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Palavrões e balas: A Dupla Explosiva de um roteiro requentado

O humor barato do Deadpool de Ryan Reynolds e o linguajar repleto de palavrões que já são parte da carreira de Samuel L. Jackson: essa é a essência do par de personagens que dá título a Dupla Explosiva (The Hitman’s Bodyguard, 2017), o que diz muito sobre a constante transição do filme entre ação e …

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O humor barato do Deadpool de Ryan Reynolds e o linguajar repleto de palavrões que já são parte da carreira de Samuel L. Jackson: essa é a essência do par de personagens que dá título a Dupla Explosiva (The Hitman’s Bodyguard, 2017), o que diz muito sobre a constante transição do filme entre ação e comédia. Em uma história que conta com uma sucessão de clichês, o longa enfrenta a prova de fogo de fazê-los funcionar. Esses caminhos só são batidos no cinema porque dão certo, como uma ferramenta que agrada a um grande público. E tendo um caráter assumidamente popularesco, Dupla Explosiva acerta em abraçar sua ruindade e os papéis que antes já fizeram a fama de seu elenco.

Michael Bryce (Reynolds) era um agente de proteção executiva classe A, título que aparentemente atribuiu a si mesmo. Sua função era proteger chefes do crime, até que um de seus trabalhos foi falho e sua posição rebaixada. A partir desse momento, Bryce escoltava tipos como um advogado medíocre viciado em drogas. Em paralelo com a apresentação de Reynolds na história, Darius Kincaid (L. Jackson), um serial killer condenado à prisão perpétua, assina um acordo com a Interpol para que sua esposa seja libertada em troca da cooperação no julgamento de um famoso ditador, Dukhovich (Gary Oldman).

Dupla Explosiva
Imagem: reprodução

As poucas cenas que mostram o nível de maldade do governante, apesar de tratarem o assunto com respeito, não chegam a apelar para um lado muito sentimental. O objetivo não parece ser excitar uma revolta contra o algoz, mas justificar o pano de fundo que move os protagonistas, inimigos de outrora agora unidos contra um genocida. Esse conflito entre a dupla é bem justificado e explorado: Michael protege os bandidos que Kincaid almeja matar. Todas as vítimas do assassino de aluguel eram criminosos, o que, sob seu ponto de vista, justifica a ausência de um conflito ético. Por outro lado, parece que ele também se diverte com a violência. Isso é visto principalmente no relacionamento com a sua esposa, Sonia – uma debochada Salma Hayek interpretando o mais previsível arquétipo de latina, o que pode ser encarado como um problema e uma escolha antiquada do roteiro, mas não parece surpreendente considerando o contexto.

A caricatura levada à tela por Salma se sobrepõe a Amelia, a ex-namorada de Michael e agente da Interpol, interpretada por Elodie Yung. Infelizmente sua performance é bem esquecível, principalmente pelo papel limitado de mocinha que falha nas missões e tem de ser salva a todo momento. O carisma que falta à personagem sobra aos protagonistas e sustenta o filme por suas duas horas, justificando em parte o dinheiro do ingresso, mas não o tornando um investimento. Nenhuma dessas estrelas está em sua melhor forma e, apesar de inovar, por exemplo, com um Ryan Reynolds ranzinza, se o objetivo for vê-lo em um besteirol, seu super herói mais recente entrega um entretenimento de maior qualidade. Da mesma forma, L. Jackson também tem diversos filmes mais interessantes em seu currículo, com Dupla Explosiva parecendo ser mais um daqueles roteiros ruins que escolhe anualmente para provar que seu talento se destaca acima das fraquezas de produção.

Dupla Explosiva
Imagem: reprodução

Apesar disso, certos momentos irônicos da montagem merecem elogios. Um exemplo é a  dança lenta de Kincaid com sua esposa, embalados por Celine Dion, um ícone da música romântica, alheios a uma luta sanguinolenta e bastante (mesmo) fake que acontece ao redor. A cena reafirma a ideia do filme não se comprometer com uma premissa realista ou com a entrega de um conteúdo enriquecedor.

O supérfluo, talvez mais do que nunca, faz parte do circuito da arte. A todo momento esse total descompromisso da história parece vir a nossa mente, com sequências de ação que são divertidas, algumas frases engraçadas (mas com outras piadas que rendem um rolar de olhos de tão infantis) e uma exploração dos clichês antes citados que, assim como o resto do filme, parecem apenas dispensáveis. Ou melhor: adequadas a um simples besteirol americano.

O filme chega aos cinemas no dia 31 de agosto. Assista ao trailer legendado:

https://www.youtube.com/watch?v=t7Q0Lr_bTfk%20

Por Pietra Carvalho
pietra.carpin@hotmail.com

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