Nanda Gomes é fotógrafa e cinegrafista. Nascida na Bahia, ela fotografa há 20 anos e é especializada em retratos, apesar de também registrar festas, batizados e casamentos. Mas foi seu envolvimento com o projeto Nu Real que chamou a atenção e a trouxe para a VII Semana de Fotojornalismo.

O Nu Real é um projeto que reúne fotos de mulheres nuas em cenários reais. Sem utilizar qualquer tipo de edição de imagem, o projeto se propõe a mostrar a “mulher real”, valorizando o padrão de beleza natural e palpável, algo bem diferente do que se encontra nas revistas.

Nanda ainda carrega na bagagem a experiência de anos de atuação e produção de elenco. Foi diretora de arte das “Lóvis Tóris”, uma série de documentários que contam a vida de pessoas, e apresentou o “Fóréver”, um programa que fala do que é bom e fica para sempre.

Confira abaixo o bate-papo que o Blog da Jota teve com a fotógrafa:

Blog da Jota: Como você começou a fotografar mulheres nuas? Da onde surgiu a ideia do tema?

Nanda Gomes: O corpo feminino sempre foi um tema recorrrente em minha vida. Fui bailarina e desde o começo da fotografia na minha vida, fotografar dança e o corpo de bailarinas em movimento ou paradas sempre fez parte do meu caminho.

BJ: Durante todo esse tempo de trabalho, mudou alguma coisa na sua visão da mulher?

NG: Sim. Passei por um longo processo de amadurecimento. Mas sempre tive uma visão de vanguarda.

BJ: O que você pretende passar ao público com suas fotos?

NG: Pretendo abrir um pouco a mente das pessoas. Pretendo chamar atenção, exercitar o olhar e provocar as pessoas.

BJ: Como você avalia a contribuição do seu trabalho para a evolução da mulher na sociedade?

NG: Intimamente e humildemente, imprescindível. Acho-o necessário. É preciso reaprender a olhar para o corpo feminino.

BJ: O nu ainda é encarado como um tabu por uma boa parcela da sociedade, você já enfrentou algum tipo de dificuldade de realização ou exposição do seu trabalho? Como você encara essa questão do tabu?

NG: Difícil. Esta parte é bem “chata”. Quando no período de mobilizações para a tarifa e etc, percebi que meus amigos e conhecidos do Facebook fizeram um sem número de compartilhamentos de textos, videos, posts, mensagens. Na quinzena seguinte, a exposição do Nu Real entrou em cartaz com uma série de depoimentos, posts elucidativos, que convidavam a todos explicando a importância deste formato de nu. Houve um número ínfimo de compartilhamentos. Quase zero de adesão. Pouquíssimos comentários. Nenhum interesse das mulheres em divulgar e alguns amigos homens que comentavam “insatisfetos” com  o formato.

Bacana o trabalho da fotógrafa, não? É possível conferir mais sobre ela e outras personalidades no ramo da fotografia na VII Semana de Fotojornalismo, que tem como tema, este ano, a mulher. Não dá para perder!

Entrevista por Sara Martins
sarabm6@gmail.com