Martin Scorsese é daqueles diretores que deixam os cinéfilos ansiosos para seu próximo lançamento, dada sua incrível fama e aclamação. Isso só aumenta quando o filme em questão finalmente sai do papel após longas tentativas. O Irlandês (The Irishman, 2019) carrega status de épico não só pela estrutura narrativa, mas também pelo esforço, orçamento e, claro, sua notável duração de 3 horas e meia.
O longuíssima-metragem conta a história real de Frank Sheeran (Robert De Niro), um caminhoneiro de ascendência irlandesa que passa a prestar serviços para a máfia ítalo-americana. Ele logo é indicado para ser o guarda-costas de Jimmy Hoffa (Al Pacino), líder trabalhista e também associado da máfia. Histórias de crime organizado já são tema comum da carreira de Scorsese, responsável por Os Bons Companheiros, Cassino e Os Infiltrados. Aqui, no entanto, ele chega à sua abordagem mais intimista e cuidadosa sobre o tema.
![Queridinho do diretor, Robert De Niro contracena com Al Pacino, que se junta a Scorsese pela primeira vez. [Imagem: Divulgação/Netflix]](http://jornalismojunior.com.br/wp-content/uploads/2020/04/unnamed-9.png)
Além da sua habilidade de longa data de organizar histórias com tantas facetas e detalhes, dessa vez Scorsese é também muito hábil em contar sem necessariamente explicar. Muitas coisas são narradas e depois sutilmente retomadas, e muitas ficam sagazmente subentendidas – como no próprio subtítulo não tão oficial: “Eu soube que você pinta casas”.
Tudo fica melhor e mais prazeroso com o elenco de estrelas “aposentadas”. De Niro cumpre com tranquilidade e experiência seu papel de protagonista. Mas os coadjuvantes são ainda mais incríveis: Pacino rouba a cena como uma figura famosa, teimosa e excêntrica; enquanto Joe Pesci brilha ao interpretar um chefe da máfia sereno e estimável.
![Os atores principais foram rejuvenescidos digitalmente para as cenas do passado. [Imagem: Divulgação/Netflix]](http://jornalismojunior.com.br/wp-content/uploads/2020/04/unnamed-10.png)
Embora nem todos os espectadores tenham paciência para encarar tanto tempo de filme, todos os instantes são justificados. Mesmo tão extensa, a obra não é arrastada, nem cansativa: simplesmente eram necessários todos esses minutos para contar uma história tão complexa – e completa. E mesmo após tanto tempo, é justamente a última hora que eleva seu nível de profundidade. É uma obra em constante evolução, que começa como um relato interessante e termina como uma exposição da sua tocante essência.
O Irlandês é uma produção original Netflix, e está disponível para todos os assinantes da plataforma de streaming. Veja o trailer: