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‘Daisy Jones & The Six’: Amor, música e rock n’roll

Adaptação entrega qualidade cinematográfica e explora problemáticas da indústria musical dos anos 70

A minissérie Daisy Jones & The Six foi estreada na plataforma de streaming Amazon Prime Video no dia 3 de março de 2023. A obra, que conta com a atuação de Riley Keough — neta de Elvis Presley — e de Sam Claflin nos papéis principais, acompanha a jornada da banda de rock fictícia mais famosa da década de 1970 e narra as diferentes relações que envolvem os membros do grupo. 

A produção audiovisual é uma adaptação da obra literária Daisy Jones & The Six: uma história de amor e música da autora norte-americana Taylor Jenkins Read, escritora também conhecida pelo sucesso Os Sete Maridos de Evelyn Hugo, que vai se tornar um longa-metragem produzido pela Netflix

Com o anúncio de estreia da série, um número volumoso de fãs se sentiram apreensivos com relação à forma como a adaptação seria estruturada. Contudo, após o lançamento dos primeiros episódios, a recepção positiva do público revela o cuidado tomado pelos produtores para que a série fosse fiel à obra literária. O telespectador é facilmente convencido de que a banda fez parte do cenário musical de Los Angeles em meados dos anos 70, sentimento que grande número de leitores tiveram ao ler o livro. 

Sexo, drogas e Rock n’ Roll 

Daisy Jones & The Six acompanha, ao longo de 10 episódios, a formação e relação existente entre Margaret ‘Daisy’ Jones (Riley Keough), vocalista principal da banda, e os outros cinco integrantes do grupo musical até o momento de sua misteriosa ruptura. Os motivos para o fim do grupo só são revelados 20 anos depois, por meio de entrevistas individuais com cada um dos membros e produtores envolvidos com a banda. 

Daisy Jones e Billy Dunne em show da turnê Aurora. Imagem: [Reprodução/Amazon Prime Video]

Billy Dunne (Sam Claflin), vocalista e compositor do grupo, é um dos personagens centrais da obra, e a sua relação com Daisy é essencial para o desenvolvimento da história. A relação entre os dois, que inicialmente era estritamente profissional, se desenvolveu também para o amor romântico. Além disso, o  cantor é casado com Camila Alvarez (Camila Morrone), formando um triângulo amoroso divergente da maioria daqueles que normalmente são apresentados ao público. Isso acontece pois a história não se limita à simples questão de qual será o casal final. A relação entre os três apresenta traços que vão além dos romances convencionais e a atuação de Riley, Sam e Camila entregam a sensibilidade que é demandada para a compreensão dos fatos. 

Diferentes relações amorosas que acontecem dentro e fora da banda também têm destaque na produção, permitindo que o telespectador assista diferentes aspectos do amor romântico que não conseguem ser observados no cotidiano, como a relação entre Karen e Graham, ambos integrantes de banda, que passam por sacrifícios para conseguirem se encontrar. A performance dos atores possibilita entender como os relacionamentos da série são mutuamente destrutivos, apesar dos sentimentos que envolvem os personagens. 

A série também acerta ao apresentar o clássico cenário da indústria musical dos anos 60/70. O sexo, as drogas e o rock ‘n roll estão presentes na produção do início ao fim e são abordados com a atenção que diferentes livros, séries e filmes falham em destacar. O fato do período ser uma época perfeita para os amantes de música, ainda que carregue uma onda de diferentes problemáticas, como as drogas, cujo uso abusivo é feito por diferentes personagens no decorrer dos 10 episódios, fator que afeta as relações interpessoais não só entre participantes da banda, mas entre todos aqueles que apresentam vínculos com os artistas em questão. Ao longo da série, a complexidade associada ao processo de reabilitação e o apoio emocional que isso demanda de familiares, produtores e amigos é colocado em pauta. 

Sexualidade, machismo e a indústria musical 

A adaptação apresenta  a narrativa de diferentes mulheres que descrevem as dificuldades e estigmas enfrentados no período. Desde o início da série, Daisy fala sobre as dificuldades de se consolidar como compositora em um ambiente dominado por homens, e também revela as difíceis escolhas que foram tomadas para que conseguisse se encontrar como protagonista da própria história. 

Daisy: “Eu não quero ser a musa de alguém. Eu sou o alguém”

Daisy Jones & The Six

Simone Jackson (Nabiyah Be), melhor amiga da protagonista e precursora do ritmo Disco, também revela os dilemas que teve que enfrentar dentro da indústria. Não só por também ser mulher, mas por ser uma mulher preta e lésbica na década de 70. É apenas durante parte do episódio 7 que Simone permite conhecer a si mesma e deixa outras pessoas a conhecerem por meio da música e da dança. Assim, durante a produção audiovisual, é interessante ver o sucesso dela se formando junto com sua liberdade e entendimento a respeito de si mesma. 

Jackson também se revela como personagem central da obra, uma vez que parece ser a única pessoa, junto com Bernie (Ayesha Harris) — sua namorada — a entender as dinâmicas problemáticas que são apresentadas entre os personagens na série, como a relação preocupante entre Daisy e Billy. 

Karen Sirko (Suki Waterhouse), tecladista da banda, reforça o papel das mulheres dentro do rock e levanta questões que tratam sobre liberdade e independência. A personagem menciona em alguns momentos o medo de ser intitulada como alguém sem importância para a construção do projeto musical da  banda, fator que, muitas vezes, fez com que ela limitasse suas escolhas. Sirko parece ser a única personagem que entende as jornadas emocionais de seus amigos, principalmente entre as mulheres. 

Por fim, Camila Dunne, fotógrafa e esposa de Billy Dunne, luta consigo mesma em busca de formas de não se esconder nas sombras do marido. Durante os episódios, o telespectador consegue se conectar com a personagem em diferentes momentos e, em pouco tempo, é possível compreender que a personagem está longe de ser apenas uma coadjuvante para a história. Ao assistir a série, nota-se que além de estar acompanhando a jornada de uma banda, o espectador acompanha também Camila, que busca se encontrar para além de sua vida amorosa. 

As mulheres de Daisy Jones & The Six (Nicole, Camila, Daisy e Karen). Imagem: [Reprodução/Amazon Prime Video]

Livro vs Série 

Adaptações de livros costumam provocar medo naqueles que anseiam pela sua estréia, contudo, as expectativas para o lançamento da série foram cumpridas, e ela conseguiu agradar boa parte dos fãs. O elenco é um dos pontos fortes da obra cinematográfica, uma vez que a descrição dos personagens feita no livro é semelhante à figura dos atores. O figurino e a maquiagem foram possuíram trabalhos excepcionais e fazem jus as descrições feitas por Taylor Jenkins Reid em seu escrito. 

A  série não segue fielmente todos os pontos que foram narrados no livro e faz algumas modificações; no entanto, todas as mudanças fazem sentido para dar continuidade à história. Produtos culturais de meios diferentes nem sempre conseguem ser adaptados com total fidelidade, mas Daisy Jones & The Six entregou um resultado final agradável em termos de elenco e roteiro. 

Um dos pontos altos da adaptação é o álbum musical que a banda ganha dentro da série. Além de contar com melodias e ritmos semelhantes aos da década de 70, a qualidade vocal dos atores surpreendem os espectadores que não tinham contato com esse tipo de performance de Sam Claflin, por exemplo.

A banda ao fim de um show. Imagem: [Reprodução/Amazon Prime Video]

O enredo da série promove uma jornada emocional que dificilmente será encontrada em outros produtos audiovisuais e, por esse motivo, os fãs da obra literária e aqueles que se interessam por música não podem deixar de assistir.  

Imagem de capa: Divulgação/Amazon Prime Video

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