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Meu Malvado Favorito 3 aposta no clichê — e acerta

Sequências são sempre uma aposta arriscada quando se trata de uma produção tão bem-sucedida quanto Meu Malvado Favorito (Despicable Me, 2010) foi. Após a recepção não tão calorosa de Minions (The Minions, 2015), o filme solo das criaturinhas amarelas que ganharam tanta fama com a série, Meu Malvado Favorito 3 (Despicable Me 3) poderia corrigir …

Meu Malvado Favorito 3 aposta no clichê — e acerta Leia mais »

Sequências são sempre uma aposta arriscada quando se trata de uma produção tão bem-sucedida quanto Meu Malvado Favorito (Despicable Me, 2010) foi. Após a recepção não tão calorosa de Minions (The Minions, 2015), o filme solo das criaturinhas amarelas que ganharam tanta fama com a série, Meu Malvado Favorito 3 (Despicable Me 3) poderia corrigir o erro ou enterrar a história de vez.

O terceiro filme segue o ex-vilão Gru em um momento de crise. Após ser demitido de seu trabalho como agente secreto, em sua tentativa de ser bonzinho, ele descobre algo chocante: a existência de seu irmão gêmeo, Dru. Enquanto isso, somos apresentados ao carismático Balthazar Brett, que, após ser dispensado de seu emprego como ator em uma série de sucesso na qual interpretava um vilão, acaba perdendo seu senso de realidade e passa a acreditar que é, realmente, um vilão — e torna-se um. Ele é o mais procurado pela agência (ou ex-agência?) de Gru, a Liga Anti Vilões.

Brett é um personagem que, de certo, agradará mais ao público adulto da série do que as crianças. Eternamente preso nos anos 80, com suas ombreiras e aleatórios passos de dança, ele introduz diversas referências musicais e culturais nostálgicas que, embora serão incompreendidas pelos mais jovens, irão entreter e arrancar risadas até dos pais mais relutantes da plateia. Estamos diante de um personagem originalíssimo e imprevisível, que carrega consigo chicletes como arma e constantemente elogia seu próprio programa infantil já cancelado há anos. É impossível não gostar deste vilão. Brett não é, porém, isento de falhas:  sua história e sua motivação são frequentemente deixados de lado em favorecimento das referências e piadinhas, e acabam muito mal resolvidas. Não é ajuda alguma, também, que sua catchphrase, “Sou um menino muito mal mesmo”, não é divertida e se torna francamente irritante no decorrer do enredo.

Talvez a maior contribuição de Brett ao filme é possibilitar a inserção de sucessos dos anos 80 que tornam o longa incrivelmente mais divertido — ele invade um navio ao som de “Bad”, de Michael Jackson, e malha ouvindo Physical de Olivia Newton-John. Nada mais apropriado!

Nosso vilão, Balthazar Brett, mantendo-se em forma da maneira mais 80’s possível

A outra novidade da série é o irmão de Gru, Dru. A introdução deste personagem na série é inevitavelmente clichê utilizar irmãos gêmeos nunca antes citados é um recurso já antigo quando se quer continuar uma história sem ter planos concretos. Dru, portanto, não é um personagem muito interessante, embora seja eficiente em trazer algumas risadas. Ele causa constrangimento em Gru com sua longa cabeleira loira, seu carisma e bom humor — todas características que faltam no irmão que já conhecemos —, mas acaba se mostrando muito menos bem resolvido e talentoso que ele.

A história por trás da separação dos irmãos é muito pouco explorada, sendo contada pela mãe da dupla em uma cena de pouco mais de um minuto. A explicação vaga dada pela personagem da mãe nos faz pensar que, talvez, os roteiristas não tenham pensado tão bem na construção desse personagem — e provavelmente não pensaram.

Dru é também ferramenta para apresentar outra complicação: o legado da família de Gru é, realmente, a vilania — justamente o que Gru estava tentando evitar. Seu pai era um grande vilão que deixou a Dru a missão de continuar seu trabalho, mas decepcionou-se ao perceber que o filho não tinha a habilidade natural para o crime como Gru. Para honrar o pai, Dru pede ao irmão que lhe ensine a ser um vilão — e nisto começa o mistério: será que Gru sucumbirá novamente ao mundo da maldade, ou honrará a promessa a família e a si mesmo de tornar-se um homem bom?

Embora esta seja o ponto principal do enredo, Meu Malvado Favorito 3 possui duas linhas paralelas que, previsivelmente, unem-se quando o fim do longa se aproxima.Uma delas é a relação de Lucy, a esposa de Gru — introduzida no segundo filme da série — com as três meninas, Agnes, Margo e Edith. Como a própria Lucy diz, ela é novata em ser mãe e tem dificuldades em cuidar e se relacionar com as filhas. Embora adoráveis, as três provam não ser uma tarefa fácil: Agnes, com sua busca por um unicórnio — que acredita poder encontrar em uma floresta encantada, após uma conversa com um dono de um bar de gosto duvidoso — Edith, com suas travessuras e personalidade irreverente; e Margo, que às vezes parece ser mais madura que os próprios pais, e, outras, revela uma atitude típica de uma menina de doze anos.

Embora apresente esta trama familiar, um pecado que Meu Malvado Favorito 3 comete é dar pouca atenção ao tema que foi justamente o grande cativador de públicos não infantis: a carga emocional. A bela relação entre Gru e as três meninas é posta de lado, com mínimas interações entre estes personagens; os momentos emocionantes de construção do amor entre pai e filhas fazem falta no enredo. A progressão da história se dá em altíssima velocidade, com poucos momentos de aprofundamento, fazendo do longa notavelmente mais vazio de sentimento em relação a seus dois antecedentes. Mas a costumeira dose de fofura de Agnes ainda está lá, e continua a arrancar aqueles “awwwn” do público.

Agnes após ouvir que unicórnios existem. Tem como não amar?

A terceira e menos presente linha do enredo é a dos queridos minions. Insatisfeitos com a nova vida comum e doméstica de seu mestre, os pequeninos se demitem e iniciam uma jornada sem Gru. Durante esta, eles protagonizam curtas cenas de comédia — em destaque a sequência em que participam de um programa de talentos no estilo de X-Factor e American Idol —, porém não constituem parte expressiva do filme. Em um momento, Gru confessa que sente saudades dos minions. A plateia também. Talvez com medo de repetir o fracasso do filme Minions, as criaturinhas aparecem em doses muito menores, e, francamente, fazem falta.

Meu Malvado Favorito 3 cumpre a tarefa de nos manter entretidos por toda a extensão de seus 90 minutos. A essa altura da série, seus produtores sabem bem a importância tanto do seu público adulto quanto infantil, e inserem elementos no filme que agradam a ambos quase que igualmente. Embora não seja o melhor filme entre os três já lançados, ele consegue manter a relevância da franquia e, ainda, abrir espaço para um possível quarto — seu final aberto possibilita inúmeras ideias de continuação. Só resta saber se esta é uma boa ideia. Com a já aderência a enredos clichês como um irmão gêmeo perdido e a reduzida capacidade de apelo emocional, talvez não seja.

Meu Malvado Favorito 3 chega aos cinemas em 29 de junho. Confira o trailer!

por Juliana Santos
jusantosgoncalves@gmail.com

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