco.

Suas produções únicas lançaram a carreira de inúmeros de atores de sucesso, como Molly Ringwald, Macaulay Culkin, Demi Moore, Rob Lowe, Judd Nelson, Ally Sheedy e Matthew Broderick. Exemplo da sua importância no marco da geração, Hughes serviu de inspiração ao movimento Brat Pack dos anos 80, formado por um grupo de jovens atores e atrizes que frequentemente atuavam juntos em alguns filmes da época. O nome do grupo foi dado por uma jornalista em uma reportagem da revista New York Magazine, em referência ao grupo Rat Pack dos anos 50 e 60. A maioria dos membros do grupo vieram das produções de John Hughes e Joel Schumacher. De acordo com esses critérios, os membros do grupo eram Emilio Estevez, Anthony Michael Hall, Rob Lowe, Andrew McCarthy, Demi Moore, Judd Nelson, Molly Ringwald e Ally Sheedy. Além deles,a reportagem da New York Magazine citou outros atores que não seguiram como membros oficiais do Brat Pack no futuro, como Tom Cruise, Patrick Swayze, Ralph Macchio, C. Thomas Howell e Charlie Sheen. Outros atores que também tiveram ligações com o grupo, participando de alguns filmes com um ou outro membro do Brat Pack e aparecendo em resultados de busca quando se pesquisa sobre o movimento, como James Spader, Robert Downey Jr., Jon Cryer, John Cusack, Kevin Bacon, Jemi Gertz, Mary Stuart Masterson, Matthew Broderick, Sean Penn e Kiefer Sutherland.

Da esquerda para a direita, fileira de cima: Judd Nelson, Molly Ringwald, Emilio Estevez e Rob Lowe. Fileira de baixo: Andrew McCarthy, Ally Sheedy, Demi Moore e Anthony Michael Hall.

Todos seus longas possuem ótimas trilhas sonoras, vinculando algumas músicas aos seus filmes para sempre. É impossível ouvir Twist and Shout” dos Beatles e não lembrar da cena icônica de Ferris Bueller (Matthew Broderick) cantando e dançando no seu dia de folga (Hughes era fã de carteirinha dos garotos de Liverpool, suas músicas aparecem em diferentes produções do diretor) ou ouvir “Don’t You (Forget About Me) da Simple Minds e não se lembrar de “Clube dos Cinco”. Inclusive, essa música da banda escocesa também entitula um documentário feito sobre a vida do escritor e diretor, no qual quatro diretores de cinema que cresceram sob a influência de Hughes usam como ponto de partida o seu sumiço no início dos anos 90, quando mudou-se para Chicago e nunca mais dirigiu um filme, partindo à sua procura Chigado adentro.

John Hughes morreu em agosto de 2009 aos 59 anos de idade em função de um ataque cardíaco enquanto caminhava de manhã na cidade de Manhattan, deixando a esposa e dois filhos. Na cerimônia do 82º Oscar, em 2010, os atores Molly Rindgwald, Ally Sheedy, Judd Nelson, Jon Cryer, Anthony Michael Hall, Matthew Broderick e Macaulay Culkin prestaram uma homenagem ao saudoso diretor/produtor/roteirista com direito à exibição de trechos de seus longas e declarações (para assistir, clique no link). Emocionado, Macaulay Culkin, o mais novo do grupo, disse: “Trabalhar com ele foi uma honra, ele me respeitava no set, mesmo tendo apenas nove anos”.Como nenhum outro conseguiu, John Hughes marcou uma geração, com filmes que misturavam bom humor e uma armosférica nostálgica sobre a juventude, a vida adulta e as expectativas pro futuro.

 

 

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