No dia 29 de Julho, às 21h no relógio de Tóquio, Agatha e Duda Santos, representando o Brasil, entraram na arena Shiokaze Park para disputarem contra o Canadá uma vaga nas oitavas de finais. Já às 22h, Alison Cerutti — “Mamute”— e Álvaro Filho, entraram com o mesmo intuito. Felizmente, ambos conquistaram seus objetivos.
A partida não foi fácil para nenhuma das duplas. Agatha e Duda encontraram-se com as canadenses Heather Bansley e Brandie Wilkerson após uma derrota por 2 sets a 0 na partida contra as chinesas, primeiras colocadas no Grupo C. E Alison e Álvaro competiram contra os holandeses Alexander Brouwer e Robert Meeuwsen, que não haviam perdido nenhum set até o momento, após serem derrotados pelos estadunidenses no tie break.
Para se classificarem para as oitavas, a equipe feminina precisava vencer as canadenses e a masculina, para conquistar o primeiro lugar no grupo que faziam parte, precisavam vencer os holandeses por 2 sets a 0. Alison e Álvaro eram do grupo D, grupo esse conhecido como grupo da morte, por ter os times mais fortes.
Brasil x Canadá: o equilíbrio na areia
A partida iniciou equilibrada, com muitos erros de ambos os times, o que possibilitou pontuações muito próximas e empates durante os primeiros 15 minutos. Depois disso, com 13 a 11, Agatha e Duda conseguiram abrir uma vantagem de dois pontos em comparação à dupla holandesa, que se manteve até o pedido de tempo das adversárias.
Em seguida ao breve descanso, Bansley e Brandie pareceram recuperadas e alcançaram as brasileiras com o placar de 17 a 17. As representantes brasileiras fizeram um ponto de segunda bola e, em seguida, as canadenses fizeram o mesmo, dando início ao avanço delas.
Ao se verem ameaçadas, Agatha e Duda também pedem um time-out para rever as estratégias. Agatha, que possui um bom rendimento de ataques e uma ótima virada de bola, não parecia ter essa performance no jogo, assim a responsabilidade ficou sobre Duda. Com isso, o Brasil conquistou novamente a vantagem e fez cinco pontos seguidos, garantindo a vitória do primeiro set por 21 a 18.
Essa primeira parte da partida foi marcada por muitas defesas de sucesso e maior número de pontos de ataque da equipe brasileira, sendo seis de Duda e seis de Agatha. Enquanto isso, as canadenses protagonizaram o único ponto de bloqueio.
O segundo set foi aberto com dois pontos do Brasil, sendo um deles um ataque na paralela da Duda. Porém, os bloqueios de Brandie e o ataque na diagonal curta, também chamado de “tesoura”, de Bansley atrapalharam Duda. Com isso, o Canadá rapidamente alcançou as brasileiras e a partida voltou a ser “pegada”.
Aos 10 minutos do segundo set, o jogo do Brasil passa a focar na Bansley, pois é mais baixa que sua parceira. Já a canhota Brandie nota que a dupla latina possui dificuldades no recuo e passa a utilizar mais esse tipo de jogada. Contudo, Agatha e Duda notam o mesmo no time adversário.
Próximo ao fim, uma vantagem de 5 pontos é conquistada pela equipe brasileira e o placar fica 18 a 13. O Canadá avança lentamente, mas não é suficiente para impedir os ataques brilhantes de Eduarda — um atinge Brandie e podemos ouvir ela dizer “sorry” — e o Brasil vence o segundo set também por 21 a 18.
Agatha e Duda relataram que nessa partida conseguiram se divertir mais, ter equilíbrio e estarem relaxadas, elementos que não estavam presentes nas outras partidas. Talvez, por esse motivo a performance de Agatha foi diferente e Duda pode fazer mais ataques.
Brasil x Países Baixos: quando o emocional entra em jogo
A partida para Alison e Álvaro iniciou de modo estreito. Entre recepções péssimas, deslocamento de Álvaro e pontos na paralela de Meeuwsen, Países Baixos saiu na frente e se manteve assim até os 7 minutos de jogo, quando ocorreu um empate de 10 a 10.
Nos primeiros minutos, o jogo se centrou em Alison e Brouwer, não havendo espaço para Álvaro, que parecia perdido na defesa. Os ataques na diagonal e os bloqueios de Mamute com os dois toques regulares de Alexander tornaram possível o avanço do Brasil.
Na reta final, ⅓ dos pontos brasileiros eram compostos por bloqueios de Alison, que possibilitaram que o Brasil ficasse com uma vantagem. O emocional de Brouwer, que comete mais uma infração ao dar dois toques na bola, parece abalado. O jogador, inclusive, reclama de invasão por baixo da rede, elemento que não é considerado falta no vôlei de praia. Mas a equipe brasileira não dá abertura e Alvinho marca o set point. 21 a 14 para o Brasil.
O segundo set, assim como no jogo das meninas, inicia pegado. Alexander mostra-se desestabilizado e, mais uma vez, pede desafio para faltas inexistentes. Alison, ao receber bolas altas, faz seu corte clássico para a diagonal, ajudando o Brasil a conseguir vantagem com 15 a 12.
Álvaro parece mais consciente nesse segundo set e faz estratégias ótimas com Alison. Contudo, isso não impede Alexander e seu fogo nos olhos. A Holanda consegue deixar o placar em 19 a 19, mesmo com mais um toque duplo de Brouwer e mais um desafio frívolo.
Quando o placar fica 22 a 21 para a equipe dos Países Baixos com seu primeiro set point da partida, Mamute e Álvaro pedem tempo e, nesse momento, podemos ver Alison dizendo para Álvaro ter calma entre alguns palavrões. Após 3 chances de match point e um ponto de primeira bola por Alvinho, com 24 a 22, Brasil ganha a partida por 2 sets a 0 e fica em primeiro lugar no grupo D.
A partida teve a incrível quantidade de 9 pontos de bloqueio por Alison, 10 defesas bem sucedidas de Álvaro e ataques que chegavam a 80 km/h. O time adversário se destacou pelo emocional de Alexander influenciar grande parte do jogo e defesas bem sucedidas.