É domingo a tarde, São Paulo e Corinthians jogando. Um grande clássico. Concentração à mil. Se reunir para assistir jogos como esses fazem parte da realidade de muitas famílias brasileiras, sendo, por muitas vezes, um momento onde pais, filhos, avós, tios e tias, encontram-se conectados. Seja por amor, ou por ódio aos times em questão.
José Higídio, estudante de jornalismo, conta de que forma esses momentos são sagrados em sua casa: “Em dia de jogo do São Paulo, no horário do jogo, todo mundo já sabe que a TV está reservada para isso”. Ele conta que, na época em que morava em uma cidade diferente da de seu pai, um dos programas favoritos quando ia visitá-lo era ir assistir aos jogos do São Paulo no estádio. “A emoção de estar junto de alguém que eu amo, compartilhando aquele momento, torna tudo ainda mais especial… Isso deixa a nossa relação mais próxima também”
Assistir aos jogos também serviu para aproximar Aruã Silva, estudante de educação física, do seu padrasto. Ele conta que os dois nunca tiveram uma relação ruim, mas também nunca foram muito próximos e completa: “Quando começamos a assistir aos jogos juntos as coisas mudaram pra melhor! Agora temos uma relação bem mais próxima”.
E se engana quem pensa que é só o futebol que reúne a família ao redor da televisão. Esportes considerados diferentes vem ganhando bastante espaço nos lares brasileiros também. Na família de José as questões esportivas são sempre um tema a ser abordado: “Muitas das nossas conversas são pautadas no esporte. Não só no futebol, como no basquete, tênis… em época de olimpíada a gente também costuma assistir bastante”.
Na casa de Maria Luísa Bassan, o esporte a ser discutido, é o futebol… americano. Ela conta que ainda se lembra do Super Bowl, onde a Madonna se apresentou. “Minhas primeiras memórias são mais relacionadas ao evento em si, do que ao próprio esporte”. Maria Luísa lembra de ver sua mãe e seu irmão assistindo e querer entender o que era aquilo, mas como não tinha muita paciência, acabava assistindo apenas às finais: “Eu não entendia nada, não sabia do jogo, dos times, mas achava tudo lindo. E foi legal porque isso acabou virando uma paixão aqui em casa”.
Ela também conta que o clima na casa dela em dia de competição é sempre muito gostoso, mesmo não torcendo para os mesmos times. A competição é sempre muito amistosa, e se o amor por um time específico não os une, pelo menos a família tem um inimigo em comum: O New England Patriots. “Quando nenhum dos três times passa, a gente se une para torcer em um time comum… e claro, para azarar os Patriots”.
Na vida de Aruã essa conexão entre o esporte e a família acabou ultrapassando a linha de apenas acompanhar os jogos. Influenciou também na hora de escolher sua carreira. Seu pai, hoje personal trainer, já foi lutador profissional de boxe, então, desde muito novo, já tinha contato com esse mundo. Ele lembra de sempre estar praticando algo: lutas, futebol, basquete… E também de sempre acompanhar seu pai na academia, coisa que faz até hoje.
Ao final do ensino médio, em meio às pressões de ter que escolher uma carreira a seguir, ele cogitou fazer educação física, mas acabou desistindo pois pensou que aquilo era apenas um hobby e não deveria ser levado tão a sério. Então optou por fazer fisioterapia, afinal, estaria na área da saúde e talvez ganhasse até melhor. Dois semestres depois, desistiu. Não era aquilo que queria e seu pai só reafirmou o que ele já pensava: a educação física era seu lugar e é para lá que ele foi.
A relação família-esporte pode estar muito além de simplesmente torcer para o mesmo time. Ela faz com que pais e filhos tenham momentos únicos, como José Higídio e seu pai. Faz com que famílias se reúnam para acompanhar campeonatos, como a família de Maria Luísa, e pode até mesmo influenciar na escolha de carreira, como no caso do Aruã. O esporte passado de geração para geração é capaz de criar e reforçar laços.
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