por Leticia Fuentes
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Filmes sobre futuros distópicos já viraram febre entre os adolescentes de hoje em dia. Sagas como Jogos Vorazes (Hunger Games, 2012), Maze Runner – Correr ou Morrer (The Maze Runner, 2014), O Doador de Memórias (The Giver, 2014) e Divergente (Divergent, 2014) são bons exemplos de longas que estouraram nas bilheterias e fizeram o público jovem vibrar de emoção a cada sequência lançada.
É claro que, apesar do viés mais político que esses filmes assumiram de uns tempos para cá, o questionamento e a insegurança em relação ao dia de amanhã não é uma particularidade da década em que vivemos. Muito antes, vários longas abordavam o assunto na tentativa de responder a eterna dúvida humana: até onde nossas descobertas podem nos levar?
O Cinéfilos decidiu participar da brincadeira e montou essa pequena lista com cinco filmes que, apesar de muito diferentes entre si, despertam no espectador uma mesma reflexão: o que aconteceria se toda a tecnologia inventada pelo ser humano fugisse ao seu controle?
A poluição devastadora
Após ter inviabilizado a vida na Terra por conta do excesso de lixo e gases tóxicos, a humanidade deixa seu planeta e passa a viver em uma nave espacial gigantesca. É esse o cenário da premiadíssima animação da Pixar, WALL-E (WALL-E, 2008), que busca traduzir em uma linguagem simples e, muitas vezes, cômica o triste destino ao qual o desenvolvimento desenfreado e a falta de cuidado para com o meio ambiente pode nos guiar.
A intenção era que a retirada dos humanos fosse temporária, e que eles pudessem retornar ao planeta quando os robôs que lá foram deixados acabassem de limpá-lo. Essa é a função do simpático robô WALL-E – o único que conseguiu resistir sem manutenção humana (já que possui um sistema de auto-conserto de peças), e que passa dia e noite sozinho, recolhendo pilhas e mais pilhas de lixo.
A rotina de WALL-E muda com a chegada de uma espaçonave que cai do céu, trazendo um novo e moderno robô: Eva. Logo WALL-E se apaixona pela recém-chegada, que veio a procura de algum sinal de vida no planeta, e uma aventura emocionante e divertida começa. Acredite, esse filme fará você morrer de amores pelo desajeitado robozinho e por sua luta para salvar o planeta e chamar a atenção de sua amada.
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O vírus mutante
Eu Sou a Lenda (I Am Legend, 2007) é outro filme que recebeu excelentes críticas tanto por parte do público quanto por profissionais da área. Terceira adaptação cinematográfica do livro de mesmo nome, escrito por Richard Matheson, o filme se passa em um mundo pós-apocalíptico em que um vírus incurável – criado pelo próprio homem – transformou toda a população de Nova York em mutantes, semelhantes a zumbis.
Robert Neville (Will Smith) é um cineasta que, de alguma forma, tornou-se imune ao vírus. Acompanhado unicamente por sua cadela, Sam, há três anos ele percorre a cidade enviando sinais de rádio, na esperança de encontrar algum sobrevivente. Em seu laboratório subterrâneo, realiza testes com seu próprio sangue, buscando uma cura para o vírus, enquanto é espreitado por mutantes infectados que aguardam o momento certo para atacá-lo.
O suspense é de tirar o fôlego, com direito a vários sustos e cenas dramáticas que podem encher os olhos dos espectadores de água. Não dá para deixar de conferir!
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A purificação da sociedade
Já imaginou o que aconteceria se todos os crimes fossem permitidos por um dia? É justamente essa a proposta das sequências Uma Noite de Crime (The Purge, 2013) e Uma Noite de Crime: Anarquia (The Purge: Anarchy, 2014).
Apesar de serem categorizados pelo diretor, James DeMonaco, como filmes de terror, ambos apresentam uma discussão política interessantíssima por trás dos sustos e das horripilantes máscaras usadas por alguns personagens, as quais ajudam a dar um toque mais característico do gênero.
Os dois filmes se passam em uma sociedade distópica de um futuro não muito distante. Os Estados Unidos, preocupados com os altos índices de violência do país, decidem legalizar todos os tipos de crime durante 12h, para que os cidadãos possam “purificar suas almas” e “expurgar os males da sociedade”.
A discussão em questão, ainda que presente no primeiro filme, é bem mais evidente no segundo: apenas as pessoas mais ricas são capazes de pagar por sistemas de segurança eficientes e proteger suas próprias vidas. Assim, com o apoio do governo, moradores de rua e outros membros das classes mais baixas são perseguidos e assassinados aos montes por pessoas que pregam discursos de ódio ou que procuram apenas alvos fáceis para ”liberar a raiva”.
Mesmo com a produção hollywoodiana, nenhum dos longas abandonam a reflexão em prol de uma sequência de sustos gratuitos, como fazem tantos outros filmes de terror. Com certeza, é uma boa opção para assistir!
A ilha dos clones
Contando com atores como Scarlett Johansson e Ewan McGregor, A Ilha (The Island, 2005) é um filme que encanta muito mais pela proposta de universo que apresenta e as reflexões que pode suscitar do que pela perfeição técnica de seu roteiro ou dos efeitos especiais.
No futuro, uma entidade é criada para clonar pessoas ricas e famosas, fornecendo-as partes dos corpos de suas cópias em caso de doença. Para evitar uma rebelião, os clones ficam confinados dentro de um ambiente que tenta reproduzir ao máximo a vida exterior; eles não têm acesso a nenhuma informação sobre quem são e de onde vieram, e, por isso, acreditam que são humanos normais que vivem ali porque uma contaminação acabou com a vida ao ar livre.
Lincoln Six Echo (McGregor) e Jordan Two Delta (Johansson) são dois dos habitantes desse microuniverso criado. Assim como todos os outros clones, seu único sonho é ser sorteado na “loteria” e ser levado à “ilha”, o único lugar da Terra que não foi contaminado pelo vírus. Entretanto, o sorteio é apenas uma desculpa para que os clones sejam usados por seus donos sem que os demais percebam.
Quando Lincoln Six Echo começa ter sonhos estranhos, Jordan Two Delta é “sorteada” para ir à suposta ilha paradisíaca e ele convence-a a fugir. A partir daí, uma nova aventura começa, e os dois tentam desvendar os mistérios de seus passados.
O filme é bem dinâmico, com várias cenas de ação, e prende a atenção do espectador. Vale a pena assistir, já que, apesar de o filme ter mais de uma década, a discussão sobre a clonagem e as questões éticas envolvidas é bastante atual. Seria esse um possível caminho para a nossa medicina no futuro?
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A viagem no tempo
Os 12 Macacos (12 Monkeys, 1996) apresenta uma proposta de distopia semelhante ao já citado sucesso de Will Smith, Eu Sou a Lenda, embora a abordagem seja completamente distinta.
Vindo do ano de 2035, o viajante do tempo James Cole (Bruce Willis) é enviado ao passado para conseguir informações sobre o grupo do Exército dos 12 Macacos, suspeito de ter liberado um vírus de laboratório que matou mais de 5 milhões de pessoas e inviabilizou a vida humana na superfície da Terra, obrigado os sobreviventes a criar um abrigo no subsolo.
Entretanto, devido a um erro dos cientistas, Cole é enviado ao ano de 1990, quando o grupo ainda não existia, e acaba sendo preso em um manicômio. Lá, o viajante conhece Jeffrey Goines (Brad Pitt), um doente mental, e Kathryn Railly (Madeleine Stowe), uma linda psiquiatra que cuida dos pacientes do local.
Quando os cientistas trazem Cole de volta ao presente e tomam conhecimento de que o viajante fora transportado ao ano errado, ele é obrigado a adentrar a máquina do tempo mais uma vez para finalmente chegar a 1996.
De volta para o passado, Cole inicia sua viagem em busca de informações que levem ao grupo procurado. Porém, em sua jornada, acaba tendo revelações impactantes e começa a questionar, então, se o tempo que ele vive é realmente passado, presente ou futuro.
Com um final surpreendente, o filme prende o espectador do começo ao fim. É imperdível para os fãs de ficção científica – e de Brad Pitt, que deixa qualquer um boquiaberto com um desempenho impressionante em um papel extremamente difícil.
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