Quando Brasil e México se enfrentam, nunca é um jogo fácil para nenhum dos times. Desde 2012, os times se enfrentaram em todas as competições possíveis, a exceção sendo a Olimpíada de 2016.
Muito por conta disso, esperava-se um confronto muito disputado e decidido nos detalhes. E a semifinal entregou isso — apesar de um jogo abaixo da média na questão técnica.
Depois de uma fase de grupos sem sustos , uma quartas de final contra o Egito tranquila, o México se colocou como o teste final para o Brasil, antes da busca pelo ouro olímpico.
Sem empolgar, mas sem sofrer
Mesmo assim, Richarlison seguiu como aposta na referência no ataque, mas durante o jogo ficou nítida a falta que o apoio de Matheus Cunha fez ao atacante do Everton. Sem um companheiro ao seu lado, ele foi presa fácil para a bem postada defesa mexicana.
O México que, como sempre, veio bem organizado e esquematizado para o duelo contra o Brasil. Apesar da pressão inicial da Seleção até os 30 minutos, a defesa mexicana conseguiu se segurar sem grandes dificuldades.
Aos 30 minutos, Douglas Luiz cavou um pênalti, anulado pelo árbitro após a checagem do VAR. A partir daí, o México passou a se abrir mais para o jogo até o final do primeiro tempo, obrigando o goleiro Santos a realizar importantes intervenções.
Os sinais de falta de repertório, que haviam sido dados pelo Brasil nos últimos jogos, seguiram sem solução por Jardine e seus comandados. Mais uma vez encontrando uma defesa formada por uma linha de cinco, a Seleção teve dificuldades para furar esse bloqueio.
Mesmo com as entradas de Martinelli e Reinier, que vinham fazendo boas partidas vindos do banco, a seleção mexicana seguia bem postada atrás. O goleiro Ochoa, que foi obrigado a fazer boas defesas no primeiro tempo, pouco atuou na segunda etapa.
Além desse fator, a ausência de Claudinho no meio campo — novamente foi colocado para atuar ao lado esquerdo — foi sentida. A precisão de passes, ponto fraco do Brasil nos últimos jogos, dificultou qualquer criação ofensiva da equipe.
Próximo ao final do jogo, uma bola na trave, após cabeçada de Richarlison, foi o máximo que o Brasil conseguiu produzir numa partida muito pouco criativa, de ambos os lados.
Vovô Olímpico e a Salvação de Santos
Pouco tem o que se falar dos 30 minutos adicionais, a não ser da entrada de Malcom. Ele foi anulado pelo esquema tático mexicano, com uma marcação dupla sobre o atacante.
Já com as cobranças das penalidades máximas, destaca-se a figura de Daniel Alves para essa classificação, como capitão e líder técnico. Além de cobrar o primeiro pênalti, ele mostrou força e vontade, mais que qualquer outro jogador, ao vibrar e motivar seus companheiros para suas cobranças.
Com isso, o Vovô Olímpico, como é carinhosamente chamado, foi essencial para diminuir a responsabilidade de seus jovens companheiros, além de aumentar as suas confianças, principalmente do goleiro Santos.
O resultado foi uma disputa sem sustos para o Brasil. Com a Seleção convertendo todas as suas cobranças e Santos defendendo o primeiro pênalti, de Aguirre, coube a Reinier a honra de classificar a equipe para sua terceira final consecutiva. Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020.
*Imagem de Capa: Reprodução/CBF