Depois da Marvel, agora é a vez da DC Comics e da Warner trazerem mais um super-herói às telonas em 2011. O herói em questão é o Lanterna Verde Hal Jordan, personagem criado no fim dos anos 50 (1959) muito conhecido pelos fãs dos HQs da DC e nem tão familiar ao público dos desenhos animados mais recentes, como “A Liga da Justiça” (que conhece o Lanterna John Stewart). Assim como em Capitão América, temos em Lanterna Verde um super-herói inédito no cinema.
O filme do diretor Martin Campbell, que narra a jornada do primeiro humano a integrar a Tropa dos Lanternas Verdes, tinha tudo para ser ótimo: efeitos especiais, caracterização impecável dos ‘alienígenas’, uma mocinha bonita, um galã como herói, um vilão asqueroso, romance e humor. Mas faltou história.
Logo no início já temos uma prévia dos efeitos especiais que estarão presentes durante as quase duas horas de filme. Uma força maligna e amarela, Parallax, liquida planetas e vários Lanternas Verdes de uma única vez, preocupando a Tropa e os imortais Guardiões do Universo: “uma grande luz se apagou no Universo”, é explicado.
Os Lanternas Verdes são como policiais do Universo. Detentores de poderosos anéis que, movidos pela energia verde, são capazes de criar qualquer coisa que se consiga imaginar. Essa energia provém da vontade de todos os seres do Universo. Já a energia amarela vem do medo, a única coisa que pode paralisar um Lanterna Verde.
Somos então apresentados ao herói e seus dramas pessoais: Hal Jordan (Ryan Reynolds), um piloto de aviões influenciado pelo pai, mas que após um acidente não se perdoa por sentir medo. Quem se preocupa com ele e o repreende por sua irresponsabilidade é Carol Ferris (Blake Lively), filha do chefe, amiga de infância, companheira de profissão e uma relação mal resolvida.
Após a morte do Lanterna Verde Abin Sur (Temuera Morrison), provocada pelo combate com Parallax, Hal é escolhido para substituí-lo. É, então, levado pelo anel até Oa, planeta dos Guardiões do Universo, onde conhece a Tropa dos Lanternas Verdes, entre eles Sinestro (Mark Strong), que duvida que um humano possa fazer parte da Tropa.
Como em quase toda história de herói, há a negação: Hal acredita não ser capaz de desempenhar a função de super-herói, por não ser destemido o suficiente (característica tida como essencial para um Lanterna Verde), até que vê se compelido a usar o anel para salvar uma multidão de pessoas, entre elas Carol, de um atentado provocado pela fúria do cientista Hector Hammond (Peter Sarsgaard) – que fora contaminado por vestígios da energia amarela de Parallax enquanto estudava o corpo do alienígena Abin Sur, encontrado pelo governo americano, adquirindo poderes “sobrenaturais”.
O novo Lanterna Verde decide então se empenhar para salvar a Terra, próximo alvo de Parallax. Hal não consegue apoio dos outros Lanternas Verdes, mas mesmo assim, altruísta como qualquer herói, enfrenta o desafio sozinho, mostrando-se capaz de superar o medo.
O enredo poderia ser mais interessante se as motivações de cada personagem fossem mais bem desenvolvidas: Hal muda de idéia por causa de Carol, Hector desenvolve maldade a partir de suas relações com o pai, os Lanternas Verdes não se sentem capazes de enfrentar Parallax por considerá-lo muito poderoso, mas nenhuma dessas relações envolve o espectador.
O desenrolar dos acontecimentos segue o modelo típico das histórias de super-heróis: o protagonista bom caráter duvida de suas capacidades e hesita em se tornar herói; a mocinha corre perigo e ele precisa salvá-la do vilão; seu romance, truncado no início, vira um conto de fadas; a garota e um amigo, o fiel escudeiro, o incentivam para que assuma seu papel de herói; ao se deparar com uma ameaça ao seu mundo, ele acredita em si mesmo e caminha para o sacrifício com um altruísmo comovente. Nada que ainda não tenhamos visto em um Super-Homem ou Homem-Aranha. Ao final, resta-nos a sensação de superficialidade.
O grande trunfo do filme está nos efeitos especiais e nas cenas de ação, que certamente o tornarão um blockbuster, para não falar da atração comum que filmes de super-heróis exercem sobre o público em geral. A Warner tinha a vontade, a energia, mas teve a imaginação um pouco fraca na hora de amarrar a história.
Por Bruna Romão e Mariana Zito
bruna.romao.silva@gmail.com e marianazito28@gmail.com