Por: Amanda Nascimento (amanda_nascimento@usp.br)
A mais nova adição à franquia da Illumination Entertainment, Meu Malvado Favorito 4 (Despicable Me 4, 2024), chega aos cinemas brasileiros hoje, dia 4 de julho. Dirigida por Chris Renaud, a obra marca a volta do supervilão Gru (Leandro Hassum) às telonas após sete anos desde o terceiro longa da companhia. Esse retorno, no entanto, logo revela ser mais do mesmo, em grande parte, devido à ausência de avanços na narrativa.
Agora trabalhando para um agência de anti-vilões, Gru e sua família dão as boas-vindas para seu mais novo membro: Gru Jr. A vida pacífica, todavia, é interrompida pela chegada de Maxime Le Mal (Jorge Lucas), antagonista do filme. O personagem, que é um híbrido entre humano e barata, jura se vingar do ex-malvadão após ser preso por ele. Assim, a história se desenvolve à medida que a família tenta viver na clandestinidade e se acostuma às novas dinâmicas domésticas.
Mesmo que não chegue a atingir a qualidade dos dois primeiros filmes, Meu Malvado Favorito 4 é razoável quando comparado a seu antecessor. Durante seus 90 minutos, o longa se compromete em entregar algo simplista e assim o faz. Por mais que a premissa familiar pareça reciclada de outras animações de sucesso, como Os Incríveis (The Incredibles, 2004), traços de carisma e humor surgem ocasionalmente.
Maxime Le Mal, por exemplo, ainda que esteja longe de ser considerado o melhor arquirrival da franquia (Vector e seus pijamas são incontestáveis), com seus gestos e motivações, traz a comicidade que o filme precisava para manter o engajamento.
Gru, que permanece tentado a voltar às suas origens vilanescas (assim como no resto da quadrilogia), luta para criar um vínculo com seu bebê, que rejeita o afeto paterno. Novo elemento da história, a façanha da dinâmica pai-filho dá espaço para ganchos no roteiro ao se tornar uma parte importante do clímax, além de ser fonte de cenas criativas.
No entanto, essas adições da franquia não são suficientes para encobrir a frustração que vêm com a falta de desenvolvimento de personagens amadas pelos fãs, como Lucy (Maria Clara Gueiros), Margô (Bruna Laynes), Edith (Ana Elena Bittencourt) e Agnes (Pamella Rodrigues). Agora que já não fazem mais parte do plot principal, o roteiro as deixam jogadas com subplots dolorosamente desinteressantes.
Sobretudo, as meninas de Gru aparentam estar em tela somente para acrescentar duração ao filme (e Agnes como adereço de fofura), como se os produtores não soubessem como utilizá-las. O mesmo ressoa para os Minions, ainda que, diferentemente dos exemplos anteriores, a função destes sempre foi a de alívio cômico.
Ao sair do cinema, a impressão é de que o maior empecilho da tetralogia é a inabilidade de desenvolver seus personagens. Com histórias similares entre obras, transmite-se a ideia de que a audiência vê a mesma coisa em loop, apenas com títulos distintos. A afirmação do diretor, Chris Renaud, em entrevista ao Deadline, de que nenhum deles irá envelhecer, pois “estão congelados no tempo”, soa menos como uma escolha artística e mais como um caminho fácil para os roteiristas. Outra opção também é a de encerrar a franquia. Esse caminho, contudo, parece improvável em vista do enorme sucesso de bilheteria que é Meu Malvado Favorito e Minions.
Ainda que um filme dispensável, aqueles que pretendem assistir podem contar com uma tarde agradável e toques de nostalgia (principalmente no final, com a volta de figuras queridas). Quanto às crianças, o verdadeiro público dessas obras, estas com certeza encontrarão diversão nesse universo caricato e felicidade ao reencontrar seu Malvado Favorito.
Meu Malvado Favorito 4 estreia hoje nos cinemas. Confira o trailer:
*Imagem da capa: Divulgação/Illumination Entertainment/Universal Studios.