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Em ‘Raquel 1:1’, Deus e a mulher se encontram

Filme brasileiro mistura terror, religião e feminismo em um resultado poderoso

Porque não reescrever a Bíblia? O público é confrontado com essa pergunta ainda no início de Raquel 1:1 (2023), lançamento nacional dirigido e roteirizado por Mariana Bastos. Por trás de uma pergunta (e de um filme) que pode chocar os mais conservadores, está um importante comentário sobre fanatismo religioso e o papel da mulher na sociedade.

Raquel (Valentina Herszage) é uma adolescente religiosa que, após a trágica morte de sua mãe, volta a viver com seu pai, Hermes (Emílio de Mello), em sua cidade natal interiorana, a fictícia Monte Megido. Em seus primeiros dias, a jovem passa por uma misteriosa experiência, o que a colocará em um embate direto contra a forte igreja local.

A diretora Mariana Bastos e a atriz Valentina Herszage na estreia de Raquel 1:1 no festival South by Southwest.
O filme fez sucesso em festivais internacionais como o South by Southwest (SXSW) em 2022 [Imagem: Reprodução/Instagram/@amaribastos]

O longa é um terror psicológico com pitadas de folk e body horror. É possível lembrar de filmes como A Bruxa (The Witch, 2015) ou Carrie – A Estranha (Carrie, 1976) ao assisti-lo, mas Raquel 1:1, por seu contexto, é um terror intimamente brasileiro. Com o fortalecimento de pautas religiosas conservadoras entre o governo brasileiro nos últimos anos, a trama do longa se torna totalmente atual. A igreja de Monte Megido funciona como um poder paralelo na cidade, influenciando a vida até daqueles que não a seguem. Quando Raquel passa a desafiar seus preceitos, toda a cidade se volta contra ela, como se aquele fosse um feudo medieval e a protagonista, uma bruxa.

A figura da bruxa se tornou emblemática para o feminismo do século XXI e esse é, sem dúvida, um filme feminista. Mariana Bastos discute a opressão da mulher dentro dos preceitos religiosos de uma Bíblia escrita por homens que viveram há séculos e dentro de uma sociedade machista, principalmente através dos flashbacks sonoros envolvendo a mãe de Raquel, que foi assassinada pelo namorado.

Raquel, uma jovem branca de cabelos pretos, aparece ao centro, banhada por uma luz vermelha. Ao seu lado está Laura, uma jovem negra de cabelos cacheados.
A dinâmica entre Raquel e Laura (Eduarda Samara), a melhor amiga e seguidora da protagonista, também é um ponto positivo do filme. [Imagem: Divulgação/ O2 Play Filmes]

Raquel 1:1 é atual, tem um bom ritmo e uma mensagem necessária. O longa é uma bela adição ao catálogo de filmes de terror nacionais e peca apenas por não ir longe nos aspectos que o fazem mais esquisito e misterioso, como o body horror.

O filme já está em cartaz nos cinemas. Confira o trailer:

*Imagem de capa: Divulgação/O2 Play Filmes

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