A campanha de Luísa e Laura já seria espetacular sem a conquista de uma medalha em Tóquio. Durante a campanha, a dupla brasileira enfrentou a forte dupla estadunidense Mattek-Sands e Pegula por 2 sets a 1. Na semifinal, as brasileiras foram derrotadas por 2 sets a 0 por Bencic e Golubic, da Suíça. Nenhuma dupla tinha chegado tão longe na história da modalidade no Brasil.
Laura e Luísa sequer estavam classificadas para o torneio porque a somatória da posição do ranking da dupla é acima da 200ª colocação. Elas conseguiram participar por terem sido inscritas por Eduardo Frick, gerente esportivo da Confederação Brasileira de Tênis (CBT) e após uma série de desistências.
A partida da dupla
O início da decisão não foi favorável para a dupla brasileira. As russas conseguiram logo de cara quebrar o saque do Brasil e abriram 3 a 0 no primeiro set. Depois de um longo game, com pouco mais de 10 minutos de duração, Laura e Luísa conseguiram confirmar seu saque e fazer 3 a 1.
Quando o Comitê Olímpico Russo abriu 4 a 1, o game seguinte passou a ter ainda mais peso, já que uma quebra na atual conjuntura significaria uma enorme vantagem para a dupla russa fechar o primeiro set. O ace de Luísa Stefani diminuiu a pressão do Brasil, em um game que as russas deram trabalho.
O 4 a 3 veio logo em seguida com uma quebra no saque russo, demonstrando que a vitória da dupla no game anterior foi decisiva. E foi com mais um ace que o Brasil igualou o placar, agora de Laura Pigossi, 4 a 4 no primeiro set.
Mas as russas voltaram a decidir games e, com uma bola para fora de Luísa Stefani em uma subida à rede, Vesnina e Kudermetova fecharam o primeiro set.
O segundo set foi positivo para Laura e Luísa ao quebrarem logo de cara o saque da dupla russa e confirmarem seu primeiro serviço. 2 games a 0. Ao contrário do set anterior, o Brasil iniciou bem, abrindo 3 a 1, ainda que Vesnina e Kudermetova tenham rapidamente se recuperado e diminuído o placar para 3 a 2 na confirmação do serviço.
O saque brasileiro continuava a fazer a diferença ao dificultar a recepção do Comitê Olímpico Russo e com um erro grotesco de Kudermetova, Laura e Luísa abriram 5 a 3 e as deixava em posição favorável para vencer o set e empatar a partida. O erro de Vesnina permitiu a vitória do Brasil no segundo set, com a parcial final de 6 a 4.
O super tie break
Passados os dois primeiros sets, a decisão do bronze viria no chamado super tie break. Aqui começaria o momento de maior emoção na decisão. Vesnina e Kudermetova começaram bem o tie break e abriram 5 pontos de vantagem.
As brasileiras reagiram e, com uma linda devolução de forehand de Laura, a dupla encostou nas russas novamente, 7 a 5 no placar. A superioridade russa se estendeu ao longo da decisão, chegando a abrir 9 a 6. Em um momento crucial em que as russas tinham quatro match points, o smash de Stefani deu início a uma arrancada da dupla. 9 a 7.
O Brasil sacava agora para defender o terceiro ponto do jogo para a dupla do Comitê Russo. Laura Pigossi trocou uma sequência de bolas com Vesnina, até que a russa jogou para fora. 9 a 9.
A sequência da dupla foi impressionante. A partir de uma desvantagem de 3 pontos, para uma vantagem de um ponto, com 10 a 9 no placar. Agora o match point era para a dupla brasileira. A devolução feita por Laura Pigossi foi excelente e agora as duas subiram à rede para pressionar a dupla russa, até que a bola de Kudermetova vai para fora.
Consagração da dupla
A vitória de Luísa Stefani e Laura Pigossi já seria histórica pelo jogo intenso da decisão do bronze. Mas a medalha inédita as coloca no Panteão do Tênis brasileiro, que nunca tinha conseguido uma medalha olímpica no Tênis. Assim, elas superam o feito de Fernando Meligeni em Atlanta 1996, que chegou à semifinal, mas sem conquistar a medalha.
Obrigado @Luisa__Stefani @laurapigossi me senti vingado. Obrigado por tirar esse fardo eterno do quase medalha pro tênis até esta madrugada. O tênis tem sua medalha olímpica SIMMMMMMMMMMM
— Fernando Meligeni (@meligeni) July 31, 2021
De chamadas para a Olimpíada no dia do corte para vitória em cima de cabeças de chave, defesa de 4 match points e medalhistas de bronze, a história de Laura Pigossi e Luísa Stefani é quase inacreditável.