Jornalismo Júnior

logo da Jornalismo Júnior
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

‘Atypical’: quarta e última temporada

A série retrata novos começos para os personagens, mas representa o final de uma história especial para os fãs

A quarta temporada de Atypical estreou na Netflix no dia nove de julho e conta com dez episódios, com duração de 26 a 38 minutos — característica das temporadas anteriores — e continua a história de Sam (Keir Gilchrist), um jovem com traços de autismo.

Após conseguir uma namorada, Paige (Jenna Boyd), se formar na escola Ernest Shackleton e se preparar para o mundo universitário,  Sam dá mais um passo em busca de sua independência na última temporada — ele e seu melhor amigo Zahid (Nik Dodani) começam a morar juntos. 

Além deste, a série representa vários começos. Casey (Brigette Lundy-Paine) assume a seu pai, Doug (Michael Rapaport), que ela e Izzie (Fivel Stewart) agora são um casal e estão oficialmente namorando; Paige se torna gerente na empresa em que trabalha e finalmente se livra do uniforme cômico de batata que era obrigada a vestir, entre outros.

Sam no apartamento que divide com Zahid. Morar com seu melhor amigo se torna mais difícil do que ele imaginava. [Imagem:Reprodução/Atypical]
Sam no apartamento que divide com Zahid. Morar com seu melhor amigo se torna mais difícil do que ele imaginava. [Imagem:Reprodução/Netflix].
A quarta temporada passa a impressão de uma narrativa lenta e pouco movimentada se comparada com as anteriores. A cada episódio, diferentes aspectos são retratados e um novo problema é desenrolado, que ao final de cada parte é logo solucionado. Essa dinâmica acaba por deixar a trama pouco aprofundada e, com isso,  algumas temáticas que são rapidamente apresentadas parecem ser forçadas. 

A vida de Izzie e a relação com sua mãe na temporada ganham mais espaço na narrativa. A maneira narcisista de lidar com a filha quebra com a harmonia entre os personagens presente nos episódios. A representação da relação entre mãe e filha parece tentar justificar o comportamento da jovem, o que seria melhor desenvolvido se feito gradualmente nas temporadas anteriores.  

Além disso, apesar de mais maduro e com momentos felizes, o relacionamento entre Izzie e Casey passa por obstáculos demais. A interferência de Doug entre elas, por exemplo, é forçosa e desnecessária. A sensação de que as duas podem se desentender a cada instante torna o desenrolar das problemáticas cansativo e, por vezes, irritante de acompanhar o casal.  Ainda, a diferença entre as duas é sempre explicitada, seja nas relações familiares, seja pelo tratamento recebido por cada uma na escola.

Na parte final da série, como em outros momentos, Atypical retrata temáticas importantes e que buscam representar os telespectadores. Assuntos sérios são retratados de maneira leve e engraçada e, mesmo assim, são capazes de  suscitar reflexões aprofundadas. A tentativa de abolir o código de vestimentas do colégio Cleyton Prep, por exemplo, resulta em um protesto em prol da liberdade dos alunos de vestir o que os deixa confortáveis. O questionamento do que fazer depois da graduação, do que amamos e do que dominamos na vida é levantado.

Além disso, a pressão de estar sempre em bom desempenho na escola e de ter altas expectativas sobre si é vista em Casey, que acaba tendo que lidar com a ansiedade — enquanto busca entender a si mesma e a sua identidade — e precisa tomar decisões difíceis sobre seu futuro. A escolha feita por ela, no entanto, é impulsiva, mas é relevante por apontar a importância da saúde mental  independente do contexto.

Competição na Cleyton Prep em que Casey toma uma difícil decisão. [imagem: Reprodução/Netflix]
Competição na Cleyton Prep em que Casey toma uma difícil decisão. [imagem: Reprodução/Netflix].
Os episódios de Atypical contam com acontecimentos exagerados que por vezes fogem da realidade, personagens que extrapolam o comportamento de pessoas reais no cotidiano e conflitos que se resolvem facilmente. Essas características, longe de serem negativas, se encaixam perfeitamente na série e a tornam  atípica e marcante. 

A comicidade é explorada em todo momento, e torna temáticas sérias e emocionantes bonitas de assistir, seja com o comportamento de  Zahid, as ações de Paige, as falas irônicas de Casey, seja com as reações de Sam em meio às confusões da família Gardner. 

Atypical pode ser  vista como uma série superficial pela forma que os personagens percebem os seus erros facilmente e logo se entendem. Mas, se trata principalmente de uma história que traz esperança a quem assiste de uma maneira especial. A representação detalhada de Sam e seu comportamento em situações complicadas de acordo com a sua visão de mundo e a retratação de como ele, com a ajuda de seus familiares, lida com problemas não experienciados por pessoas fora do espectro, leva o telespectador a refletir sobre assuntos cotidianos e pessoais com momentos cômicos de fundo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima