Papillon (2018) é um longa-metragem inspirado na obra de Henri Carrière que foi publicada em 1969. O livro homônimo se tornou um verdadeiro best seller da década de 1970 na França. O filme deste ano é um remake do diretor Michael Noer, considerando a versão anterior de 1974 dirigida por Franklin J. Schaffner. Por se tratar de uma nova produção, surge a expectativa pelo lançamento em comparação à versão da década de 70.
O filme tem início com Henri Carrière (Charlie Hunnam), conhecido como Papillon, confinado em uma cela individual. Com a câmera fazendo uma tomada que utiliza a portinhola de uma cela de solitária, focando no protagonista. Posteriormente corta para Paris dos anos 1930, com Papillon envolvido em atividades junto a uma espécie de gangue, em cenas dentro de um cabaré. Neste cabaré uma das dançarinas se envolve com o protagonista que dá nome ao filme. O caso com a dançarina parece muito mais um artifício cinematográfico para integrar uma paixão à trama, visto que não é explorado ao longo do filme.
Em outro artifício, desta vez com a intenção de dramatizar a cena, Papi é preso de forma brusca quando estava junto de sua amada. Por conta de um assassinato suspeito, a personagem interpretada por Charlie Hunnam é condenada à prisão perpétua. Sendo enviado para a Ilha do Diabo, localizada na Guiana Francesa, ambiente no qual Papillon terá que sobreviver entre perigosos criminosos.
A trama começa a ser de fato construída após a separação dramatizada de Papillon e sua amada, com ele partindo para a Guiana Francesa e ela ficando em Paris. Já dentro do barco, no trajeto de ida, a história do protagonista é cruzada com a história de Louis Dega (Rami Malek). Dega é um milionário, podendo comprar certas regalias dentro da prisão, mas é um homem franzino que não consegue se proteger dos outros presos. Papillon e Dega firmam um acordo que a princípio é uma troca: proteção física e sobrevivência por dinheiro para bancar uma fuga da ilha.
O trato entre os dois prisioneiros, que à primeira vista é movido por interesses pessoais, vai se transformando em um companheirismo. Nas tentativas de fuga, após subornos e enfrentamento com os guardas, Papi é trancafiado na solitária. E as cenas que vêm em seguida são as mais surpreendentes dentro de toda a trama.
Charlie Hunnam dá vida ao protagonista e corresponde às expectativas que pedem o papel. No entanto, Rami Malek também merece grau de destaque por sua interpretação. Seu olhar profundo e perturbador despertam um incômodo a quem assiste. Encarnando muito bem as características da personagem, que apresenta caráter introvertido e ao mesmo tempo intimidador. Sendo tudo muito bem definido no olhar de Malek.
Ao fim do filme, fica evidente que o diretor Michael Noer prioriza os momentos de maior violência para com o ser humano. Além de focalizar no drama da tentativa de fuga da ilha aliada à tortura psicológica que tornam a Ilha do Diabo um verdadeiro inferno.
Papillon estreia dia 4 de outubro nos cinemas. Confira o trailer:
por Gabriel Cillo
gccillo@usp.br