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Sala 33 conversa com SPVIC e com o Dj Sleep sobre a nova cena do rap nacional

A poesia Haikai não é só de Lemisnki, é também o pouco que muito diz e prospera do grupo Haikaiss. SPVIC, Spinardi, Qualy e Dj Sleep formam o grupo de berço paulistano, mais precisamente de uma das zonas mais conhecidas do RAP, a Zona Norte. O grupo nasceu com pouco, porém, o muito veio de …

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A poesia Haikai não é só de Lemisnki, é também o pouco que muito diz e prospera do grupo Haikaiss. SPVIC, Spinardi, Qualy e Dj Sleep formam o grupo de berço paulistano, mais precisamente de uma das zonas mais conhecidas do RAP, a Zona Norte. O grupo nasceu com pouco, porém, o muito veio de dentro, conquistando a cena da nova geração. Com 9 anos de estrada, dois discos e dois EP’s de sucesso, Haikaiss é palco de um beat pesado e uma letra complexa, com reflexões modernas sobre a vida urbana e a vivência de um mundo underground.

O Sala 33 foi até a Ésseponto Records, estúdio independente por eles formado no início da carreira do grupo, para conversar com o SPVIC e com o Dj Sleep sobre a nova cena do rap nacional e sobre sua trajetória.

haikaiss
Imagem: Isabella Schreen.

Sala 33: Para vocês, qual é a maior diferença entre a nova e a velha geração do rap nacional?

SPVIC: Acho que principalmente na maneira como é feito. Antigamente era mais difícil fazer rap e gravar. Até mesmo o interesse era menor, era mais uma missão da periferia, como se fosse algo mais fechado. Hoje em dia qualquer pessoa pode gravar. A internet fez com que qualquer um tenha acesso e popularizou mais o rap.

Dj Sleep: E a velha escola tá vindo com a nova. Tá vendo que a cena está mudando e tá sendo influenciada pela nova escola.

Sala 33: Vocês acham que existe algum tipo de segregação entre os tipos de rap?

SPVIC: Acho que todo mundo acaba rotulando. Por exemplo, esse é um tipo de rap mais periférico, esse mais “trap”. Então há isso sim, não só por quem faz o som, mas também por quem ouve. Mas a gente tenta não se prender a isso, porque sabemos que é fase.

Dj Sleep: Acho que existe essa separação sim, mas sem uma discriminação. A gente ouve de tudo e convive com caras que fazem uma sonorização do rap diferente.

Sala 33: E o que vocês acham sobre o espaço do rap na mídia?

SPVIC: Ainda tem muito a conquistar. Você pode até ver que toda vez que sai algo de rap na mídia é com um “Ó, o rap”, é como se fosse um cenário desconhecido, uma coisa nova. Falta isso, uma aceitação, um momento que o rap se torne comum na mídia.

Dj Sleep: Eu acho que tem que ir pra mídia com tudo. Desde a rádio desconhecida do fulano, até a Rede Globo mesmo, por exemplo.

Sala 33: Muitos rappers quando aparecem na grande mídia são criticados com discursos de “Não pode, o rap é para a periferia”. O que vocês acham a respeito?

SPVIC: Eu acho que ninguém tem nada a ver com isso, não pode querer acorrentar os caras à regras, tem que ter liberdade. Se acha que é o momento pra isso e fala: “Minha música tem que atingir o mundo todo”, então tem que respeitar o espaço deles. Sem falar da qualidade do som dos caras, se fosse ruim não tava lá.

Sala 33: E a quem vocês atribuem o “boom” inicial da rap? E o que foi feito de diferente?

SPVIC: Acho que foi o Emicida. O cara ensinou como vender, como atingir todo mundo não só pela internet. Nas ruas, na venda de CD’s, foi ele que começou com esse diferencial.

Sala 33: Até vocês mesmos passaram por essa fase de vender pelas ruas, né?

SPVIC: Sim, eu vendi CD do Haikaiss por dois reais. Porque assim qualquer pessoa compra, até quem não escuta rap. Se fosse por cinco acho que não vendia não, mas dois sim. Os caras viam lá o nosso esforço e acabavam comprando.

O novo disco duplo “Fotografia de um Instante” contém 35 faixas e foi lançado no fim de 2014. Imagem: Divulgação.

 

Sala 33: Uma curiosidade: vocês chegaram a participar de Batalhas de MC’s?

Dj Sleep: Olha, eu frequentei sim, mas como DJ. Toquei na Liga dos MC’s e também na Rinha, ainda quando era o Criolo que fazia. Era muito bate cabeça.

SPVIC: Eu particularmente nunca participei, mas assisti sim. Aí tem os caras que vieram de lá mesmo. Os do “Sujeito a Guincho”, o “Nissin do Oriente”, o “Predella do Costa Gold” e muitos outros. Na real que cada um tem a sua origem.

Sala 33: E qual a importância dessas organizações como o Damassacrew pra vocês? E como funciona?

SPVIC: Acho que é uma questão de união entre MC’s. Tem gente que tem a visão de que é um padrão de qualidade de MC’s, mas na real que é uma aliança mesmo.

Sala 33: E como se enquadra a discriminação, seja de cor, sexualidade, ou raça, dentro do rap? Isso se acentua mais ou não?  

SPVIC: Eu acho que o preconceito existe em todo lugar, o cenário do rap não foge disso. Mas tem o caso por exemplo do Rico Dalasam que se assumiu homossexual, isso é uma grande conquista pra essa cena. O talento do cara fala por si, independente de qualquer coisa.

Sobre o grupo

Sala 33: Quais são as influências de vocês?

Dj Sleep: Olha, tanto na parte de beat, quanto de letra, temos muitos. “Racionais”, logicamente. Aí temos como uma fusão do estilo rap gangsta com o new school, como o Max B.O, o Kamau, Elo da Corrente part. I. Aí tem o pessoal de fora de São Paulo como o Black Alien, Quinto Andar.

Sala 33: Vocês se dizem representantes da Golden Era. Como que se dá essa influência?

Dj Sleep: A Golden Era foi a escola dos anos 90, nos Estados Unidos. O De La Soul que começou esse estilo. Aí tem também o Run-D.M.C, Black Star, Gang Starr,A Tribe Called Quest e muitos outros.

SPVIC: Na produção é o boom bap, basicamente. É bem parecido os refrões, os estilos. As influencias na composição do som variam entre muitos gêneros como o jazz, funk e soul.

Sala 33: Qual foi o boom inicial de vocês?

SPVIC: Acho que foi “Filosofia de Boteco”. Começamos aqui na ZN fazendo uns shows pequenos e a música começou a bombar, aí foi crescendo e muita gente nos conheceu por essa música. Hoje em dia as que fazem mais sucesso são “Sem Graça” e “4 e 21”, eu acho. “Inverno Quente Inverno” e “Camaleão”, são duas que também bombam muito nos shows.

Sala 33: O que vocês buscam passar com o som de vocês?

SPVIC: Acho que muito o amor, né. Se não souber falar de amor, não da pra fazer música. Mas também a gente tem muito a questão da renovação, sobre o que cada um busca, mesmo que sejamos um coletivo. O que eu queria em 2006, quando começamos, não é o que eu quero passar agora. A gente tá em constante mudança.

 

 

*Para saber mais sobre a nova cena de Rap nacional, clique aqui.

 

Entrevista feita por Isabela Schreen  
isabella.schreen@gmail.com

 

2 comentários em “Sala 33 conversa com SPVIC e com o Dj Sleep sobre a nova cena do rap nacional”

  1. achei super interesante a entrevista com SPVIC e DJ Sleep básicamente por terem poucas divulgações sobre a vida , trajetória e ideologia do grupo , mostrou um pouco de tudo sobre os caras , bom para aqueles que pensam que o rap é coisa de modinha , tem muito mais em jogo , todos buscam um propósito, chegar a algum lugar , fazer historia nessa nova geração do rap …. curti bastante a pergunta do sala 33 que pergunta ao grupo o que eles buscam passar com o som deles , e com certeza estamos em constante mudança cada dia que surge com um novo ideal uma nova ideia na cabeça , curti tbm a curiosidade da entrevistadora Isabella , rs pois tbm era uma curiosidade minha se eles já haviam disputado batalhas e tal …. bom é praticamente isso , ficou faltando Spi e Qualy nessa !!!! valeu galera do HKSS abraço tmj

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