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Yu-Gi-Oh! no competitivo: muito além de um simples duelo

Com brasileiros se destacando internacionalmente, existem muitos campeonatos ocorrendo nos formatos mais famosos do jogo

O jogo de cartas Yu-Gi-Oh!, criado por Kazuki Takahashi, se tornou uma febre mundial principalmente por causa do seu mangá e, posteriormente, anime,  Yu-Gi-Oh!, lançado em 1998. A empresa responsável pelo seu desenvolvimento e publicação é a Konami, que faz também os jogos para videogame, produtos e cartas. 

O jogo consiste na utilização de até 40 cards, dependendo do formato, o que seria o deck. Os cards são de monstros, magias e armadilhas e o objetivo é diminuir os pontos de vida do oponente a zero. Além disso, funciona em um sistema de turnos no qual cada duelista faz a sua jogada e espera a vez do outro. 

Os cards de magia, armadilha e as hand traps — cartas que não precisam ir ao campo para serem ativadas —, são utilizadas para auxiliar o jogador em combos, buscar ou remover cartas, negar efeitos de monstros e outras magias e armadilhas, dentre outras funções. Já os monstros, podem ser invocados de diversas formas: invocação normal, especial, tributo, ritual, fusão, sincro, XYZ, pêndulo e link, e têm ou não efeitos.

Por ser tão completo, ter regras específicas e fazer bastante sucesso, Yu-Gi-Oh! logo entrou para o cenário competitivo. O Trading Card Game (TCG) é o formato do jogo em que são utilizadas cartas físicas e tem o nome oficial de Yu-Gi-Oh! ESTAMPAS ILUSTRADAS. Recentemente lançado, Yu-Gi-Oh! Master duel é uma versão digital do TCG, com algumas diferenças em banlist de cartas. Já o Yu-Gi-Oh! Duel Links, outro tipo de versão digital da franquia, tem características um pouco diferentes. Em todos os casos, há como uma pessoa inexperiente conseguir um deck e jogar campeonatos de maneira relativamente simples. 

O TCG: Yu-Gi-Oh! ESTAMPAS ILUSTRADAS

No TCG, a zona para fazer invocação de monstros tem 5 slots, mesma quantidade para utilizar as magias ou armadilhas, e os pontos de vida são 8 mil. Em relação a sua origem, foi a partir de 1998 que as cartas começaram a ser comercializadas e, em 2003, aconteceu o primeiro campeonato mundial de Yu-Gi-Oh! no Japão. 

Em entrevista para o Arquibancada, Pedro Henrique Oliveira, que joga o TCG de Yu-Gi-Oh! desde 2003 e já participou de diversas competições oficiais como o Yu-Gi-Oh! Championship Series (YCS) de 2018 em São Paulo, contou que no Brasil os campeonatos começaram por volta de 2003, alguns meses após o “boom” causado pelo anime (Yu-Gi-Oh! Duel Monster) transmitido pela TV Globo.

O campeonato mundial ocorre anualmente e conta com 28 participantes. A última edição presencial ocorreu em 2019 e o vencedor foi o japonês Kouki Kosaka. No mesmo dia e local, aconteceu a final do Dragon Duel, competição voltada ao público mais jovem. Nessa categoria, quem levou o troféu foi Shang En Sun, de Taiwan. 

 

TCG Final – Yu-Gi-Oh! World Championship 2019 – Berlin – Chia Ching Wang vs. Kouki Kosaka – YouTube

 

Além do mundial, há outros campeonatos de grande relevância. Oliveira explicou que o Yu-Gi-Oh! Championship Series (YCS), administrado pela Konami, ocorre em diversas cidades do mundo e acontece em um final de semana. Durante esse evento, são disputadas as qualificatórias regionais, em que o vencedor recebe um convite para as fases mundiais. Além dos duelos oficiais, os interessados podem ir para trocar cartas e jogar casualmente.

Outro campeonato que também disponibiliza acesso para as qualificatórias mundiais, é o Oficial Tournament Store Championship (OTS), organizado pelas lojas regularizadas para o torneio. Essa disputa é mais voltada para a questão do mundial e não tem outros eventos ocorrendo paralelamente. No Brasil, quem os realiza é a empresa Devir, parceira da Konami.

Já o campeonato nacional (WQC) —  World Championship Qualifier National  — ocorre uma vez ao ano. Na última edição, ocorrida antes da pandemia, em 2019, Michel Veríssimo levou a melhor e se consagrou campeão nacional com um deck de Dragão Trovão

Com isso, ele conseguiu disputar o pré mundial em Santiago, Chile, no mesmo ano e vencê-lo. Já no mundial disputado em Berlim, ele não ficou no top 8, mas conquistou o feito de ter ido a um World Championship Series.

Michel Veríssimo após ganhar a WCQ Nacional de Yu-Gi-Oh!
Michel Veríssimo após ganhar a WCQ Nacional [Imagem: Divulgação/ Konami]
E para se tornar um pró player e conseguir competir nesses torneios de alto nível, não basta ter o melhor deck: o jogador  precisa ter um raciocínio lógico treinado. Oliveira destaca que quanto mais vezes se duela, mais as ações e pensamentos serão rápidos. “Yu-Gi-Oh! não é simplesmente descer uma carta, é um jogo estratégico”,  afirma. Além disso, para ele, é necessário que o jogador tenha um bom preparo físico e psicológico, “porque nos campeonatos grandes, por exemplo, são jogadas 6, 7 rodadas num dia, com duração de 40 minutos, cada”, o que totaliza aproximadamente 8 horas duelando, proporcionando um grande cansaço ao competidor.

No caso do Brasil, o duelista ressalta que a questão  da profissionalização é um pouco complicada, dado que, em comparação com a Europa e os Estados Unidos, o deslocamento atrapalha, pois geralmente os torneios ocorrem em São Paulo.. Porém, com a pandemia,  o sistema de Remote Duels ganhou espaço e proporcionou o aumento na quantidade de torneios, e, na opinião de Oliveira, isso melhorou o nível dos brasileiros.

Para atrair mais pessoas ao jogo é necessário que haja divulgação e as partidas sejam transmitidas. No caso do Brasil, a Konami só tentou implantar essa ideia na 225ª YCS que ocorreria em março de 2020, mas foi cancelada devido à crise sanitária. “Eles [Konami]  alegavam que não tinham a capacidade técnica de organização para fazer o streaming no Brasil, porque não tinha um narrador a nível que a empresa exigia. O primeiro seria do Rio de Janeiro, junto com dois narradores dos Estados Unidos, para começar essa política de fomentar os narradores de Yu-Gi-Oh!. Só que não rolou e ficou engavetado”, explica Oliveira.

Yu-Gi-Oh! Duel links

Na era dos celulares e aplicativos, a Konami não quis deixar de fora a franquia Yu-Gi-Oh! e lançou em 2016, Yu-Gi-Oh! Duel Links, uma versão da franquia para android, IOS e computador. Ela é mais dinâmica, com apenas 3 slots para monstros, 3 para magias e armadilhas e 4 mil pontos de vida. Além do efeito das cartas, conta com as habilidades dos personagens para combos e torna alguns decks mais fortes. 

 

Duel Links: modalidade competitiva de Yu-Gi-Oh!
O Duel Links tem apenas 3 slots para monstros, 3 para magias e armadilhas, 4 mil pontos de vida e conta com as habilidades dos personagens para auxiliar nos combos.  [Imagem: Reprodução/ Letícia Naome]

Para disputar o mundial, é necessário passar por classificatórias com sistemas um pouco diferenciados. Rafael José, mais conhecido pelo nickname de “Zeeta”, jogador profissional de Duel Links, explicou como funciona essa copa. “Para classificar para o mundial de Duel Links, existem duas competições: a Copa KC [Kaiba Corporation], que ocorre quatro vezes ao ano, e uma que acontece dois meses antes do Mundial, a Regional Qualifier, ou qualificatórias regionais”. 

Zeeta prossegue explicando que a Copa KC acontece dentro do próprio sistema do jogo e consiste em 2 fases. Na primeira, qualquer jogador que chegar  até o “rank” máximo — DLV 20 — se classifica para a segunda fase. Nesta, os jogadores disputam durante 3 dias por pontuação. Quem ficar em primeiro na categoria “global”, ganha uma vaga para o mundial. No total, são 4 vagas diretas por esse sistema. 

Separados por regiões — continentes e países juntos —, as qualificatórias distribuem e completam as vagas para o mundial. “Ela dá vagas para cada região, de acordo com a quantidade de players e pela métrica da Konami. Por exemplo, quando eu me classifiquei para [o mundial de] 2018, foi pelas qualificatórias regionais”, ressalta o duelista.

Zeeta jogou dois mundiais nesse formato. Em 2018, no mundial disputado em Chiba, no Japão, ficou no top 8, junto de outro brasileiro, Júnior Silva, que foi vice-campeão. No ano seguinte, ele também se classificou para o torneio, mas não conseguiu chegar ao top 4.

Também por conta da pandemia, a Konami resolveu fazer uma competição online, com transmissão no YouTube. A KC Grand Tournament (KCGT), conforme destaca Zeeta, consiste, também, em primeira e segunda fase, mas os 100 primeiros colocados, com a melhor pontuação, jogam um torneio estilo suíço — quem vence enfrenta quem vence, e assim por diante. Daí saem os 28 melhores,  que disputam o que seria o mundial. Em outubro de 2021, Zeeta chegou à final da KCGT e perdeu para o chinês B.Z Baiyanqinglong.

 

 Livestream – KC Grand Tournament 2021 Main Tournament Championship – Yu-Gi-Oh! DUEL LINKS – YouTube – A partir de 6:04:00

 

O profissional contou ainda como era o sentimento de viajar e participar da competição presencialmente. “É mais emocionante, pois o jogador sente o clima no lugar. No online, acaba faltando essa interação entre jogadores […] poder ver os jogadores de outros países, poder conversar com eles, trocar experiência.” 

Os torneios não oficiais também são importantes para treinar as habilidades e manter a comunidade do jogo. “A KC acaba sendo algo muito cansativo e parte da premiação é restrita a um público muito pequeno. […] Nesse espaço em que a Konami não faz nada ou se faz, atinge só um número pequeno de players, esses torneios ajudam a manter a comunidade ativa”, ressalta Zeeta. Fora isso, durante as próprias YCS que são voltadas para o TCG, a Konami também fazia mini eventos para o Duel Links.

Yu-Gi-Oh! Master Duel

Um novo terreno de competições dentro do mundo dos duelos está aí. O Master Duel, lançado em 18 de janeiro, é um jogo gratuito, em formato digital e com as regras do TCG. 

“Eu acredito que ele vai ser um terceiro formato, tanto que a Konami já deixou bem claro que vão existir campeonatos mundiais de Master Duel. Não duvido que uma grande parcela de jogadores do TCG físico migrarão para ele”, destaca Oliveira. Já Zeeta acredita que, além de um novo competitivo, mais jogadores serão atraídos para esse formato, dado que não haverá a barreira da distância para duelar.

Mesmo sendo um jogo novo, já há, na comunidade do Master Duel, a presença de campeonatos não oficiais, que atraem diversos duelistas, como é o caso dos organizados pelo Master Duel Meta. Nesse sentido, como destacado anteriormente, o cenário competitivo se torna melhor e, futuramente, quando a Konami organizar campeonatos nesse formato, poderá ser um e-sport muito forte, como ocorre com os similares Magic: The Gathering Arena e Legends of Runeterra.

 

É hora do duelo!

Para aqueles que têm vontade de duelar, mesmo sem um deck, não é tão complicado. No TCG, os eventos Sneak Peeks, que ocorrem para a promoção de uma nova coleção de cartas nas Lojas de Torneios Oficiais (OTS), são ideais para isso e permitem ao jogador duelar sem um deck — basta apenas pagar a taxa de inscrição.

Já o Yu-Gi-Oh! Duel Links acaba sendo o mais acessível, por permitir que o jogador contenha as melhores cartas sem ter que gastar fortunas. Só será necessário uma dedicação de tempo para adquirir bastante gemas e ter sorte abrindo os pacotes. Para competir, basta esperar a Copa KC, que ocorre todo ano e qualquer pessoa pode participar. 

Por fim, no Master Duel, há facilidade em se montar decks, graças ao formato de “craft” de cartas. Ou seja, se faltar uma carta para fechar o deck, esse sistema permite que o jogador use chaves para criá-la, sem ter que gastar mais gemas para pegar uma carta nos pacotes do jogo.

Dito isso, é hora do duelo!

 

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