Dia 29/04 foi o segundo dia do Festival Lollapalooza, que tem edições brasileiras desde 2012. Característico por atrair os chamados “hipsters”, o festival tem em sua essência levar a música e a arte alternativas e “indie” ao público, desde a sua criação nos EUA em 1991 por Perry Farrel do Jane’s Addiction.
Muitas bandas pisaram em solos brasileiros com o Lolla, apelido carinhoso que o festival acabou ganhando. Desde 2012 já passaram Foo Fighters, Arctic Monkeys, Franz Ferdinand, Kaiser Chiefs, The Black Keys, Two Door Cinema Club, The Killers, Pearl Jam… e mais uma infinidade de bandas que não veríamos em outro festival no Brasil.
Assim que o line up da edição 2015 foi divulgado, muitos pensaram “acho que algo de errado”. Pois é, de longe essa talvez não foi a melhor edição do Lollapalooza, o que talvez reflita no menor número de ingressos vendidos. No primeiro dia do festival era esperado um público de 80 mil pessoas e compareceu 66 mil. O preço dos ingressos, um line up não tão forte e alguns headliners que pareciam passar um pouco longe do conceito do evento não despertaram tanto a atenção e o interesse dos fãs.
Aliás, talvez nisso o Lolla pecou esse ano. Sabe quando chega naquela parte da reunião em que para você realizar o briefing da marca precisa definir o “conceito”? O Lolla foi assim. Deu uma saudade do conceito que era muito mais evidente nas edições anteriores.
Mais do que tudo que está escrito acima, talvez o mais importante do Lolla – e que define o caráter indie, e “independente” do festival – é abrir espaço para um novo cenário musical, que não teria a oportunidade de tocar em outro festival do mesmo tamanho. Percebemos isso com as bandas Mombojó, Baleia e Far From Alaska. Vemos isso até em apresentações internacionais como foi o caso de St. Vincent.
É claro, que o festival precisa estar atento aos seus anseios mercantis e garantir lucro para manter-se. Como era bem observado em outro choque para os fãs – no preço dos alimentos que eram vendidos, uma cerveja custava 10 reais, um refrigerante R$ 7,50. O Lolla de 2015 refletiu bem uma crise da organização que ousou a ganância e esqueceu da essência.
Foster The People, eles cresceram – e muito!
Quem se surpreendeu com a apresentação alucinante da banda na edição no festival em 2012, ficou mais convencido ainda de que Foster The People já é uma grande banda. Os integrantes possuem presença, as músicas combinaram perfeitamente ao setlist proposto e agradou a todos – foi o mais elogiado pelo público que estava ali na frente “amassado” pra ver a banda mais de perto.
Surpresas a parte
Na onda das surpresas, merece destaque o show da banda americana Young The Giant, que ganhou o público que ainda não a conhecia com Cough Syrup, do Young The Giant (2011) e com as novas do álbum Mind Over Matter (2014).
Outro show que empolgou o público foi o da Banda Rudimental, com mixagens, e canções próprias que embalaram coro, como Fell The Love e até cover de Ray Charles.
Apesar de todos os conflitos de identidade e de preços (não é mesmo?) o Lollapalooza Brasil foi um bom festival, mais organizado, mas que ainda precisa de muita reflexão por parte dos organizadores. O Lolla não pode acabar, mas ele não pode se perder.
Por Jeferson Gonçalves
jefmgoncalves@gmail.com