Jornalismo Júnior

logo da Jornalismo Júnior
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

45ª Mostra Internacional de SP | ‘Pegando a Estrada’

Exibido na Quinzena do Festival de Cannes e no Festival de Londres, o primeiro longa de Pahan Panahi se conecta ativamente com quem assiste

O filme Pegando a Estrada (Jaddeh Khaki, 2021) mostra a viagem de carro de uma família constituída por 5 membros: uma mãe mal humorada (Pantea Panahiha), um pai com a perna quebrada (Hasan Majuni), uma criança hiperativa (Rayan Sarlak), um filho mais velho retraído (Amin Simiar) e um cachorro doente.

O destino dessa viagem é uma região fronteiriça, enquanto os pais alegam que o motivo se dá pelo casamento do irmão mais velho, o clima de tensão e angústia torna tal razão uma mera dúvida.

Pahan é filho de Jafar Panahi, um dos diretores mais relevantes da atualidade se tratando de filmes de viagem, além desse legado, o trabalho dos dois carregam outras similaridades, uma delas é o desenvolvimento de reflexões elaboradas usando metáforas. Jafar costuma utilizar essa figura de linguagem para criticar o regime político da república islâmica do Irã, já Panah usa ela para uma finalidade múltipla, misteriosa e bela.

As metáforas de Pegando a Estrada se associam a referências de obras clássicas, juntas elas resultam em cenas fantásticas. Esses trechos são subjetivos e ambíguos e cumprem com a função do longa: de fazer quem assiste pensar e participar ativamente na história.

A capa de Pegando a Estrada mostra o filho transcendendo após concluir a viagem. [Imagem: Divulgação / JP Productions]
A capa de Pegando a Estrada mostra o filho transcendendo após concluir a viagem com referência ao clássico 2001-Uma Odisseia no Espaço (2001: A Space Odyssey, 1968). [Imagem: Divulgação / JP Productions]
O que corrobora para isso, é que poucos fatos são entregues de bandeja, em todos os momentos deve-se ficar atento às falas, as atuações e a participação de personagens secundários, para então chegar em teses sobre o que está acontecendo com os protagonistas e onde se direciona o desenvolvimento do enredo.

A incerteza é uma marca de Pegando a Estrada, toda a trama segue uma lógica reflexiva. O diretor se preocupa que cada inferência do pensar ativo leve o público a estabelecer uma conexão por completo com o filme.

De um lado, essa conexão se amplia devido às boas atuações dos atores que aliadas a um roteiro que engloba diálogos interessantes, amplificam o carisma e a relação com cada persona. Do outro, há uma bela fotografia, em que o principal destaque é o meio não rural, a própria natureza é capaz de aproximar os espectadores ao espaço físico da ficção.

Se o roteiro não deixa muitas pistas, a trilha sonora do filme Pegando a Estrada é o meio mais pertinente para a tentativa de respostas. Além de ser uma excelente fonte de entretenimento, é nesses mesmos momentos que os personagens cantam e dançam, expressando as suas verdades e seus sentimentos.

Em cena de Pegando a Estrada, criança brinca no gesso do pai. [Imagem: Divulgação / JP Productions]
Cena da criança brincando no gesso do pai, enquanto rola a trilha sonora de piano. [Imagem: Divulgação / JP Productions]
O longa de estreia de Pahan é uma obra rica e criativa que se conecta em vários sentidos com o espectador. Existe uma conexão com os personagens e a trajetória deles. Uma conexão com o autor graças ao roteiro interativo e metafórico. E outra conexão com a realidade sócio política iraniana, em que a fotografia e as próprias reflexões colaboram com a imersão a esse cenário.

Esse filme faz parte da 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique na tag no final do texto. Confira o trailer:

*Imagem de capa: Divulgação / JP Productions

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima