Esqueça Daniel San e Sr. Miyagi e conheça Xiao Dre e Sr. Han. O novo “Karatê Kid” (The Karate Kid) é apenas uma repaginada do filme de 1984 – o enredo continua basicamente o mesmo. Em 84, Daniel e sua mãe se mudavam da costa leste americana para a costa oeste. Mas, agora, Dre Parker (Jaden Smith) e sua mãe (Taraji P. Henson) são “pioneiros em uma terra mágica” ao irem dos Estados Unidos para a China. Chegando lá, ele conhece uma garota e logo se apaixona por ela. Esse amor de criança, no qual o que mais importa é se divertir, vai lhe causar uns bons olhos roxos.
Jackie Chan (mais velho do que nunca) encarna o zelador Sr. Han e, logo em sua primeira cena, faz uso do humor sutil, que já lhe é conhecido, em uma referência à famosa cena da mosca. Assim como o Sr. Miyagi, Han presencia um dos momentos em que Dre apanha de outros meninos. E após conhecer o professor completamente antiético dos algozes de Dre, resolve ensiná-lo a lutar, para combatê-los num campeonato de Kung-Fu. Ou seja, não temos nada de novo por aí.
A única mudança que se vê no filme é que agora, ao invés de lutar Karatê, Dre luta Kung-Fu, o que acaba deixa o título do filme completamente bizarro. O próprio Dre, após sua mãe perguntar como tinha sido sua aula de Karatê, responde: “não é Karatê, mãe, é Kung-Fu!”. Aparentemente, depois de Matrix e Chuck Norris, essa é a arte marcial que mais agrada aos espectadores, a ponto de modificar uma das mais populares franquias de Hollywood.
Jaden Smith aparenta ter as mesmas aptidões que o pai, pois mostra ser um ótimo ator para filmes com um pouco mais de humor (após fazer “A Procura da Felicidade” e “O Dia em que a Terra Parou”, já estava mais do que na hora). Também canta a música tema do seu próprio filme (assim como Will Smith em “MIB – Homens de Preto”), mas acompanhado do novo cabelinho mais desejado pelas garotas, Justin Bieber, no single “Never Say Never”. A trilha sonora do filme vai desde John Mayer e Flo Rida, a Lady Gaga e Fort Minor, sendo que apenas uma faz referência à China. Mas não há nenhuma que se torne uma marca registrada do filme como “You’re the Best” era nas versões originais.
Quem nasceu nas décadas de 80 e 90 e teve em suas tardes de ócio a eterna companhia de Daniel San e Sr. Myiagi, vai considerar o novo filme uma cópia barata (ou não, já que barato esse filme não saiu). Mas para a geração 2000, este é com certeza um filme que vai divertir muitas crianças no cinema e, depois, também em suas televisões.
Por Rafael Aloi