Jornalismo Júnior

logo da Jornalismo Júnior
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Um coração e muitas tentativas

Quando Terry Bernard (Josh Lucas) vê um paramédico na rua e seu recém-transplantado coração começa a bater muito forte, ele desconfia e inicia uma investigação sobre o doador do órgão. Tem-se, a partir dessa premissa, “Instinto de Vingança” (Tell Tale), um filme regado a muito sangue e sempre guiado pelas fortes batidas de um coração …

Um coração e muitas tentativas Leia mais »

Quando Terry Bernard (Josh Lucas) vê um paramédico na rua e seu recém-transplantado coração começa a bater muito forte, ele desconfia e inicia uma investigação sobre o doador do órgão. Tem-se, a partir dessa premissa, “Instinto de Vingança” (Tell Tale), um filme regado a muito sangue e sempre guiado pelas fortes batidas de um coração que busca vingança por seu antigo dono.

Dave Callaham (Os Mercenários) produziu o roteiro se inspirando no conto “O Coração Delator”, de Edgar Allan Poe. Da história original, entretanto, Callaham manteve apenas o clima de suspense, uma referência à frase final do conto (“É a batida de seu horrendo coração”) e um órgão que parece ter vontade própria. Isso parece ser, aliás, o fato mais interessante do filme, mesmo com as tentativas de construção de um enredo surpreendente.

A produção dos irmãos Tony e Ridley Scott não chega a conquistar esse objetivo. Ela começa num nível mediano e segue da mesma forma até o fim, com algumas reviravoltas, algumas revelações, algumas tiradas cômicas. Apesar das boas atuações de Josh Lucas, Brian Cox e Lena Headey, nenhum de seus personagens consegue realmente cativar, deixando isso a cargo, talvez, de Beatrice Miller, a garotinha que interpreta a filha de Bernard.

Entretanto, todos eles são secundários e a estrela do filme parece ser o próprio coração transplantado. Ele controla os instintos do protagonista, arquiteta planos malignos de execução e, além de tudo isso, volta a funcionar quando “ouve” gritos desesperados. Aqui, a loucura que permeia o conto de Poe poderia cair bem, mas Bernard não questiona sua sanidade em momento algum.

Nessa mistura entre realidade e ficção, as tentativas de transmitir lições de vida se perdem em meio ao fantástico de um coração tão pró-ativo. Algumas frases, como “Às vezes temos de fazer, pelos outros, o que não queremos” são camufladas pela sua própria banalidade, mas também pela pouca importância dada a um encaminhamento mais dramático e humano.

“Instinto de Vingança” tenta ser drama, thriller e ficção científica, mas misturou tanto que conseguiu apenas ser um emaranhado de recortes pouco significantes. Tentou demais e conseguiu de menos.

Por Meire Kusumoto

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima