Jornalismo Júnior

logo da Jornalismo Júnior
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Você pode substituir preconceito pela Beyoncé, por exemplo

Com 20 estatuetas do Grammy em sua estante e mais de 100 milhões de discos vendidos, Beyoncé é uma das artistas mais influentes da atualidade. Em seus últimos lançamentos, a cantora vem provocando o público, fazendo críticas e reflexões envolvendo questões raciais e emponderamento feminino, provando que sua música pode ser muito mais que um …

Você pode substituir preconceito pela Beyoncé, por exemplo Leia mais »

Com 20 estatuetas do Grammy em sua estante e mais de 100 milhões de discos vendidos, Beyoncé é uma das artistas mais influentes da atualidade. Em seus últimos lançamentos, a cantora vem provocando o público, fazendo críticas e reflexões envolvendo questões raciais e emponderamento feminino, provando que sua música pode ser muito mais que um objeto de entretenimento.

Lançada a dois meses, a música Formation causou grande impacto na mídia ao tocar na antiga ferida do racismo. Em versos como “I like my baby hair with baby hair and afros” e “I like my negro nose with Jackson Five nostrils” (Eu gosto do cabelo da minha filha, com cabelo de bebê e afro e Eu gosto do meu nariz de negro como o do Jackson Five), Beyoncé inverte o jogo e exalta características que sempre foram utilizadas para hostilizar o povo negro. No clipe, são exibidos cenários de vários períodos da história do sul dos EUA, porém em quase todos eles as situações giram em torno de Beyoncé. Em uma das cenas, a cantora aparece numa sala de estar com outras mulheres negras, todas vestidas luxuosamente, mostrando que elas estão, de fato, ocupando aquele espaço. Também é feita referência aos assassinatos a negros que vêm ocorrendo nos EUA, com a imagem de uma parede pichada com a frase “Stop shooting us”.

Beyoncé durante a apresentação do Superbowl. Imagem: Divulgação

A canção foi apresentada no intervalo do SuperBowl, o maior evento esportivo norte-americano. Na performance, a cantora aparece com suas dançarinas que estão vestindo boinas no mesmo estilo das usadas pelos Panteras Negras, um antigo grupo revolucionário americano que lutava pelos direitos dos negros. A apresentação incomodou setores mais conservadores da sociedade americana e foram até mesmo organizados protestos em Nova York contra a artista, os quais, obviamente, acabaram fracassando. O alvoroço em volta da música também serviu de tema para uma esquete do programa humorístico Saturday Night Live.  A paródia intitulada “O dia em que Beyoncé se tornou negra” ironizava a reação de parte do público americano ao single.

Descrito no TIDAL como um “projeto conceitual baseado na jornada de autoconhecimento e cura de todas as mulheres”, “Lemonade”, álbum visual lançado pela cantora em abril, não é apenas mais um disco pop para ser tocado nas pistas de dança. Ele é carregado de críticas e significados, começando pelo seu próprio título, o qual faz referência a antiga superstição difundida entre negros escravizados nos Estados Unidos de que, bebendo limonada, conseguiriam clarear sua pele.

Lemonade é um espetáculo de empoderamento feminino. Imagem: Divulgação

O filme que segue as doze faixas do disco é uma exaltação a cultura negra, contando a história de cada música em imagens, que vão desde momentos da vida pessoal da cantora até referências a época da escravidão. Em uma das cenas, ouve-se parte de uma fala do ativista negro Malcom X, que diz: “The most disrespected person in America is the black woman, the most unprotected person in America is the black woman, the most neglected person in America is the black woman” (A pessoa mais desrespeitada na América é a mulher negra, a pessoa mais desprotegida na América é a mulher negra, a pessoa mais negligenciada na América é a mulher negra). Além disso, em outro momento, são exibidas imagens de mães de jovens negros que foram assassinados por policiais nos EUA, fazendo mais uma crítica as inúmeras mortes raciais recorrentes no país. Todas elas fazem parte do movimento “Black Lives Matter”

Gwen Carr segurando um retrato de seu filho Eric Garner, que foi assassinado. Imagem: Divulgação

Destacam-se também canções como Daddy lessons, Sorry e Freedom, a qual conta com a participação de Kendrick Lamar e termina com uma fala de Hattie White, avó de Jay Z, dizendo: “Eu tive meus altos e baixos, mas eu sempre achei a força interior para me puxar para cima. Eu estava servida de limões, mas eu fiz uma limonada”

Cena do filme Lemonade. Imagem: Divulgação

E não é de hoje que Beyoncé utiliza suas canções para fazer criticas e questionar padrões. Essa tendência já podia ser notada na música “Run the World (Girls)” de 2011, porém, só mais tarde, já em 2013, com “Flawless”, a cantora assumiu seu posicionamento feminista e trouxe a discussão sobre o tema para a cultura pop. A letra da canção conta com um trecho de um discurso sobre feminismo da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.

Beyoncé apresentando a música Flawless durante o VMA 2014. Imagem: Divulgação

Beyoncé não se importa em agradar a todos, ela faz o que realmente acredita. Dando a cara a tapa, a cantora foge do comum chocando e surpreendendo, fazendo de sua arte um ato político.

Por Igor Soares
digorsoares@gmail.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima