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‘Antropoceno: Notas Sobre a Vida na Terra’ e a não ficção de John Green

Em seu novo livro, o escritor estadunidense prende a atenção do leitor por meio de humor, melancolia e curiosidades

Provavelmente você já avaliou livros ou filmes em uma escala de cinco estrelas. Mas você já imaginou dar notas para cometas, bactérias e sussurros? Em Antropoceno: Notas Sobre a Vida na Terra (Intrínseca, 2021), novo livro de John Green, o autor avalia diversas características do Antropoceno — época geológica na qual os homens vivem. A obra traz desde críticas mais comuns, como a filmes ou séries, até críticas a animais, gramas ou a algum hábito humano. 

O livro, que é o primeiro de não ficção do escritor de best sellers como A Culpa é das Estrelas (Intrínseca,

John Green: imagem de rosto do autor — homem branco, de cabelos claros e curtos e óculos de aros escuros
Além de escritor, John Green é famoso por seus projetos multimídia, especialmente no Youtube, como o canal educacional Crash Course. [Imagem: Reprodução/Flickr]
2012) e Quem é você, Alasca? (Intrínseca, 2014), iniciou-se como um podcast, The Anthropocene Reviewed, e surgiu da vontade do autor de deixar de ser comparado a seus personagens. Para isso, ele coloca o seu “eu” nas críticas que compõem o livro.  

Mesmo nesse novo estilo, Green consegue trazer uma leitura fluída e pitadas de humor, características de seus romances. A fluidez da leitura é resultado de uma escrita de fácil compreensão e das temáticas tratadas em cada capítulo, que em sua maioria causam curiosidade. O leitor não imagina que gostaria de conhecer sobre a invenção do jogo Monopoly ou do ursinho de pelúcia até se deparar com essas histórias nas páginas do livro. Já o humor, em muitos casos, é consequência do objeto avaliado, mas, em outros, de situações inusitadas da vida do autor. 

O fato de o livro trazer um pouco da vida pessoal de John Green também gera identificação por parte do leitor. Muitos de seus costumes, medos e ansiedades fazem parte da nossa vida, por isso é difícil não se enxergar em pelo menos um desses aspectos e ficar feliz em lembrar que não estamos sozinhos. Essas situações pessoais ainda adicionam leveza ao livro, pois frequentemente dão a sensação de que o leitor está conversando com o autor.

 


“Faz dias que meu cérebro não me deixa concluir um pensamento,
interrompendo-o constantemente com preocupações.
Até minhas preocupações são interrompidas
por novas preocupações ou facetas de velhas preocupações
que eu não tinha considerado antes.”

John Green, Antropoceno: Notas Sobre a Vida na Terra

 


A maioria das avaliações, se não todas, causam reflexão sobre nosso mundo e nossa maneira de agir. Alguns trechos nos parecem óbvios, mas, ao lê-los, notamos que nunca paramos para pensar profundamente sobre o que é abordado. Apesar de todos os problemas da contemporaneidade, com essas reflexões percebemos que o universo e até mesmo os homens são fascinantes, o que dá certa esperança ao leitor.

Por vezes a especificidade do que é tratado nos capítulos ou o desconhecimento do leitor sobre o que é analisado pode causar um desinteresse temporário. O ensaio sobre a performance de um jogador de futebol do Liverpool em uma competição pode ser um desses momentos, por exemplo. Mesmo que alguns temas nos causem indiferença, não é nada que atrapalhe o ritmo geral da leitura. 

Talvez alguém se pergunte como John Green poderia falar sobre cometas ou doenças. Para evitar qualquer dúvida sobre a veracidade do que é escrito, ao final de cada ensaio há todas as referências usadas pelo autor. Outro detalhe da obra, que talvez passe despercebido pelo leitor, é que no colofão — última página do livro que faz indicações sobre impressão, tipografia e papel — Green dá uma nota para a fonte usada, literalmente encerrando o livro com uma nota de até cinco estrelas.

Antropoceno: Notas Sobre a Vida na Terra é um livro que percorre o humor e a melancolia, que nos faz querer conhecer e conversar com o autor. E, claro, nos deixa com vontade de sair por aí dando notas para as aleatoriedades do mundo. Começando por esse livro, que ganhou quatro estrelas. 

 

 

*Imagem de capa: Reprodução/Intrínseca

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