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O que toca na Sala33: Músicas Atemporais

Um olhar para as músicas atemporais mais queridas pela Jornalismo Júnior
Por Clara Hanek (clarahanek@usp.br) e Mariana Ricci (mariana.ricci@usp.br)

Músicas atemporais são aquelas que atravessam gerações e permanecem atuais, comuns às playlists dos boomers, dos millennials e da  geração Z. São as que, se os seus pais — ou talvez até avós — te verem escutando, farão eles dizerem: “Escutava essa quando eu tinha a sua idade”, “Nossa, essa é da minha época” ou “Não acredito que você conhece essa música”.

Dos internacionais aos nacionais, os autores de músicas atemporais são muitos e suas obras queridas entre gerações também. Os membros da Jornalismo Júnior indicaram suas favoritas e o Sala 33 criou uma playlist temática com as músicas mencionadas. Confira nossos destaques: 

1. Dancing Queen, ABBA (1976)

    Dancing Queen faz parte do álbum Arrival (1976), do quarteto sueco ABBA. A música, que começou a ser escrita em 1975, foi apresentada pela primeira vez na Ópera Real de Estocolmo, durante as comemorações de casamento do rei Carlos XVI Gustavo da Suécia e, desde então, tem feito sucesso ao redor do globo. O lançamento da canção contou até com um videoclipe gravado na época em uma discoteca sueca. 

    A composição é considerada um dance pop e permanece um dos maiores sucessos da carreira da banda. A atemporalidade da música se dá, em parte, pelo significado que a mantém viva: a celebração da juventude e a euforia da paixão em uma pista de dança; sentimentos que as pessoas se identificam com em qualquer década e posição geográfica. 

    O legado do ABBA também garantiu sucesso aos seus covers: os maiores hits do grupo foram regravados por Meryl Streep e outros membros do elenco de Mamma Mia! (2008), longa musical baseado nas canções da banda. O primeiro filme e a sua continuação Mamma Mia! Here We Go Again (2018) colaboram para a imortalidade de Dancing Queen,  já que a música é a base de cenas icônicas que atingiram toda uma nova leva de jovens através do cinema.

    2. Lança Perfume, Rita Lee (1980) 

    Com uma batida alegre e uma letra ousada — considerando que foi lançada em meio à Ditadura Militar —, Lança Perfume é a primeira faixa do álbum Rita Lee, (1980). Composta por Roberto de Carvalho e Rita Lee, a música revolucionou o rock nacional e abrasileirou o estilo musical  disco music ao  misturar o riff da guitarra com batidas essencialmente carnavalescas. O novo gênero, apelidado por Rita como “rock carnaval”, tornou-se um fenômeno nas casas de dança nos anos 80, não só no Brasil, mas no mundo inteiro. 

    Roberto acredita que a junção de um arranjo instrumental despojado com uma letra livre e sensual foi responsável por tornar a música  tão profundamente absorvida pelo ambiente cultural daquela época”. São esses mesmos fatores que a tornam  internacional e atemporal,  encantando novas gerações de amantes do rock e da folia.

    Recentemente, a música serviu de inspiração para a cantora Luísa Sonza, que rememorou o hit com a canção autoral Lança Menina em um tributo a Rita Lee.

    3. Apesar de Você,  Chico Buarque (1970) 

    Ao retornar do exílio em 1970, o cantor e compositor Chico Buarque depara-se com um Brasil culturalmente dizimado pela censura do Regime Militar (1964-1985). É a partir desse cenário que nasce a música Apesar de Você.

    Em uma tentativa de expressar-se politicamente, Chico cria a canção de protesto e tenta burlar os censores através de uma letra ambígua: uma briga entre marido e mulher que era, na verdade, um afronte do povo contra seu governo. A música foi rapidamente adotada pelas massas contrárias ao Regime e, poucos dias após o seu lançamento, foi censurada. Tal sequência de eventos a consolidou como o hino da oposição ao autoritarismo.

    Em 2018, ano de eleições presidenciais, a música alastrou-se novamente pelos grupos opositores ao conservadorismo de alguns dos candidatos. Entre eles, o então presidente eleito Jair Bolsonaro. A melodia, que permeava a memória coletiva da nação, materializou o seu retorno com  trechos entoados em protestos durante os quatro anos de governo que se seguiram. Apesar de Você é atemporal por seu caráter revolucionário, que, desde a Ditadura Militar, tem enfrentado o autoritarismo.

    4. Bohemian Rhapsody, Queen (1975)

    Freddie Mercury nunca quis se pronunciar sobre o significado da música que se tornou um hino ao redor do mundo — e seus companheiros de banda respeitaram seus desejos. Composta em 1975, Bohemian Rhapsody tem diversas interpretações feitas pelo público. Entre elas, a mais comum é a suposição de que a letra da composição seja um confessional de Freddie, sobre como sua vida teria sido diferente se ele sempre tivesse sido verdadeiro — e como desapontaria sua mãe quando começasse a agir como queria. 

    Além das interpretações abertas, a música é intensa, o que também colabora com o seu caráter imortal: as pessoas, independente de idade e localização geográfica, sempre vão conseguir se identificar com os versos e com a melodia. Em seus quase seis minutos, a música revoluciona padrões da indústria ao unir  gêneros musicais com a mistura entre rock, balada e ópera.

    Duas entre as mais icônicas apresentações da banda foram no Live Aid (1985) e no Rock in Rio (1985). O  Live Aid foi um dos maiores festivais da história. O evento beneficente, que arrecadou fundos contra a fome na Etiópia, contou com palcos em Londres (Reino Unido) e Filadélfia (Estados Unidos) e reuniu milhares de pessoas presencialmente e mais de um bilhão que assistiram à transmissão. Na capital inglesa, Bohemian Rhapsody ecoou em um coro arrepiante por todos os cantos do estádio de Wembley e a apresentação eletrizante permanece viva através dos registros que circulam pela internet. Na primeira edição do Rock in Rio, em 1985, durante a segunda passagem do Queen pelo Brasil, estima-se que cerca de 250 mil pessoas tenham os assistido. Em uma sintonia absurda com a plateia, a banda tocou seus hinos e consagrou o show como um de seus melhores.

    5. Evidências, Chitãozinho e Xororó (1990)

    Está na boca do povo, nas festas, nas rádios e na TV: carinhosamente apelidado de hino nacional brasileiro, um dos maiores sucessos da indústria musical do país completa, em 2024, 35 anos de lançamento.

    Composta por José Augusto e Paulo Sérgio do Valle, Evidências ficou nacionalmente conhecida nas vozes de Chitãozinho e Xororó nos anos 90. Regravada em espanhol, italiano, francês e japonês, a música foi originalmente rejeitada pela gravadora antes de ganhar sua primeira versão (1989) na voz do cantor e compositor Leonardo Sullivan.

    Hoje, a canção habita os corações brasileiros e os palcos de festivais. Já foi cantada por sucessos internacionais em suas vindas para o Brasil, como Bruno Mars no The Town (2023). 

    Essa é a capa de um albúm da dupla Chitãozinho e Xororó. Eles estão um do lado do outro,

    Evidências se faz atemporal nas vozes de Chitãozinho e Xororó ao trazer, junto com melodia marcante, uma letra que constrói, por meio de palavras opostas, a complexidade dos sentimentos amorosos do indivíduo. A dor da paixão expressada na música, ao convergir com o sertanejo — ritmo musical mais ouvido no país — torna-se a mistura perfeita para a criação de um hino nacional

    Confira a seleção completa da playlist O que toca na Sala33: Músicas Atemporais:

    1. Dancing Queen, ABBA  – indicada por João Vilasbôas (Mídias e Sala 33)

    2. Lança Perfume, Rita Lee – indicada por Giovanna Castro (diretora do Audiovisual)

    3. ⁠Apesar de Você,  Chico Buarque  – indicada por Mariana Ricci (Comunicação Visual e Sala 33)

    4. ⁠Bohemian Rhapsody, Queen – indicada por Aline Noronha (Sala 33 e Comunicação Visual)

    5. Evidências, Chitãozinho & Xororó – indicada por Clara Viterbo (Cinéfilos e Comunicação Visual)

    6. O mundo é um Moinho, Cartola – indicada por Jean Silva (Eventos e Laboratório)

    7. Porto Solidão, Jessé – indicada por Lorenzo (Laboratório e Comunicação Visual)

    8. A Lenda, Roupa Nova – indicada por Nicolle Martins (Vice-presidente)

    9. Lilás,  Djavan – indicada por Amanda Nascimento (Cinéfilos e Comunicação Visual)

    10. Everybody Wants to Rule The World, Tears for Fears – indicada por Fernanda Franco (J. Press e Comunicação Visual)

    11. Coração Pirata,  Roupa Nova – indicada por Júlia Sardinha (J. Press e Comunicação Visual)

    12. Highway to Hell,  ACDC – indicada por Luiz Dias (Eventos e J. Press)

    13. ⁠Menina Veneno,  Ritchie – indicada por Mirela Costa (diretora do Sala 33)

    14. Madalena,  Elis Regina  – indicada por Maria Luiza Caetano (Eventos e Cinéfilos)

    15. ⁠Como nossos pais, Belchior – indicada por Alícia Matsuda (diretora do Cinéfilos)

    16. Don’t Dream It’s Over, Crowded House  – indicada por Maria Clara Ramos (Assessoria e Cinéfilos)

    17.  ⁠Sinônimos, Chitãozinho & Xororó e Zé Ramalho – indicada por Miriã Gama (diretora de Mídias)

    18. ⁠Chuva de Prata,  Gal Costa – indicada por Regina (Comunicação Visual e  Cinéfilos)

    19. ⁠I will always love you, Whitney Houston  – indicada  por Renan Affonso (diretor de Marketing)

    20. Clube da esquina N°2,  Milton Nascimento  – indicada por Isabel (diretora de Eventos)

    21. More than a Feeling, Boston  – indicada por Marcelo Donegá (Laboratório)

    22. ⁠Carta ao Tom 74, Vinícius de Moraes  – indicada por Beatriz Haddad (RH)

    23. Another Brick in the Wall,  Pink Floyd  – indicada por Louisa Coelho (J. Press e Comunicação Visual) 

    24. Pigmalião 70,  Umas e Outras  – indicada por Luiza Santos (J.Press e Audiovisual)

    25. Tô Ouvindo Alguém Me Chamar, Racionais MC’s  – indicada por Pedro Malta (diretor de Comunicação Visual)

    26. ⁠Meu Erro, Os Paralamas do Sucesso  – indicada por Luana Mendes (Audiovisual e Cinéfilos)

    27. Enjoy the Silence, Depeche Mode- indicada por Fernanda Raphaela (Cinéfilos e Mídias)

    28. ⁠House of the rising sun, Animals  – indicada por Marcelo Teixeira (diretor do Audiovisual)

    29. Tempo Perdido, Legião Urbana  – indicada por Gabriela Nangino (Audiovisual e Laboratório)

    30. ⁠Eduardo e Mônica, Legião Urbana – indicada por Maria Eduarda Lameza (J. Press e Comunicação Visual)

    31. ⁠Só os loucos sabem, Charlie Brown Jr.  – indicada por Fernanda Zibordi (diretora do Laboratório)

    32. Exagerado, Cazuza  – indicada por Sarah Kelly (diretora do Sala 33)

    33. Take on Me,  A-ha   – indicada por Isabella Lopes (J.Press e Audiovisual)

    34. Aquele abraço, Gilberto Gil – indicada por Henrique Giacomin (Sala 33 e Comunicação Visual)

    35. Vou festejar, Beth Carvalho  – indicada por Breno Marino (Arquibancada e Eventos)

    36. Maria, Maria, Milton Nascimento – indicada por Bárbara Aguiar (diretora de Comunicação Visual)

    37. We can work it out, Beatles  – indicada por Matheus Ribeiro (Arquibancada e Mídias)

    38. Tears dry on their own, Amy Winehouse – indicada por Isabela Nahas (Audiovisual e Sala 33) 

    39. Stayin’ Alive, Bee Gees  – indicada por Gustavo Henrique Radaelli (Sala 33 e Audiovisual)

    40. Don’t Stop Me Now, Queen  – indicada por Nícolas Dalmolim (diretor da J. Press)

    41. An Everlasting Love, Andy Gibb  – indicada por Diego Coppio (diretor do Arquibancada)

    42. ⁠Espumas ao Vento,  Fagner  – indicada por Daniela Gonçalves (Mídias e Sala 33)

    43.  Like a Virgin, Madonna –  indicada por Clara Hanek (Mídias e Sala 33)

    44. Bigmouth Strikes Again, The Smiths – indicada por Clara Hanek (Mídias e Sala 33)

    45. ⁠Amiga da Minha Mulher, Seu Jorge  – indicada por Olívia Rueda (Eventos e Arquibancada)

    46. Anna Júlia, Los hermanos  – indicada por Olívia Rueda (Eventos e Arquibancada)

    47.⁠Mulher de fases,  Raimundos  – indicada por Olívia Rueda (Eventos e Arquibancada)

    48. Wind of Change, Scorpions – indicada por Clara Hanek (Mídias e Sala 33)

    49. Queens of Noise, The Runaways – indicada por Clara Hanek (Mídias e Sala 33)

    50. Just Like Heaven, The Cure – indicada por Clara Hanek (Mídias e Sala 33)

    51. Always on My Mind, Pet Shop Boys – indicada por Clara Hanek (Mídias e Sala 33)

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