Tulio Bucchioni
Eles podem se encontrar numa entrevista de emprego ou numa simples calçada lotada num dia comum. Os encontros são tão aleatórios quanto os desencontros. As brigas são tragédias gregas – com direito a rios de lágrimas, tapas na cara, gritos histéricos ou frases de efeito intercaladas por soluços abafados ou saídas repentinas. As aventuras, verdadeiros sonhos que, nem que seja por algumas horas, trazem ainda mais adeptos à filosofia do carpe diem. Os percalços reforçam a busca por soluções para os simples problemas amorosos alheios, os beijos são de tirar o fôlego e levam qualquer casal de namorados a refletir sobre a quantas anda seu relacionamento. O que eles tem em comum? São casais consagrados no cinema e, por mais que muita gente ache que esse tipo de coisa acontece “só em filme”, há quem garanta que já viveu coisa parecida ou que de fato as histórias dos grandes casais do cinema foram realmente baseadas na vida real.
Quem não gostaria de ter o prazer de cantar junto com seu amado ou amada “Come What May”, no alto do “elefante”, dentro do Moulin Rouge, no auge do glamour da Paris boêmia do século 19? Isso só para Satine e Christian, um dos casais mais intensamente efêmeros que o cinema já viu, interpretados por Nicole Kidman e Ewan McGregor em “Moulin Rouge”. Para os mais românticos, não dá para deixar de lado a águinha-com-açúcar protagonizada por Richard gere e Julia Roberts em “Uma Linda Mulher”, em que um rico empresário se apaixona por uma prostituta bonitona e acaba tirando-a das ruas. Se isso ainda parecer pouco para você, fique de olho na “Sessão da Tarde” e dê um jeito de assistir à próxima exibição do filme “Ghost- Do Outro Lado da Vida”, com Demi Moore e Patrick Swayze, um clássico imperdível – com destaque para a tocante cena do casal em volta da escultura de barro. Outro casal eternizado foi Jack e Rose, de “Titanic”, interpretados por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet. A cena do casal de braços abertos na proa do navio é considerada uma das cenas românticas mais lindas já produzidas.
Casais Clássicos
Voltando no tempo, não podemos nos esquecer dos casais clássicos. O que seria de Audrey Hepburn no filme “Bonequinha de Luxo” sem o beijo final, debaixo de chuva, em George Peppard? De nada adiantaria a frase “We’ll always have Paris” caso não fossem Humprhey Bogart e Ingrid Bergman que estivessem frente a frente e em perfeita sintonia. Também não tem como não se emocionar com os intransponíveis obstáculos amorosos entre Rhett Butler e Scarlett O’Hara, vividos por Clark Gable e Vivien Leigh em “…E o vento levou”. Mais pobre certamente seria o cinema caso não pudesse contar com a parceria entre Ginger Rogers e Fred Astaire que resultou em dez filmes musicais. Eles cantavam e dançavam e, como bem traduziu Katharine Hepburn: ele dava classe a ela, ela sex appeal a ele.
Quanto Mais Quente…
Os casais mais “calientes” também deixaram registrado seu espaço no mundo do cinema. Sharon Stone nunca mais foi a mesma depois da sensual cruzada de pernas em “Instinto Selvagem”, parceria bem-sucedida e ícone de sensualidade com Michael Douglas. O mesmo se pode dizer para o casal Jolie-Pitt, que provavelmente não viria a se casar e muito menos a criar seis filhos juntos, caso não fossem marido e mulher em “Sr. e Sra. Smith”. Pobre Jennifer Aniston. Em “Grease – Nos Tempos da Brilhantina” John Travolta e Olivia Newton-John também demonstram uma enorme empatia. Os super-heróis tampouco ficam atrás no quesito romance: Tobey Maguire e Kirsten Dunst, respectivamente o Homem-Aranha e M.J., e o famoso beijo na chuva em “Homem-Aranha” inspiraram milhões de apaixonados.
Fofos
Os casais fofos têm espaço garantido: Reneé Zellwegger e Colin Firth em “Brigdet Jones”, Macaulay Culkin e Anna Chlumsky em “Meu primeiro amor”, Charlize Theron e Keanu Reeves em “Doce Novembro”, Shrek e a princesa Fiona. Para dizer no mínimo excêntrico, temos que citar Edward e Kim, interpretados por Johnny Depp e Winona Ryder em “Edward Mãos-de-Tesoura”. Quem não se lembra, nem que seja vagamente, da cena de Winona, com os cabelos ruivos e longos cobertos de flocos de neve, dançando ao observar Edward fazer uma escultura de gelo?
Difíceis Amores
Talvez os mais emocionantes à medida que na maior parte das vezes não têm um final feliz, os amores impossíveis estão entre os mais apreciados pelo público em geral- e há quem garanta que estes são os mais parecidos com a vida real. Quantas almas solitárias não se solidarizaram com o dilema vivido por Francesca, interpretada por Meryl Streep, com relação ao seu amor pelo fotógrafo, vivido por Clint Eastwood, em “As Pontes de Madison”? O amor entre os vaqueiros Ennis del Mar e Jack Twist em “Brokeback Mountain” e a complexidade de uma relação amorosa entre dois homens, em meados dos anos 60 até o começo dos anos 80, deu não só uma guinada nas carreiras de Heath Ledger e Jake Gyllenhaal, como solidificou um novo patamar na abordagem da homossexualidade nas telas do cinema.
Vida Real
Nada melhor do que os casais de dentro e fora das telas para exemplificarem que a química existente nos filmes pode, sim, se transpor para a realidade. Elizabeth Taylor e Richard Burton, o polêmico casal que protagonizou juntos nada menos do que onze filmes, dentre eles “Cleópatra” e “Quem tem medo de Virginia Woolf?”, é referência nesse quesito; Lauren Bacall conheceu Humprhey Bogart nos sets de “Uma aventura na Martinica” e dali em diante, o casal viveu só felicidades até a morte do ator, em 1957, vítima de câncer. O divertido diretor norte-americano Woody Allen, também é um exemplo oportuno deste tipo de relação: depois de um relacionamento com Diane Keaton – que lhe rendeu oito filmes e um Oscar de melhor atriz. Allen passou a viver com Mia Farrow, que por sua vez, também estrelou vários filmes do diretor.
Seria difícil prever o que leva um casal de atores a agradar quando entra em cena. Tampouco é possível listar fatores que podem determinar uma parceria de sucesso. Não necessariamente nessa ordem, e não necessariamente todos juntos, pode-se supor que carisma, um bom roteiro, com boas cenas e bons diálogos e uma boa interpretação são determinantes para um casal agradar o público. O espectador gosta de se identificar e de se sensibilizar com o que é mostrado nas telas e nada melhor do que um grande amor bem elaborado para evocar o que existe de mais puro no ser humano: a busca pela felicidade. Do cinema, a vida adquire este prazeroso legado, que seja tão bem aproveitada quanto o é nas telas.