Por Mirela Costa (mirelacosta@usp.br) e Sarah Kelly (sarahkelly@usp.br)
Quem nunca sentiu falta de seu artista favorito durante um período sem lançamentos? Nada se compara a sensação de finalmente ouvir uma novidade do seu ídolo. Sejam comebacks aguardado pelos fãs ou sejam comebacks decepcionante, esses retornos cumprem o papel de marcar uma nova era na vida dos artistas.
Para marcar o retorno do O que toca na Sala 33 para a Jornalismo Júnior, a gestão 2024 selecionou músicas que simbolizaram a volta de seus artistas favoritos para a cena musical. Confira:
- Lose You To Love Me, Selena Gomez (2020)
Após a estreia de seu álbum Revival (2015), Selena Gomez passou anos fora da cena musical, com o lançamento de apenas alguns singles, como Bad Liar, Wolves e Fetish. Apesar da expectativa dos fãs, a ausência de novos álbuns refletiu uma série de acontecimentos pessoais na vida da cantora. Um diagnóstico de lúpus, transtornos mentais, o fim de um relacionamento conturbado e a necessidade de um transplante de rim em 2017 fizeram a cantora dar uma pausa nos projetos musicais para cuidar de sua saúde.
Em 2020, Selena retornou à música — desta vez, muito mais fortalecida e madura. Lançada em seu álbum Rare (2020), Lose You To Love Me é uma arrebatadora faixa pessoal, emotiva, cheia de amor próprio e sentimentos à flor da pele. Trechos como “Eu precisei te perder para me encontrar / Esta dança estava me matando suavemente / Eu precisei te odiar para me amar” soam como se Selena bradasse um grito de libertação e reconciliação consigo mesma. O clipe é todo em preto e branco e não apresenta cenário muito elaborado — o que não se faz necessário, já que tanto a letra da música, como o seu significado na vida pessoal da cantora, já esbanjam toda a potência entregue na canção.
- BREAK MY SOUL, Beyoncé (2022)
Não seria possível falar de comebacks marcantes sem citar a rainha das reinvenções: Queen Bey. Vencedora do Grammy de melhor gravação Dance/Eletrônica em 2022, BREAK MY SOUL marcou a volta de Beyoncé aos holofotes musicais após seis anos. A canção foi o single de lançamento do álbum Renaissance (2022), que teve suas músicas vazadas na internet dois dias antes do lançamento oficial. Posteriormente, a cantora agradeceu aos fãs que não cederam a ansiedade e fizeram um movimento de não ouvirem as faixas enquanto elas não fossem oficialmente divulgadas. Certamente a espera de anos valeu a pena, afinal o disco foi bem recebido tanto pelo público quanto pela indústria em geral.
BREAK MY SOUL deu o tom do que seria a então nova fase de Beyoncé, com características clássicas do house music e do dance. Trazer uma canção dançante, que faz menção a cultura ballroom, após o período da pandemia e do confinamento, significou o chamado para a volta às pistas de dança. Além disso, a artista colabora para o movimento de resgatar vozes negras ignoradas ao usar o sample de Show me Love, de Robin S.. A música é uma amostra da potencialidade de Beyoncé, que não tem medo de explorar gêneros diferentes de tudo que já produzido por ela.
- Now and Then, The Beatles (2023)
Se uma banda dos anos 60 acaba e, anos depois, parte de seus membros morre, é de se esperar que o grupo não tenha mais lançamentos no mundo musical, certo? Hoje, não mais. Os Beatles ficaram na ativa por apenas dez anos (1960-1970), tempo suficiente para deixar um legado eterno ao romper com a cultura tradicional da época e inovar o modo de fazer música. De forma a contrariar, porém, as expectativas de qualquer fã pelo mundo, a banda lançou sua última música em novembro de 2023, com ajuda da inteligência artificial.
O mais novo single do grupo, Now and Then, foi escrito por John Lennon e gravado em uma fita K7 pouco tempo antes do artista ser assassinado, em 1980. Yoko Ono, viúva do astro, entregou a fita para George Harrison anos depois. Ainda que a banda tenha tentado retomar a gravação de Now and Then em 1994, a fita contava com muitos ruídos de fundo que ofuscavam a voz de John Lennon, segundo minidocumentário lançado sobre a música. No entanto, em 2022, o cineasta Peter Jackson e sua equipe desenvolveram uma tecnologia chamada de “aprendizado da máquina”, que separa os sons das vozes e instrumentos de gravações antigas. Paul McCartney logo buscou Peter para resgatar a canção arquivada com a ajuda do novo recurso e, assim, Now and Then voltou à tona e trouxe um gostinho de nostalgia aos fãs das quatro figuras mais influentes do mundo do rock.
- yes, and?, Ariana Grande (2024)
Passar anos em hiato musical e retornar com um grande comeback na carreira parece ser habitual para as mais renomadas divas pop. E não seria diferente com Ariana Grande, que lançou seu sétimo álbum Eternal Sunshine (2024) após quatro anos sem estreias na cena musical. O último lançamento da cantora havia sido o álbum Positions (2020), em meio à pandemia de Covid-19. Na época, a faixa de abertura positions entrou para o Top 5 de melhores estreias femininas na parada global do Spotify. Apesar do tempo em intervalo, a popularidade de Ariana se manteve intacta: em apenas um dia, Eternal Sunshine se tornou o álbum mais ouvido da mesma plataforma.
Ariana escolheu a faixa yes, and? para marcar o seu retorno e inaugurar o novo álbum, que não deixa de entregar aos fãs os famosos vocais e tons agudos alcançados por ela. Nas letras, Eternal Sunshine traz uma versão mais madura da cantora e carrega um mix de emoções. O lead single do álbum segue a mesma linha temática e aborda a ideia de sentir-se à vontade consigo mesmo e não se importar com a opinião alheia. Para estrear com o pé direito, Ari homenageou a rainha do pop Madonna em yes, and? com referências ao clássico Vogue.
- Morra Bem, Viva Rápido, Don L (2013)
Após o sucesso do grupo Costa a Costa em 2007 e cinco anos sem lançamentos, o rapper Don L voltou a cena musical com a mixtape solo Caro Vapor/Vida Veneno (2013). Na obra, o “favorito do seu favorito” discute a consciência sobre a efemeridade da vida. Don L narra seu cotidiano como cearense na capital paulista, enquanto conta suas intenções de fazer fama e obter retorno financeiro. Em meio a mistura de ideias do álbum, o rapper continua o que iniciou no grupo Costa a Costa, que foi o responsável por romper com a polêmica de falar sobre dinheiro nas letras de rap no Brasil.
A faixa que abre a mixtape, Morra Bem, Viva Rápido, dá o tom do que seria a nova fase de Don L: ainda mais tocante e intimista. A canção fala sobre as inquietações existenciais do cantor após sofrer um acidente de moto. Em entrevista para a Rolling Stone, ele conta que “essa letra é um reflexo de tudo o que eu estava sentindo: impotência, tédio, insatisfação e a vontade de trabalhar muito para alcançar todos os meus objetivos. Entre eles, ganhar dinheiro e ter minha arte reconhecida”. Onze anos depois, é possível afirmar que Caro Vapor não marcou apenas o retorno de Don L, mas também o início de sua ascensão solo no rap.
Confira a seleção completa da playlist O que toca na Sala33: Comebacks:
- Lose You To Love Me, Selena Gomez – indicado por Mirela Costa (Sala33)
- BREAK MY SOUL, Beyoncé – indicada por Sarah Kelly (Sala33)
- Now and Then, The Beatles – indicado por Fernanda Zibordi (Laboratório)
- yes, and?, Ariana Grande – indicada por Renan Affonso (Marketing)
- Morra Bem, Viva Rápido, Don L – indicada por Pedro Malta (Comunicação Visual)
- I Want You To Love Me, Fiona Apple – indicado por Alícia Matsuda (Cinéfilos)
- Lift Me Up, Rihanna – indicada por Renan Affonso (Marketing)
- Algo Parecido, Skank – indicada por Mirela Costa (Sala33)
- This is Why, Paramore – indicada por Pedro Malta (Comunicação Visual)
- SKIN OF MY TEETH, Demi Lovato – indicada por Sarah Kelly (Sala33)
- The Car, Artic Monkeys – indicada por Julia Alencar (Mídias Sociais)
- If U Seek Amy, Britney Spears – indicada por Bárbara de Aguiar (Comunicação Visual)