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Olimpíadas 2024 | Paris virou baile! Brasil supera a França por 1 a 0 em um jogo de alto nível

No país das francesas e em um estádio lotado a seu favor, a vontade de vencer brasileira não foi abalada e Gabi Portilho fez o gol da vitória
Gabi Portilho comemorando o gol na França nas quartas de final das Olimpíadas de 2024, em Paris
Por Aline Noronha (alinenoronha@usp.br)

Após quase ter sentido o sabor amargo de desclassificação ainda na fase de grupos, a seleção feminina brasileira de futebol aproveitou a nova chance em uma partida difícil contra a França, nas quartas de final. O jogo inesperadamente equilibrado mostrou um novo posicionamento do Brasil, que estava pressionando as adversárias e explorando suas fragilidades.

A equipe francesa levou gol nos últimos sete jogos por causa dos erros defensivos, haja vista que, quando as linhas estão pressionadas mais para trás, há uma dificuldade evidente para elas. As jogadoras brasileiras aproveitaram dessa vulnerabilidade para realizar uma forte marcação e uma pressão agressiva desde os primeiros segundos de jogo — a exemplo do cartão amarelo que Jhennifer levou em menos de um minuto de partida. 

Aos 11’, Tarciane cometeu uma falta na grande área que, após quatro minutos de espera para a confirmação, gerou o pênalti da partida.  A chance parecia ser um gol certo para a França, mas a bola chutada, no lado direito, pela craque francesa Karchaoui foi de encontro aos braços de Lorena em uma excepcional defesa.

Elenco do Brasil comemorando o gol na França nas quartas de final das Olimpíadas de 2024, em Paris

Até os primeiros trinta minutos, o Brasil tinha cometido oito faltas, enquanto as francesas, apenas a metade [Reprodução/Instagram: @fifawomensworldcup] 

Durante o primeiro tempo, alguns problemas antigos do Brasil persistiram, já que o meio de campo estava espaçado, o que diminuía a sua posse de bola — 44%, enquanto a das francesas foi de 56%. Além disso, o erro de passes se repetia, o que fazia a bola não chegar ao ataque com qualidade, ou mesmo quando chegava, as atacantes não pareciam estar totalmente focadas no jogo. A demora na tomada de decisão novamente foi evidente, algo que deixava algumas jogadas brasileiras mais lentas.

As oportunidades de balançar as redes surgiram para os dois lados. Aos 39’, depois de um escanteio para a França, a camisa 18, Viviane Asseyi, mesmo marcada por três brasileiras, conseguiu cabecear a bola em direção ao gol — que por sorte bateu na trave. Já nos 45+5’, a jogadora brasileira Adriana recebeu uma boa bola, mas perdeu o gol por ter antecipado o tempo da bola, o que a fez chutá-la antes do momento ideal e errar a finalização.

Aconteceu o que poucos esperavam: deu zebra!

No segundo tempo, as jogadoras brasileiras continuaram com a garra em busca da vitória. Logo no início, aos 62’, Gabi Portilho recebeu um passe de Kerolin e deu um susto na França, em uma jogada que fez com que a goleira adversária tirasse a bola do gol quase na ponta dos dedos e jogasse para escanteio. 

Um pouco antes disso, na primeira metade do segundo tempo, a jogadora brasileira Rafaelle saiu no gramado com dores no calcanhar após uma dividida de bola. Apesar de ter entrado novamente depois, aos 56’ ela saiu de maca dos gramados. Em seu lugar, Arthur, entre as opções de banco, chamou Tamires para entrar na partida e se tornar a nova capitã.

A bola parada foi uma das jogadas que a seleção brasileira não estava sabendo aproveitar de maneira satisfatória, já que as chances morriam no primeiro pau e não chegavam em Tarciane, uma jogadora alta e que poderia cabecear. 

Já a França, que possui jogadoras altas — como a Renard, com quase 1,90 metros de altura —, induzia o Brasil a erros para ganhar a sua tão perigosa bola parada. Nas tentativas de balançar as redes com essa estratégia, as bolas passavam por cima do gol ou batiam no travessão.

Gabi Portilho em sua comemoração após gol na França nas quartas de final das Olimpíadas de 2024, em Paris

O Brasil venceu pela primeira vez da França, após cinco empates e sete derrotas [Reprodução/Instagram: @fifawomensworldcup] 

Como os passes curtos não estavam funcionando ao time brasileiro pelo espaçamento entre as linhas, a solução foi apostar em bolas longas que, por vezes, acabavam não chegando em ninguém. Até que, aos 82’, em um arremesso lateral, a bola chegou aos pés de Gabi Portilho, que deu um drible na defesa francesa, passando entre duas jogadoras e, em velocidade, cravou o gol da vitória brasileira cara a cara com a goleira europeia. 

O golaço de Portilho foi no nível de qualidade e técnica que a nação brasileira espera de sua seleção. Após isso, o time latino-americano cresceu ainda mais na partida, atacando em profundidade e nas costas da defesa francesa. Aos 89’, Gabi Portilho teve outra oportunidade de balançar as redes, mas pela demora da tentativa do chute no gol, quando ela se arriscou, já estava muito próxima da pequena área e a bola bateu na trave.

Marta, suspensa da partida, comemorando gol do Brasil contra a França nas quartas de final das Olimpíadas de 2024, em Paris

A jogadora Marta não poderá jogar com a seleção na semifinal, já que a sua expulsão contemplou dois jogos. Apesar da CBF recorrer da decisão na FIFA, o pedido foi negado [Reprodução/Instagram: @fifawomensworldcup] 

O empate que não veio e a próxima partida

A árbitra estadunidense deu “intermináveis” — ao menos, para os brasileiros — 16 minutos de acréscimos, que poderiam dar a chance de empate para as francesas. A seleção europeia foi atrás disso e tentou alguns chutes, mas o paredão de Lorena no gol brasileiro garantiu a permanência do 1 a 0. Aos 12’ dos acréscimos, a jogadora Yasmin ainda quase cravou o segundo gol da vitória latino-americana em uma finalização por cobertura.

Aos 90+15’, a atleta Ludmilla também tentou um chute ao gol, mas foi pego pela goleira francesa. Apesar da conclusão dos acréscimos estipulados inicialmente, a juíza finalizou o jogo somente ao completar 19 minutos. Após esse estresse, o jogo acabou e o Brasil eliminou, no estádio La Beaujoire lotado de franceses, as donas da casa.

“Temos que comemorar bastante [o jogo de hoje], porque ganhamos no jeito brasileiro. Foi na raça, na entrega”

Lorena

Nessa partida, as jogadoras brasileiras mostraram o que o seu país quer ver, com qualidade técnica, inteligência e a personalidade que elas possuem. A exemplo, da atleta Angelina, que entrou no lugar de Duda Sampaio e, aos 8’ dos acréscimos, puxou a camisa 10 da França para, já no meio de campo, atrasar o contra-ataque europeu. Isso, apesar do cartão amarelo, ajudou a garantir a vitória e, no geral, não prejudicou seu time. 

Já sobre seu gol e partida, em entrevista à Cazé TV, Gabi Portilho disse: “É um jogo que a gente soube sofrer. A gente sabia que tinha que quebrar um tabu que o Brasil nunca ganhou [da França]. Eu não consigo explicar o meu sentimento agora, mas estamos na semifinal. Vamos em busca desse ouro”.

O próximo jogo do Brasil na disputa pela semifinal será uma oportunidade de vingança e revanche ao país “verde e amarelo”. A partida será na próxima terça-feira (06/08) contra a Espanha, às 16h, e será uma oportunidade para a seleção mostrar se realmente aprendeu com seus erros. 

Vale destacar que a seleção brasileira possui um novo desfalque. A lateral-esquerda Tamires está fora das Olimpíadas de Paris, após um exame de imagem confirmar a lesão extensa da sindesmose na atleta, que possivelmente passará por um procedimento cirúrgico.

Imagem de capa: [Reprodução/Instagram: @fifawomensworldcup] 

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