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Tudo e Todas as Coisas ou Nada e Coisa Alguma

‘Clichê’ é a palavra perfeita para descrever Tudo e Todas as Coisas (Everything Everything, 2017), adaptação cinematográfica do livro homônimo de Nicola Yoon. Ele nos traz o romance entre dois adolescentes vizinhos, tema que já foi bem explorado, e tenta fazê-lo valer o ingresso, porém fracassa em trazer qualquer inovação. O enredo gira em torno …

Tudo e Todas as Coisas ou Nada e Coisa Alguma Leia mais »

Clichê’ é a palavra perfeita para descrever Tudo e Todas as Coisas (Everything Everything, 2017), adaptação cinematográfica do livro homônimo de Nicola Yoon. Ele nos traz o romance entre dois adolescentes vizinhos, tema que já foi bem explorado, e tenta fazê-lo valer o ingresso, porém fracassa em trazer qualquer inovação.

O enredo gira em torno de Madeline (Amandla Stenberg), adolescente de recém-feitos 18 anos, portadora uma doença chamada Imunodeficiência Combinada Grave. Isso significa que, por seu sistema imunológico extremamente frágil, ela não pode entrar em contato com praticamente tipo algum de vírus ou bactéria. Nunca. Ou seja, ela jamais pode sair de sua casa hermeticamente fechada pela sua mãe Pauline (Anika Noni Rose), que também sua médica. Ela lamenta, em uma cena, que todos os dias que vive parecem os mesmos. Um dia, porém, Olly (Nick Robinson) se muda com sua família para a casa ao lado e o amor à primeira vista acontece.

A partir daí, a paixão só aumenta, mas eles não podem se encontrar pessoalmente por conta da doença de Maddy. E é isso que desencadeia os lugares-comuns: pedra na janela, mensagens de texto, cartazes de papel. Algo já muito explorado, inclusive no famoso clipe de You Belong With Me, da Taylor Swift – que inclusive tem cenas muito parecidas com a do longa. A montagem e elaboração das cenas também não são novas, lembrando bastante o fenômeno A Culpa é das Estrelas (The Fault In Our Stars, 2014).

Um dos pontos positivos do longa é a quebra do estereótipo da protagonista branca com a escalação de Amandla, que fez sucesso no papel de Rue em Jogos Vorazes (The Hunger Games, 2012). Entretanto, esse mérito é desperdiçado ao retratar a empregada/enfermeira de Maddy como uma mulher latina, constituindo um trope frequente em Hollywood. Isso mostra que o esforço do cinema em incluir maior diversidade em suas produções está em curso, porém ainda tem muito a fazer.

 

Os cenários usados são interessantes, como os que mostram a imaginação da protagonista estudante de arquitetura que os constrói, já que não pode sair de casa. Porém, são subaproveitados. Este subaproveitamento acontece com vários elementos do filme, como o desenvolvimento das personagens – que em sua maioria são unidimensionais e desinteressantes-, a relação de Olly com seu pai abusivo, e a explicação para certas reviravoltas de enredo.

 

Outro ponto negativo são os diálogos fracos e sem profundidade, causando um desconforto no espectador, por conta das frases curtas e sem influência no enredo como um todo. Estes diálogos são o ponto de maior importância na construção do relacionamento de Olly e Maddy, por boa parte do filme consistir em suas conversas por mensagens de texto. No entanto, suas falas não nos trazem a sensação de um amor em crescimento. São diálogos hesitantes e mal construídos que, repentinamente e sem aparente motivo, tornam-se amor.

Mais um assunto pouco explorado é a doença da protagonista, que poderia representar o diferencial para o filme, mas acaba se perdendo diante do romance e se torna apenas mais um elemento da narrativa, que, com o decorrer da história, acaba por mudar de figura, causando talvez o momento mais eletrizante do filme – que não tem muitos.

O figurino é bem interessante ao mostrar uma simbologia importante para o romance: antes de conhecer Olly, Maddy só usava roupas brancas, mostrando sua falta de experiência, como se ela fosse uma página em branco. Após o contato entre os dois, seu guarda-roupa começa a ganhar cor, representando a entrada de vida na personagem.

A fotografia também chama a atenção ao mostrar belos cortes de cena harmonizando os cenários com as personagens. Entretanto, um erro é a manutenção da paleta de cores durante todo o longa, causando uma visão monótona e sem dinamismo, ainda que as imagens sejam esteticamente agradáveis.

Tudo e Todas as Coisas, infelizmente, é mais um filme de romance adolescente que subestima seu público. Apesar da boa produção, o enredo e a direção de Stella Meghie o levam a um caminho já muito trilhado por longas semelhantes, deixando aquele gosto de banalidade em quem o assiste.

Tudo e Todas as Coisas estreia no Brasil em 15 de junho. Confira o trailer: 

Por Juliana Santos e Maria Carolina Soares
jusantosgoncalves@gmail.com
mcarolinasoares@uol.com.br

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