Jornalismo Júnior

logo da Jornalismo Júnior
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Emocionalmente complexa, ‘On love’ é bom antídoto para a era do amor líquido

É sobre um tapete felpudo vermelho que se desenrolam as histórias de ‘On love’, que acabou de estrear no pequeno Teatro Cacilda Becker, na Lapa. A peça consiste numa série de monólogos curtos, paridos por três atores competentes, que contam histórias de amor aparentemente bastante ordinárias. Sob análise mais meticulosa, no entanto, elas se revelam …

Emocionalmente complexa, ‘On love’ é bom antídoto para a era do amor líquido Leia mais »

É sobre um tapete felpudo vermelho que se desenrolam as histórias de ‘On love’, que acabou de estrear no pequeno Teatro Cacilda Becker, na Lapa. A peça consiste numa série de monólogos curtos, paridos por três atores competentes, que contam histórias de amor aparentemente bastante ordinárias. Sob análise mais meticulosa, no entanto, elas se revelam emocionalmente complexas e muito instigantes.

As histórias foram tiradas de experiências reais vividas pelos atores da primeira montagem na peça, que ocorreu há quase vinte anos, na Inglaterra. O dramaturgo Mick Gordon entrevistou seu elenco e montou, a partir disso, uma colcha de retalhos narrativa muito vívida, multi texturizada e diversa, que convence logo de início devido à sua semelhança inerente com a vida real.

A versão brasileira, no caso, obteve a permissão de Gordon para acrescentar suas próprias tramas ao texto original, o que funciona bem. Os atores são bons contadores de histórias, e conseguem usar o corpo e a voz para extrair o máximo de cada palavra e construir uma atmosfera muito específica — inconstante, intensa, engraçada e triste ao mesmo tempo —, que remete à própria vida.

Os elementos cenográficos colaboram notavelmente para isso. Temos um bom uso estratégico de iluminação, percussão ao vivo (muito climática) e diversas maletas de madeira que, manuseadas pelos atores, são uma alegoria para as experiências que cada indivíduo carrega consigo; é uma metáfora óbvia, mas que não se mostra esgotada e tampouco medíocre. O público, vale notar, senta em cadeiras de plástico no próprio palco, o que consolida o tom introspectivo da peça. Sinal fortuito disso, aliás, é a transição na compreensão psicológica do espaço pela plateia: a sensação é que a peça começa intimista e termina íntima.

O maior trunfo de “On love”, talvez, seja se apropriar de maneira madura da autoficção — uma prática hoje onipresente nos objetos de arte e entretenimento, mas que, frequentemente, evoca à preguiça e a um potencial não cumprido. Na era do amor líquido, do Tinder e dos “contatinhos”, a peça traz uma dose necessária de otimismo à cena cultural paulistana. Será interessante observar os caminhos do desenvolvimento da peça ao longo de sua curta temporada.

ON LOVE
De 7 a 30 de julho. 6ª e sáb., 21h. Dom., 19h. R$ 20.
Teatro Cacilda Becker – R. Tito, 295 – Lapa, São Paulo – SP

Por Laura Castanho
laura.castanho.c@gmail.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima